domingo, setembro 11, 2011

O meu 11 de Setembro

A memória não esquece Salvador Allende
Todos os anos por esta altura somos bombardeados pelos média dominantes com imagens, reportagens, documentários, entrevistas e debates sobre os atentados terroristas ao World Trade Center de Nova Iorque. Este ano, talvez por passarem dez anos sobre os tristes acontecimentos, a propaganda tem sido por demais intensa, com o nítido objectivo de moldar a opinião pública mundial, um pretexto para justificar todas as guerras e agressões cometidas desde então pelo imperialismo norte-americano, sejam elas no Iraque, no Afeganistão ou na Líbia, superando em larguíssima escala as vítimas desse atentado.

Infelizmente, tais atrocidades não são apenas cometidas desde o 11 de Setembro de 2001. É impossível esquecer e não fazer questão de recordar o 11 de Setembro de 1973 em Santiago do Chile, quando numa acção planeada, dirigida e executada pelos EUA em conjunto com os militares fascistas de Pinochet, foram assassinados milhares de chilenos, entre os quais o presidente Salvador Allende, líder do primeiro governo progressista da América Latina e sufragado universalmente pelo povo chileno três anos antes, tudo isto numa época em que o continente sul-americano não passava do quintal dos fundos para o imperialismo norte-americano, que mandava e desmandava na região através de fantoches colocados estrategicamente e muitas das vezes através da força na liderança dos governos desses países. Também pela força abrupta terminou a primeira experiência socialista na América do Sul, à qual se sucederam dezassete terríveis e longos anos de uma sangrenta ditadura militar, com milhares de mortos e desaparecidos, numa indisfarçável cooperação e subserviência para com a potência do norte do continente. 

Por vezes sinto vergonha de fazer parte de uma geração que não conhece nem faz questão de conhecer o passado, o que a impossibilita de compreender verdadeiramente o presente e encarar devidamente o futuro. Uma geração formatada, sem qualquer ponta de espírito crítico que acolhe as doutrinas e os ensinamentos dos média dominantes como se fossem verdades supremas. Por tudo isto recordo as últimas palavras do legítimo presidente chileno transmitidas pela rádio "continuem a saber que mais cedo que tarde abrir-se-ão as grandes alamedas por onde passará o homem livre para construir uma sociedade melhor. Viva o Chile, viva o povo, vivam os trabalhadores." com a esperança que chegará o tal dia desejado por Allende, em que os jovens da minha geração e das seguintes saberão quem foi Salvador Allende, Pablo Neruda e Victor Jara e porque razão foram assassinados. Talvez assim compreendam melhor o 11 de Setembro de 2001 e a tragédia que foi a primeira década do século XXI para milhões de pessoas um pouco por todo o mundo.

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