domingo, dezembro 04, 2011

O revolucionário do futebol

Sócrates (1954 - 2011)
Médico com nome de filósofo. Craque da bola, capitão e uma das principais figuras de uma das melhores equipas de futebol jamais vista, a do Brasil no Mundial de 1982. Raro exemplo de futebolista politizado com posições revolucionárias, levou a Democracia ao seu clube, o Corinthians, antes mesmo que esta chegasse ao seu país. Uma grande referência que desaparece demasiado cedo. Até sempre, Dr. Sócrates.

A Democracia Corinthiana 

quinta-feira, novembro 24, 2011

Contas à Guterres

O inefável patrão da CIP, António Saraiva, quantificou ontem à noite na RTP os custos da Greve Geral ao país nuns estratosféricos 670 milhões de euros (sensivelmente o mesmo valor que se irão pagar só de comissões - fora os juros - aos agiotas da Troika). 
Depois de avançar com uns ridículos 3,6 % de adesão à paralisação na Função Pública, o Governo aumentou a parada para uns espectaculares 10,5 %. 
Ora, se o valor do PIB português em 2010 foi de 167,5 mil milhões de euros só posso concluir que estamos perante umas belas contas à Guterres.

segunda-feira, novembro 21, 2011

Ilusão desmontada

Resultados Finais das Eleições Legislativas em Espanha (El País)

Os media dominantes rejubilam: "Espanha vira à Direita", "Estrondosa maioria absoluta do PP" e "A Esquerda sofre a maior derrota de sempre" são algumas das tiradas utilizadas para iludir os menos informados. Vamos lá então desmontar as frases armadilhadas.

A Direita continua a governar em Espanha. Não existe qualquer mudança de fundo na linha de orientação que será seguida pelo novo executivo. Mais subserviência para com os mercados, mais austeridade e desemprego, mais conservadorismo e mais neoliberalismo. Apenas isso. Até os todo-poderosos mercados se fartarem do medíocre Rajoy e imporem um tecnocrata qualquer, como já fizeram na Grécia e em Itália. E a receita para o desastre continuará.

Tivesse Espanha um sistema eleitoral realmente proporcional e nunca o PP alcançaria maioria absoluta com cerca de 45 % dos votos. O incrível número de 52 círculos eleitorais beneficia largamente os dois partidos da alternância. A utilização do patusco método d'Hondt agrava ainda mais a disparidade existente entre o número de votos e o número de mandatos alcançados. Exemplo gritante: o PSOE e a IU. Com cerca de 1/4 dos votos relativamente aos socialistas, a coligação entre comunistas e várias forças progressistas consegue apenas 1/10 dos deputados.

Para além da vertiginosa subida da Izquierda Unida - passou de 2 para 11 mandatos - a esquerda independentista basca (AMAIUR), não obstante a feroz perseguição imposta pelo imperialismo castelhano, passou a ser a maior força política no País Basco e em Navarra, alcançando 7 deputados. Sem esquecer a esquerda republicana catalã (ESQUERRA), que mantém os 3 deputados no Congresso.

Pode-se concluir assim que os espanhóis saíram do caldeirão, mas caíram na fogueira. No entanto, o decréscimo acentuado da bipolarização (passou de 83 para 73 %) e o avanço significativo alcançado pela Esquerda são sinónimos de esperança e confiança para o futuro.

quarta-feira, novembro 16, 2011

O país está entregue aos bichos

Sou ouvinte assíduo da Antena 1 e da Antena 3 desde há pelo menos uma década quando cortei definitivamente com a tralha descartável vinda das emissoras afectas à Igreja Católica e à Media Capital. Música de consumo rápido e obsoleto, informação enviesada e distorcida, publicidade às carradas. Eis a definição de lixo radiofónico que suponho perpetuar-se nestas estações com a conivência do público mais distraído e iludido com o rótulo modernista e glamouroso que lhes é impingido. 

Escuto a Antena 1 e a Antena 3 regularmente porque lhes reconheço muito mérito na aplicação da definição de serviço público. Informação de qualidade e ampla divulgação da música portuguesa são duas das principais características das estações em questão. Por norma vario entre elas conforme a altura do dia: ao início da manhã e à noite, Antena 1; meio da manhã e tarde, Antena 3. Posto isto, habituei-me a ouvir Rui Estêvão na Antena 3 das 13h às 16h. Excelente programa pelo sinal. A mistura perfeita entre música moderna portuguesa, rock alternativo e tiradas quase sempre certeiras por parte do locutor, reveladoras de enorme sentido de humor e cultura da sua parte. 

Não estranhei por aí além a sua ausência da emissão nos últimos dias. Provavelmente estaria de férias, pensei. Seria o mais natural. Infelizmente, estava enganado. Soube há pouco desta petição da qual Rui Estêvão é o primeiro subscritor:


Não é preciso ser muito inteligente para concluir que a apresentação desta petição tenha originado o afastamento de Rui Estêvão da Antena 3. Desta vez foi Peixeiro, perdão Pacheco Pereira, também conhecido como a "loira do regime", o agente provocador, servindo-se do tempo de antena que lhe é dado pela estação do Balsemão para verborrear a seu belo prazer. Isto é, nem mais nem menos, do que o velho truque realizado em muitas das empresas outrora públicas: inicialmente, arruina-se, desprestigia-se, afunda-se; a seguir, hipocritamente, diz-se que, atendendo à situação alegadamente insustentável a que se chegou, não há outra solução se não privatizar. Já assisti muita vez a este filme. Rui Estêvão foi apenas a primeira vítima da caça às bruxas, leia-se funcionários da RTP/RDP/Lusa que ousarem protestar contra a bicharada que tomou de assalto os destinos do país.

terça-feira, novembro 15, 2011

A carta que nunca te escrevi

Deve estar a fazer 10 anos. Estava um dia frio e triste, tipicamente de Outono. Nada melhor para o alegrar do que oferecer-te um ramo de rosas vermelhas. 24. Nunca soube porque escolhi esse número, acho que foi o primeiro em que pensei. Pareceu-me bem. Redondo. Como eu era ingénuo e apaixonado. Pensei que iríamos viver felizes para sempre depois desse momento especial. Foi-o de facto, pelo menos por breves instantes. E certamente inesquecível.
Cheguei primeiro ao nosso sítio. O nosso banco, no nosso jardim. Tremia ligeiramente e não era apenas do frio. Estava nervoso. Mal podia esperar para que chegasses. E passado pouco tempo lá surgiste ao fundo. Não disfarcei o sobressalto, mas tentei esconder o ramo, colocado estrategicamente a meu lado para poder sentir a tua reacção o mais próximo possível quando te deparasses com a surpresa. A tal surpresa que anunciei desajeitadamente por mensagem e te fazia apressar o passo. Apesar da ansiedade que te recortava o rosto, trazias igualmente o sorriso pelo qual me enamorei. Trémulo, mas estava lá. E quando a surpresa deixou de o ser, a tua pálida face abriu-se num enorme e belo sorriso que me fez disparar a pulsação vertiginosamente. Por momentos julguei ter conseguido, mas a felicidade foi momentânea. O choro compulsivo que atravessou a perfeição revelou-me de imediato que seria impossível. Nunca acreditei no destino, mas nesse momento tive a terrível sensação que nada mais por nós havia a fazer. Estava escrito algures que os nossos caminhos se cruzavam apenas por algum tempo. Mais tarde ou mais cedo uma qualquer encruzilhada confirmaria o inevitável. Apesar disso não desisti. Lutei muito e durante muito tempo contra isso. Recusava-me terminantemente a aceitar. O silêncio corrói, sufoca e sinto que é altura de o desmascarar.
Tentei dar-te os parabéns pelo noivado. Não consegui. Tentei desejar-te as maiores felicidades pelo casamento, mas ainda foi pior a emenda que o soneto. Algo mais forte o impedia. Talvez a teimosia. A simples ideia de te perder para sempre era demasiado aterradora. E continuei na zona de conforto à qual chamo silêncio. Parece um paradoxo classificar o silêncio como corrosivo, sufocante e confortável ao mesmo tempo. No entanto, é apenas e somente caracterizado por possuir várias faces, distintas ou não entre si. Tal e qual como o teu sorriso extasiante ao qual se adicionaram lágrimas. Lágrimas de impotência, presumo. Continuo a acreditar e a sentir que assim seriam. E só quando percebi o funcionamento do silêncio concluí que já te tinha perdido há muito tempo. 10 anos para ser exacto. Naquela tarde fria de Outono, naquele banco de jardim.

domingo, novembro 13, 2011

Raptaram a Democracia


Primeiro, a implosão do Socialismo a Leste. Depois e de forma contínua, a submissão da Social-Democracia Ocidental ao Neoliberalismo até se chegar ao estado a que isto chegou. Deixaram o Capitalismo à solta e agora admiram-se que, nem Democracia Burguesa, muito menos Democracia Popular. A Europa está refém da Ditadura Financeira. É a hora dos tecnocratas assumirem o poder na Grécia e em Itália sem a legitimidade do voto popular. Basta-lhes o aval do eixo Merkozy-Mercados. O centro-esquerda capitula incondicionalmente e junta-se sem hesitação à direita conservadora e liberal na aplicação cega das medidas de austeridade que só irão provocar mais recessão e miséria. Este é o momento das esquerdas deixarem as fracticidas disputas ideológicas e promoverem a Unidade, na Rua e, posteriormente, nas Urnas.

quinta-feira, outubro 27, 2011

Hoje

Há muito que deixei de ter paciência para assistir aos telejornais de hora e meia das televisões generalistas. Para além da incessante lavagem cerebral com as teorias das inevitabilidades e do empobrecimento não tenho a mínima pachorra para assistir a reportagens da treta que servem única e exclusivamente para encher chouriços

Posto isto, costumo assistir diariamente ao Hoje às 22h na RTP2, acima de tudo pelo poder de síntese com que são veiculadas as principais imagens do dia, porque o conteúdo é basicamente o mesmo de sempre. Meia-hora é tempo mais do que suficiente para me poder considerar minimamente actualizado. No entanto, tenho que confessar o tremendo esforço de tolerância que faço nas noites em que o programa é apresentado pela execrável Sandra Felgueiras. Sim, essa mesmo, a jornalista responsável pelas reportagens mais parciais, descabidas e a roçaram a xenofobia transmitidas, desde que me lembre, pelo canal público de televisão. Refiro-me naturalmente às peças realizadas sobre as manifestações na Grécia no passado mês de Julho em que esta jornalista classifica o nível de vida grego três vezes superior ao português com base (pasme-se!) no preço de um quilo de arroz, em que afirma convictamente que o preço dos combustíveis na Grécia eram os mais elevados da Europa (quando afinal se situavam em quarto lugar) e, entre outros, na acusação vil e indiscriminada de corrupção e corporativismo a todos os funcionários públicos, tudo isto baseado em rumores e boatos, que me sugerem de imediato um profundo ódio social. Para os especuladores financeiros nem uma palavra. O código deontológico desta jornalista há muito que deve estar no lixo ou, quando muito, esquecido dentro de algum saco azul...

A notícia do dia foi, naturalmente, a acusação de homicídio a Duarte Lima. Em estúdio o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, para explicar à jornalista Sandra Felgueiras os contornos de uma possível extradição do antigo líder parlamentar do PSD para o Brasil. Peremptório, o advogado explicou de forma bastante clara e concisa que não existe acordo de extradição entre os dois países. Não satisfeita, a jornalista, retorquiu, questionando sobre a hipotética existência de alguma situação específica de possível extradição. Marinho Pinto não se deteve e contrapôs com o exemplo do Padre Frederico. E eu que, durante breves momentos, cheguei a pensar que da boca do desconcertante advogado iria sair algo como: "Olhe, repare-se no exemplo da senhora sua mãe. Também fugiu para o Brasil e não foi extraditada porque tem nacionalidade brasileira.

Com tudo isto lembrei-me de outro episódio ocorrido com esta jornalista e neste mesmo programa. Estamos em Janeiro deste ano, nas vésperas das Eleições Presidenciais e, desta vez, eram dois os convidados, João Soares e um antigo eurodeputado do PSD que, sinceramente, não me recordo do nome e, valha a verdade, nenhuma influência tem para o decurso desta história. A jornalista saúda os políticos e começa por perguntar ao antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa a opinião sobre a postura do seu pai que não apoia Manuel Alegre, candidato oficial do PS. João Soares não sente o toque  e responde calmamente que apoia Alegre de forma convicta, nada tendo a ver com a decisão do seu pai e está ali apenas para responder por si. Pouco contente com a resposta, a jornalista, adorna a questão, acabando no essencial por a repetir. Agora, João Soares não disfarça o incómodo e responde algo como isto: "Se quer saber a opinião do meu pai sobre o facto de não apoiar Manuel Alegre vai ter que o convidar e perguntar-lhe directamente! Eu estou aqui para falar por mim!"

Serei só eu que embirro particularmente com esta jornalista ou a mediocridade e a desfaçatez são mesmo a sua imagem de marca?

quinta-feira, outubro 20, 2011

Contra o sectarismo e a ignorância

Este post é dedicado em especial a todos os sectários e ignorantes que grunhem à boca cheia que a Esquerda é apenas do contra e que não apresenta alternativas. Aqui fica a resposta concreta e factual, com dados publicado na edição de hoje do jornal i sobre as iniciativas parlamentares nos primeiros quatros meses desta legislatura.


Fazendo rapidamente as contas, chego à conclusão que, em média, cada deputado do BE apresentou quase 10 projectos, enquanto que os do PEV e do PCP apresentaram cerca de 5. No lado dos partidos da troika a pobreza é franciscana: CDS 0,75 - PS 0,27 - PSD 0,16. É fácil concluir quem está na Assembleia da República a trabalhar e quem se limita a levantar e baixar o braço.

segunda-feira, setembro 26, 2011

O iluminado

A promessa eleitoral em 2005
Há dias vi na RTP o comentador de tudo e especialista de nada Moita Flores criticar de forma veemente o buraco da Madeira. Acredito que tem telhados de vidro não deve mandar pedras, logo um tipo que, após 6 anos como presidente (nas horas vagas...) da Câmara Municipal de Santarém, consegue fazer disparar a dívida da autarquia de 50 milhões de euros para cerca de 84 M € devia estar bem caladinho no seu canto, para ver se ninguém se lembrava da sua existência. 

Obra? Nem vê-la, mas têm sido inúmeras as touradas organizadas pela autarquia com a entrada simbólica de 1 €uro, sem esquecer as comemorações oficiais do Dia de Portugal em 2009 ou a recente Gala das 7 Maravilhas da Gastronomia. Naturalmente, o iluminado Moita Flores já anunciou que não se irá recandidatar, devendo continuar a sua brilhante carreira de comentador e escritor de obras notáveis. Quanto à dívida de Santarém é simples, quem vier a seguir que pague!

quinta-feira, setembro 22, 2011

"It's the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)"

Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills já não caminham juntos
Bolas! O título deste post é enganador! De facto, não fiquei nada bem com o anúncio do fim dos R.E.M.! Cresci musicalmente na década de 90 ao som de Out of Time, Monster, Up e, em especial, Automatic for the People, um dos álbuns mais brilhantes que já ouvi. Para além do incontornável Everybody Hurts, contém músicas tão incríveis como Man on the Moon, The Sidewinder Sleeps Tonite, Find the River, Nightswimming e Drive, este último single de avanço e que foi também o primeiro tema que conheci dos R.E.M., merecedor de destaque em vídeo no final deste post.

Não há muito tempo confidenciava a alguém que os R.E.M. eram uma das poucas bandas de eleição que ainda não tinha tido a oportunidade de assistir a um concerto ao vivo, mas mantinha essa esperança. Até ontem... Fica o legado de 31 anos de carreira e 15 álbuns de estúdio. Para quem aprecia boa música e, em particular, rock alternativo fica o conselho: não se fiquem pelo Losing My Religion e pelo Everybody Hurts que passam incessantemente nas rádios comerciais como se fossem os únicos temas dignos de registo desta magnífica banda. Partam à descoberta deste fantástico legado. Tal como em todas as áreas não consumam sem pestanejar apenas aquilo que os media dominantes lhes impõem.

R.E.M. - Drive

domingo, setembro 11, 2011

O meu 11 de Setembro

A memória não esquece Salvador Allende
Todos os anos por esta altura somos bombardeados pelos média dominantes com imagens, reportagens, documentários, entrevistas e debates sobre os atentados terroristas ao World Trade Center de Nova Iorque. Este ano, talvez por passarem dez anos sobre os tristes acontecimentos, a propaganda tem sido por demais intensa, com o nítido objectivo de moldar a opinião pública mundial, um pretexto para justificar todas as guerras e agressões cometidas desde então pelo imperialismo norte-americano, sejam elas no Iraque, no Afeganistão ou na Líbia, superando em larguíssima escala as vítimas desse atentado.

Infelizmente, tais atrocidades não são apenas cometidas desde o 11 de Setembro de 2001. É impossível esquecer e não fazer questão de recordar o 11 de Setembro de 1973 em Santiago do Chile, quando numa acção planeada, dirigida e executada pelos EUA em conjunto com os militares fascistas de Pinochet, foram assassinados milhares de chilenos, entre os quais o presidente Salvador Allende, líder do primeiro governo progressista da América Latina e sufragado universalmente pelo povo chileno três anos antes, tudo isto numa época em que o continente sul-americano não passava do quintal dos fundos para o imperialismo norte-americano, que mandava e desmandava na região através de fantoches colocados estrategicamente e muitas das vezes através da força na liderança dos governos desses países. Também pela força abrupta terminou a primeira experiência socialista na América do Sul, à qual se sucederam dezassete terríveis e longos anos de uma sangrenta ditadura militar, com milhares de mortos e desaparecidos, numa indisfarçável cooperação e subserviência para com a potência do norte do continente. 

Por vezes sinto vergonha de fazer parte de uma geração que não conhece nem faz questão de conhecer o passado, o que a impossibilita de compreender verdadeiramente o presente e encarar devidamente o futuro. Uma geração formatada, sem qualquer ponta de espírito crítico que acolhe as doutrinas e os ensinamentos dos média dominantes como se fossem verdades supremas. Por tudo isto recordo as últimas palavras do legítimo presidente chileno transmitidas pela rádio "continuem a saber que mais cedo que tarde abrir-se-ão as grandes alamedas por onde passará o homem livre para construir uma sociedade melhor. Viva o Chile, viva o povo, vivam os trabalhadores." com a esperança que chegará o tal dia desejado por Allende, em que os jovens da minha geração e das seguintes saberão quem foi Salvador Allende, Pablo Neruda e Victor Jara e porque razão foram assassinados. Talvez assim compreendam melhor o 11 de Setembro de 2001 e a tragédia que foi a primeira década do século XXI para milhões de pessoas um pouco por todo o mundo.

segunda-feira, setembro 05, 2011

Foi bonita a Festa, pá!

Espaço Central da Festa

XVIII Bienal de Artes Plásticas

Festa repleta de efemérides. A Festa celebrou a 35ª edição, enquanto que o jornal que dá nome à Festa completou 80 anos de publicação. O Partido festejou os 90 anos de vida, tendo-se assinalado ainda os 140 anos da Comuna de Paris,

o primeiro governo operário da história e

o centésimo aniversário dos escritores Manuel da Fonseca e Alves Redol.

O símbolo da aliança operário-camponesa

Homenagem a Malangatana, artista plástico moçambicano, falecido no passado mês de Janeiro

Em 1999 Malangatana ofereceu este gigantesco painel ao Partido. Doze anos depois voltou a estar exposto na Festa.

Todas as organizações regionais do Partido estiveram presentes na Festa, entre as quais Lisboa,

Setúbal,

Alentejo,

Porto,

Viana do Castelo (solidariedade para com os trabalhadores dos estaleiros navais) e

Beira Interior, onde encontrei malta da Covilhã.

"Socialismo 25 de Abril", o eléctrico da Festa

Debate sobre a Constituição da República com Odete Santos (antiga deputada), Jorge Cordeiro (Comissão Política do PCP), António Filipe (vice-presidente da Assembleia da República) e Bernardino Soares (líder parlamentar do PCP)

No Espaço Internacional da Festa estiveram presentes 47 partidos comunistas e progressistas um pouco de todo o mundo, entre os quais

o PC de Cuba,

o PC do Chile, onde para além das naturais referências ao presidente Salvador Allende se destaca a saudosa Gladys Marin,

Frente Popular de Libertação da Palestina, por uma Palestina livre e independente,

Partido dos Trabalhadores do Brasil

PC do Brasil

PC's de Itália (Rifondazione Comunista e Partito dei Comunisti Italiani),

PAICV de Cabo Verde, sempre com Amílcar Cabral em destaque, e

o PC da Alemanha.

Baía do Seixal

Pára-quedismo na Festa

Virgem Suta rebentaram com o Auditório 1º de Maio

A bonita e talentosa Mayra Andrade deslumbrou no Palco 25 de Abril

Praça 25 de Abril

Camarada Débora Santos da JCP

Camarada Jerónimo

Camarada Rafael

Concentradíssimo no Comício. Até pró ano, camaradas!

quarta-feira, agosto 31, 2011

os vampiros



abram alas, deixem passar
vem aí o infame neoliberal
mundos e fundos ao povo urge cortar
em submissão ao patrão neandertal

proletário amorim, pobre coitado
(e eu sou o pai natal)
com belmiro, ulrich e salgado
quem precisa de eixo do mal

desempregados, assalariados,
recibos verdes e afins
contentemo-nos com trocados
enquanto mamam ouro e marfins

mercados, invariavelmente nervosos
agências de rating, distorcem e aldrabam
são os vampiros, sequiosos
sempre a ver se nos encavam


José Afonso "os vampiros"
29 de Janeiro de 1983, ao vivo no Coliseu

sábado, agosto 20, 2011

À beira do sonho. Quem diria?

Nuno Reis, capitão e líder da selecção nacional sub-20
Verdadeiramente impressionante a maturidade táctica da jovem equipa portuguesa, acrescida de um espírito de combate absolutamente notáveis! Não é normal ver-se uma formação dos escalões de formação abdicar da irreverência própria da idade em detrimento de um sentido defensivo e colectivo dignos dos maiores elogios. Chegar à final de uma competição mundial após disputar 6 jogos (mais um prolongamento) sem sofrer qualquer golo deve ser caso inédito.


Como acérrimo defensor do futebol de formação comecei a acompanhar o Mundial de sub-20 mais por descargo de consciência do que com esperanças de um bom desempenho por parte da selecção nacional. A medíocre participação no recente Torneio de Toulon não parecia augurar grande futuro na prova, mas depois de não ter conseguido assistir ao nulo na estreia com o Uruguai, socorri-me do site oficial da FIFA para assistir aos restantes desafios da primeira fase, Camarões e Nova Zelândia, vitórias com golos solitários e actuações bastante seguras.


A passagem à segunda fase garantiu a transmissão do jogo com a frágil Guatemala por parte da RTP. Lamentável a atitude da televisão pública, que antes de ser privatizada, parece que já o é... O magro 1-0 e exibição sofrível pareciam condenar os jovens lusos relativamente ao poderoso rival seguinte, a Argentina, seis vezes campeã mundial. Assistiu-se a uma verdadeira batalha táctica, apenas decidida nas grandes penalidades, onde o travessão e duas grandes paradas de Mika garantiram a passagem à semi-final.


Contra a França, Portugal manteve a postura, a coragem e a enorme cultura táctica de toda a competição. Longe de apresentar um futebol deslumbrante, com incomparavelmente mais transpiração do que inspiração, abriam-se as portas da final. O adversário é o sempre fortíssimo Brasil, distante da histórica exuberância técnica, cada vez mais europeizado nos seus padrões de jogo. Para quem quiser conhecer em detalhe o oponente de mais logo é só clicar aqui e ler o magnífico texto do amigo Michel Costa


O futebol é um desporto colectivo e como tal deve-se sempre destacar a qualidade conjunta de uma equipa e não a soma das suas individualidades. A selecção portuguesa de sub-20 é um paradigma disto mesmo, vale como um todo, embora me pareça justíssimo realçar os desempenhos de alguns dos seus jogadores. Ao contrário de há 20 anos não existem Figos, Peixes, Rui Costas ou João Pintos, mas pontificam jovens talentosos e abnegados com bastante potencial.


É no mínimo estranho que o Sporting tenha passado grande parte do mercado de transferências em busca de centrais quando tem nas suas fileiras um defesa da categoria de Nuno Reis, novamente emprestado ao modesto Cercle Brugge. Não me recordo de ver o capitão perder um único lance durante a competição. Sóbrio, concentrado e eficaz, tem sido a grande referência defensiva da equipa, bem acompanhado pelo competente lateral-direito Cedric e pelo seguríssimo guardião Mika. O ponta-de-lança Nélson Oliveira joga praticamente sozinho no ataque o que não o impede de ser um verdadeiro quebra-cabeças para as defensivas contrárias. Fortíssimo em todos os aspectos da posição 9 tem potencial para ser a breve prazo o avançado-centro da selecção principal. O pequenino extremo/avançado Caetano tem dado nas vistas com os seus dribles e mudanças de velocidade. As semelhanças físicas com João Pinto dão de imediato azo a comparações futebolísticas. E o que dizer da extraordinária capacidade física, táctica e organizativa dos médios defensivos Danilo e Pelé? Passa essencialmente por eles grande parte do equilíbrio da equipa. 


Não poderão ser catalogados como desilusões, mas esperava melhores desempenhos por parte dos médios organizadores Sérgio Oliveira e Júlio Alves, visto que a grande lacuna da formação portuguesa reside na falta de eficácia das transições defesa-ataque, obrigando à prática de um futebol directo e/ou de contra-ataque puro e duro.


Com o futebol português refém das jogadas de bastidores de obscuros empresários responsáveis directamente pela importação industrial de jogadores estrangeiros, com a falta de aposta dos principais clubes no jovem jogador nacional e com uma direcção da FPF inexistente é um verdadeiro milagre esta selecção estar na final do Mundial. Parabéns aos jovens jogadores e, em especial, ao treinador Ilídio Vale que, não só soube resistir a todas as críticas (a maior parte delas injusta), como conseguiu colocar miúdos de 19 e 20 anos a defenderem como os mais ilustres intérpretes do catenaccio

quinta-feira, julho 07, 2011

Lixo?



Por qualquer lado onde navegue na net só encontro furiosos anti-Moody's e agências de rating. Onde é que andava esta malta quando a comunicação social, fiel evangelizadora do Deus-Mercado Liberal, fazia passar a seguinte mensagem "as agências de rating tiveram aqueles percalços do Lehman Brothers e da Islândia, mas agora estão a trabalhar como deve ser". 

Afinal, os malandros das agências de rating estão a dar cabo disto, movidos por obscuros interesses que visam proteger o dólar. Pasme-se! Que descoberta! Mas é que, valha-nos o Deus do Capital, é isso que a Esquerda anda a repetir incessantemente há mais de um ano; é isso que um economista respeitado como Paul Krugman diz desde essa altura; foi por isso que, em Abril passado, um grupo de economistas portugueses entregou ao Procurador-Geral da República uma queixa contra as agências de rating, com vista à abertura de um inquérito pelo crime de manipulação do mercado. 

Foi preciso um "murro no estômago" para acordarem?

segunda-feira, junho 06, 2011

Pequenas vitórias

Apesar das indisfarçáveis tentativas de silenciamento, ostracização e até de sabotagem a CDU conseguiu subir  em percentagem e no número de mandatos
i) CDS não tem mais votos nem mais deputados que PCP, PEV e BE juntos;
O execrável Portas passou grande parte da campanha a afirmar que as eleições seriam disputadas a três, rematada pela ambição de ter mais votos e mais deputados que toda a Esquerda, numa das suas enésimas incongruências. Contados os votos, CDU e BE juntos, alcançaram mais cerca de 77 mil votos que o CDS, enquanto que o número de deputados é exactamente o mesmo: 24.

ii) PCP, PEV e BE somam 24 deputados, mais 1 que o mínimo necessário para enviar directamente para apreciação do Tribunal Constitucional projectos que considerem estar nas franjas da lei nacional;
O Parlamento - por onde as medidas das troikas terão de passar - será um dos focos de resistência e convergência das forças de Esquerda, nomeadamente através da premissa dos dez por cento de deputados, isto é, 23.

iii) António Filipe reeleito pelo círculo eleitoral de Santarém;
Os partidos não ganham eleições. O povo ganha representantes. É nisto que acredito e é por isso que eu voto. Sendo assim saúdo efusivamente o deputado António Filipe pela sua reeleição, plenamente convicto que me irá continuar a representar condignamente na Assembleia da República e a lutar em prol da melhoria das condições de vida das populações do distrito tal como o fez na anterior legislatura.

iv) 20 anos depois o PCP volta a eleger um deputado no círculo eleitoral de Faro;
O asqueroso MST afirmou, durante a noite eleitoral de ontem, que a CDU tinha efectivamente elegido mais um deputado, mas na secretaria, ou seja, graças ao alargamento eleitoral ocorrido em Faro. Nada mais falso. Sim, é certo que Faro passou a eleger nove deputados, mais um relativamente a 2009, mas também é fácil visualizar os resultados no distrito algarvio e constatar que o último deputado eleito é o do BE. Nem sequer é preciso recorrer ao método d' Hondt para chegar a esta conclusão, mas também não se pode pedir muito mais a um individuo que ganha a vida a plagiar livros e a verborrear sobre tudo e todos.

v) A LUTA CONTINUA.

quinta-feira, abril 07, 2011

Desequilíbrio estranho

Caso único. O duelo inglês promete muita emoção em Old Trafford
A primeira mão dos quartos-de-final da Champions e da Liga Europa foi, no mínimo, surpreendente. Exceptuando a hecatombe do Inter em pleno San Siro, os vencedores das partidas foram os esperados, mas dificilmente se poderiam prever resultados tão desnivelados. Seis goleadas em oito jogos numa fase tão adiantada das competições é quase surreal e pouco visto nas últimas décadas do futebol europeu. 

Normalmente, a primeira mão de uma eliminatória europeia já próxima da final é caracterizada pela grande predisposição táctica, por amarras defensivas e pelos poucos golos. Esta situação só se verificou no duelo inglês entre Chelsea e Man Utd, e em Kiev, onde Dínamo e Sp. Braga lograram obter o único empate da rodada. Ao nível desportivo serão os confrontos a seguir com interesse na segunda mão, visto que as restantes disputas estarão praticamente decisivas, adivinhando-se um mero cumprir de calendário.

Os colossos espanhóis, Barcelona e Real Madrid, confirmaram o amplo favoritismo que lhes era reconhecido e cresce a expectativa para os confrontos que se avizinham em várias frentes, nomeadamente na final da Taça do Rei e na meia-final da Champions. FC Porto, Benfica e Villarreal assumiam-se como os principais candidatos à conquista da Liga Europa, mas não se esperavam tamanhas facilidades nesta fase da prova. A goleada mais surpreendente foi alcançada pelo Schalke 04 no terreno do (ainda) campeão europeu. A loucura táctica e desastre defensivo da formação de Leonardo são quase inexplicáveis para quem herdou na íntegra a squadra quase perfeita na arte de bem defender, sem esquecer que o emblema alemão - longe de ser uma equipa de top - realiza uma temporada perfeitamente modesta na Bundesliga.

Concluindo, foi uma jornada atípica, com 37 golos obtidos, o que dá a incrível média de 4,63 golos por jogo. Estarão os favoritos cada vez mais fortes ou terá sido apenas uma mera conjugação de circunstâncias? A resposta não é fácil, talvez na mesma fase da edição do próximo ano possamos esclarecer as dúvidas, visto que, não acredito que nas meias-finais situação idêntica possa vir a repetir-se.

sexta-feira, março 25, 2011

3 notas sobre a (des)organização estatutária do Sporting

Na véspera das eleições mais importantes da história do clube apresento uma tripla reflexão, fundamentada numa breve leitura e análise crítica aos estatutos do emblema verde e branco. 

1. Em pleno século XXI, no auge do desenvolvimento tecnológico e informático, parece-me simplesmente ridículo que um sócio apenas possa exercer o seu direito de voto no estádio de Alvalade em Lisboa. Onde estão os direitos do sócio de Freixo de Espada à Cinta ou de Vila Real de Santo António? Sendo o Sporting um clube com implantação nacional porque não se pode votar nos núcleos sportinguistas espalhados por todo o país e um pouco por esse mundo fora?

2. Com a concorrência de 5 candidaturas à direcção do clube é perfeitamente possível que o novo presidente do Sporting possa vir a ser eleito com apenas 25 ou 30% dos votos expressos. Terá legitimidade para comandar os destinos do clube? Com certeza que sim, mas parece-me que, nestes casos, uma segunda volta entre os dois candidatos mais votados seria uma solução mais consentânea com a legitimidade democrática aplicada ao universo eleitoral em questão.

3. Sou a favor da regra 1 sócio = 1 voto. Parece-me que a atribuição de diferentes pesos eleitorais consoante o número de anos de sócio é uma medida elitista e conservadora, desprovida de qualquer vínculo democrático. Não se pode exigir que um tipo com 20 anos de idade tenha os mesmos anos de sócio que um com 80 anos. Naturalmente, esta medida coloca nas mãos do eleitorado mais velho e, por consequência, mais conservador, avesso a grandes mudanças, o peso maioritário da decisão eleitoral do clube.