quinta-feira, dezembro 31, 2009

Vivam os 80's (Parte V)


Nada melhor que terminar o ano ao som de um dos grandes clássicos da década de 80:



The Cure "Just Like Heaven"

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Frases do ano 2009 (especial Berlusconi)


"
Nunca paguei por uma mulher."

"É uma campanha mórbida."

"As fotos são inocentes. Porque razão estariam as raparigas vestidas se estavam a apanhar Sol?"


"Pedi para que encarassem a situação de desalojados como um fim-de-semana no parque de campismo."

Diante dos escombros de uma igreja em L'Aquila, Berlusconi encosta a mão nas costas de Lia Giovanazzi Beltrami, de 41 anos e atira: "Posso apalpar um pouco a senhora?"


"Trago saudações de um homem, qual é o nome dele… Só um minuto… É alguém bronzeado… Barack Obama. Vocês podem não acreditar mas eles devem ir à praia juntos, porque a mulher também está bronzeada."

"Obama é bonito, jovem e bronzeado."


"Creio que sou de longe, o melhor presidente do Conselho dos últimos 150 anos em Itália."

"Há uma minoria de magistrados ‘vermelhos’ que usam a Justiça como instrumento de luta política. 72 por cento da imprensa é de esquerda.” - após perder a imunidade judicial.

Discurso para modelos, actrizes e apresentadoras de TV: "Quero caras novas, para renovar a imagem do PDL na Itália e na Europa."

"Nunca cometi gafes! Tudo isso é apenas invenção da imprensa."

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Feliz Natal


O Doce Ilusão deseja a todos os leitores e amigos um Feliz Natal.
Este ano, o tema natalício é escolha pessoal da minha mãe (fã número 1 de Michael Jackson), um tema já quase com 20 anos, mas que permanece cada vez mais actual, tal é o periclitante estado do mundo...



Michael Jackson "Heal the World"

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Prémio Puskas para Cristiano Ronaldo


O melhor golo de 2009 é de Cristiano Ronaldo! Tal como havia previsto no passado mês de Abril, aquele pontapé fulminante e decisivo obtido em pleno estádio do Dragão foi premiado pela FIFA como o melhor do ano.



Sem surpresa, Messi juntou o FIFA World Player à Bola de Ouro, em consequência de um ano perfeito, com a conquista de todos os títulos em disputa por parte do Barcelona. Cristiano Ronaldo e Xavi classificaram-se imediatamente a seguir.

sábado, dezembro 19, 2009

Frases do ano 2009


"
Foi muito divertido. Nem queria vir embora, Guantánamo é um local tão relaxante, tão calmo e tão lindo." - Dayana Mendoza, Miss Universo 2008.

"Eu cá gosto é de malhar na direita e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam de facto à direita do PS, são das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheço e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique. Refiro-me obviamente ao PCP e ao BE!" - Santos Silva, ministro dos assuntos parlamentares.

"Vocês já viram o telejornal da TVI à sexta-feira? Aquilo não é um telejornal, é uma caça ao homem!" - José Sócrates, primeiro-ministro.

"Lembro-me bastante bem de me ajoelhar junto da cama, quando tinha nove anos, a rezar e a pedir a Deus para me dar mamas tão grandes que quando me deitasse de costas nem sequer conseguisse ver os pés." - Katy Perry, cantora.

"É uma equipa com jogadores com grande porte atlético, muito concentrados, disciplinados e tacticamente bons. Não estão no mesmo patamar da Dinamarca, mas têm perfil e capacidades similares." - Carlos Queiroz, seleccionador de Portugal, sobre a equipa do Liechtenstein.

"Não peçam aos comunistas para destruir o capitalismo; os banqueiros dão cabo dele muito mais depressa." - Rui Tavares, eurodeputado do BE.

"Em relação aos ricos há apenas um sentimento que tenho e que é: tenho pena de não o ser." - Manuela Ferreira Leite, presidente do PSD.

"Porte-se com juizinho e ouça-me!" - José Sócrates, para Paulo Portas, presidente do CDS-PP, em aceso debate parlamentar.

"Nunca tinha visto um palhaço permanente numa comissão parlamentar mas acho que o devem ter eleito exactamente para isso, para nos animar." - Maria José Nogueira Pinto, deputada do PSD, insultando Ricardo Gonçalves, deputado do PS.

"Saía todas as noites e bebia o que aparecesse: vinho, whisky, vodka, cerveja, muita cerveja. Apresentava-me todos os dias bêbedo no Inter. Não dormia com medo de me atrasar, mas depois chegava em condições impróprias, e mandavam-me ir dormir para a enfermaria, enquanto aos jornalistas diziam que tinha tido um problema muscular qualquer." - Adriano, jogador do Flamengo e da selecção brasileira.

"Do ponto de vista simbólico, o mundo eleger um torneiro mecânico pela segunda vez no Brasil, um índio na Bolívia, um negro nos Estados Unidos e um bispo no Paraguai é bastante relevante." - Lula da Silva, presidente do Brasil.

"Um vintém é um vintém, um cretino é um cretino e será sempre um cretino. Por muito que o pintem de várias cores, que encha jornais, será sempre assim." - Manuel Machado, treinador do Nacional da Madeira, referindo-se a Jorge Jesus, treinador do Benfica.

"Rosa Parks sentou-se para que Martin Luther King pudesse andar. Martin Luther andou para que Obama pudesse correr. Obama está a correr para que nós possamos voar." - Jay-Z, rapper negro.

"Vá embora, pobre imbecil!" - Nicolas Sarkozy, presidente de França, insultando um idoso que o recusou cumprimentar.

"O único golo importante que ele marcou de cabeça, foi com a mão." - Pelé, referindo-se a Maradona e ao célebre golo com a 'mão de Deus'.

"Se eu não tivesse feito as coisas que fiz na vida, nomeadamente o uso de drogas, Pelé não chegava nem em segundo. Quando jogava, ele ia para a cama às 21h para acordar cedo e treinar. Eu, não! Eu ia para os treinos ressacado e jogava bem mesmo assim." - Diego Maradona, seleccionador da Argentina.

"A fé ajudou-me a superar o alcoolismo." - George W. Bush, antigo presidente dos EUA.

"Daqui a dez anos, talvez não haja um português dentro da Selecção, caso se continue com esta política." - Paulo Futre, antigo internacional português.

"Se o clima fosse um banco, um banco capitalista, um daqueles grandes, eles já o teriam salvo." - Hugo Chávez, presidente da Venezuela, discursando na cimeira de Copenhaga.

Ver frases do ano de 2008 e 2007.

Sem comentários...








quinta-feira, dezembro 17, 2009

A verdade inconveniente


"Se o clima fosse um banco, um banco capitalista, um daqueles grandes, eles já o teriam salvo.
Um espectro assombra as ruas de Copenhaga, é o espectro do capitalismo que devasta o planeta."

Hugo Chávez, presidente da Venezuela

Ideia interessante para o futuro


"E aí, João. Quando você acabar o mestrado já pode abrir uma confeitaria, fazer bolinhos de chocolate..." - prof. Luiz Oliveira

terça-feira, dezembro 15, 2009

"Bigodes há muitos seu palerma!"


Depois de ganhar mais de 800 mil euros durante a fase de qualificação para o Mundial'2010 bem pode o irritante seleccionador gaulês mandar o imponente bigode dos tempos de jogador às malvas!



domingo, dezembro 13, 2009

Quando o 'argento' passa a ouro


Femina é o álbum em que o Legendary Tiger Man abandona as viagens solitárias e recorre ao universo feminino que, de forma ora discreta ora explícita, o acompanham desde o disco de estreia. Asia Argento, Maria de Medeiros, Peaches, Becky Lee, Rita Redshoes, Cais Sodré Cabaret, Lisa Kekaula, Cláudia Efe, Phoebe Killdeer, Cibelle e Mafalda Nascimento acompanham em dueto Paulo Furtado, ou seja, o próprio tigerman.

No single de avanço, Life Ain't Enough For You, fica evidente uma cumplicidade arrebatadora entre o Legendary Tiger Man e a diva italiana Asia Argento (actriz, realizadora e fotógrafa). É caso para dizer que o argento (prata em italiano) passa a ouro.



"Life Ain't Enough For You"
Legendary Tiger Man & Asia Argento

sábado, dezembro 12, 2009

Contigo Levo a Utopia da Imensidão Amor (Parte II)


Hoje, olho para trás
e amaldiçoo o momento
em que fui incapaz
de lutar contra o arrependimento

Sempre comigo, junto ao peito
envolto no meu coração
o símbolo, nunca desfeito
da minha eterna paixão

Pergunto-me como seria
se a crueldade do destino
não me tivesse usurpado a alegria

Doce nostalgia, repleta de fantasia
pedaços de puro desatino
ò meu sonho, feito magia...

sexta-feira, dezembro 11, 2009

O legado do camarada Korda


Havana, 5 de Março de 1960. Fidel Castro discursava nos funerais públicos em homenagem às 136 vítimas da sabotagem ao barco La Coubre. De repente, surgiu Che. Alberto Korda disparou a sua Leica duas vezes. Guevara virou-se e desapareceu.
Sete anos depois, o editor italiano Giangiacomo Feltrinelli visitou Korda, no seu estúdio, a pedir uma foto do revolucionário. Ele apontou displicentemente para esse retrato de Che, pendurado na parede, a ganhar manchas de tabaco. Feltrinelli, aceitou e vendeu milhares de posters com a efígie de Che após a sua morte na selva boliviana.
O retrato, intitulado Guerrillero Heroico, tornou-se o mais reproduzido da história da fotografia, o retrato mais famoso do mundo e um símbolo do século XX.

Justificar completamenteSegundo Korda, Guevara demonstrava imobilidade absoluta, raiva e dor no momento em que a fotografia foi tirada, evidenciando-se ainda todo o carácter, firmeza, estoicismo e determinação que Che possuía.
Korda nunca recebeu qualquer espécie de remuneração pela foto e nunca se empenhou em recebê-la. A sua intenção ao não o fazer era espalhar os ideais revolucionários da luta de Che Guevara.

Uma grande exposição traz a Lisboa imagens de uma revolução e de um povo, tudo o que Alberto Korda viveu na sombra daquela fotografia de Che Guevara. A iniciativa é da Casa da América Latina e da Câmara Municipal de Lisboa, estando em exibição desde o passado dia 2 de Dezembro de 2009 até ao dia 31 de Janeiro de 2010, na Galeria Torreão Nascente (Edifício Cordoaria Nacional), em Lisboa.
A mostra apresentará 200 obras de Korda, em grande parte inéditas, "seleccionadas de entre milhares de fotogramas do autor e retiradas de arquivos pessoais de vários amigos e colaboradores.
O evento pretende revisitar uma década na vida e na carreira do fotógrafo (1956-1968), abrangendo temas tão diversos como a actividade criativa dos Studios Korda, a moda, o povo, a mulher, o mar e, naturalmente, os líderes revolucionários. Afinal, em 1959 Korda torna-se a sombra de Fidel - até 1968 - tendo acompanhado o presidente cubano nas visitas aos EUA e à União Soviética. Em Novembro de 1959, fotografa os levantamentos populares na Cidade do Panamá e recebe o prémio Palma de Plata para melhor fotojornalista do ano.
A fotografia de Korda espelha a história do seu país. Variada, combativa, colorida, heróica e sofrida. A não perder a sua exposição, aqui ficam algumas das imagens que lá pode encontrar:












quinta-feira, dezembro 10, 2009

A queda dos colossos e o duelo CR - Messi


É preciso recuar até Dezembro de 2005 para assistirmos à queda de um colosso na primeira fase da Champions. Na ocasião o todo poderoso Manchester United era derrotado em Lisboa pelo Benfica, sendo afastado das competições europeias ao terminar em último lugar no grupo.

Nas edições seguintes da competição restabeleceu-se a normalidade com os gigantes europeus a qualificarem-se para a segunda fase sem grandes problemas. Muitos observadores diziam mesmo que a fase de grupos era monótona e aborrecida, e que a verdadeira Champions começava apenas em Fevereiro. Não andariam muito longe da verdade, embora não concorde na parte do cumprir calendário, afinal em competição estão os melhores jogadores do planeta e existem sempre momentos de inegável espectacularidade nesta fase da prova.

E o que dirão então este ano os especialistas com as quedas precoces de Liverpool e Juventus? Ou com as inesperadas dificuldades que Barcelona e Inter tiveram em qualificar-se? Devem andar loucos os deuses do Futebol...

Reds e bianconeri saem de cena não apenas por culpa própria - crise interna e lesões - mas também devido às surpresas protagonizadas por Fiorentina e Bordéus, que mostraram excelente futebol e enorme consistência, acabando mesmo por vencer os respectivos grupos, à frente de Lyon e Bayern.

Blaugrana e nerazzurri depararam-se com duas equipas apostadas em fazer ressurgir a qualidade da velha escola soviética. Tal como havia previsto há pouco mais de um mês, os favoritos seguem em frente, mas convém deixar uma palavra de apreço para Rubin Kazan e Dínamo Kiev, autores de excelente réplica.

O principal destaque individual da primeira fase vai para Cristiano Ronaldo. Não obstante a extensa paragem por lesão, o português já leva 6 golos apontados em apenas 4 jogos disputados (270 minutos) o que dá a espantosa média de 2 golos a cada 90 minutos de jogo!
Quanto ao seu grande rival, Messi, teve uma entrada algo discreta em prova ao que se deve acrescentar ter falhando o encontro com o Inter devido a problemas físicos. Regressou em Kiev, garantindo ao Barça o primeiro lugar do grupo, nos instantes finais, na transformação sublime de um pontapé livre, respondendo a Ronaldo que, na véspera, havia também marcado de forma soberba na cobrança de um livre directo. Mais uma vez, a elegância de Messi contra a potência de Ronaldo! O duelo está aí e promete durar!

segunda-feira, dezembro 07, 2009

12 dias para salvar o planeta


A humanidade já perdeu a oportunidade de prevenir, pela raiz, as alterações climáticas. Interesses instalados, vistas curtas, incompetência política e muita inércia moral e intelectual condenaram-nos - a nós e às gerações futuras - a uma experiência sem paralelo no passado histórico. O que se vai decidir em Copenhaga é o nível de alterações climáticas que estamos dispostos a suportar. E como vão ser repartidos os respectivos custos e riscos.



A reunião climática que decorrerá entre 7 e 18 de Dezembro, na capital dinamarquesa, tem uma designação curiosa que poderá surpreender alguns leitores, ela é a COP15. Isso significa que não se trata de um evento único, mas sim a 15ª Conferência das Partes, isto é, a reunião de todos os países que desde 1992 foram aderindo à Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC). Por exemplo, o famoso Protocolo de Quioto foi assinado no decurso da COP3, realizada em Dezembro de 1997. Importa pois perceber quais as razões que fazem da COP15 uma reunião tão diferente e decisiva?

1. As alterações climáticas são hoje objecto de um consenso científico esmagador

Hoje sabemos mais do que o suficiente sobre o processo de alterações climáticas em que o nosso planeta se encontra mergulhado, para compreender a enorme gravidade da situação. Desde 1988, com a criação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), constituiu-se a maior rede científica da história humana, concentrada sobre a troca e a validação de informação sobre clima a nível mundial. Hoje existe um consenso esmagador sobre a realidade das alterações climáticas. As divergências que existem são apenas sobre o ritmo e o modo da sua expansão, bem como acerca dos meios para lhes oferecer combate.
Nos quatro relatórios já publicados pelo IPCC, bem como em centenas de estudos sectoriais de universidades e institutos, ficámos a saber que o actual motor das alterações climáticas é induzido pela modificação humana da estrutura química da atmosfera, nomeadamente pelo incremento das quantidades de dióxido de carbono (CO
2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), entre outros gases com efeito de estufa (GEE).
O gás referencial é o CO
2, por ser o que maior impacto tem, mas também por ser aquele que aprendemos a medir com mais rigor.
Desde 1750, no início da utilização de combustíveis fósseis em larga escala, até Setembro de 2009, a concentração de CO
2 na atmosfera passou de 270 ppm (num milhão de partes da atmosfera, 270 eram constituídas por CO2) para 384,79 ppm! É um aumento assombroso.
Basta ter em conta que nos últimos 600 mil anos as variações de CO
2 oscilaram entre um mínimo de 180 ppm (nos períodos de glaciação, mais frios) e 300 ppm (nos períodos interglaciares, mais amenos). Se o mundo não conseguir mudar o seu paradigma civilizacional, baseado na libertação, pela sua queima, de carbono da litosfera (onde se esconde o carvão, o petróleo e o gás natural) para a atmosfera, poderemos chegar ao final deste século com uma concentração de CO2 que será superior ao dobro do período pré-industrial... O aumento médio global da temperatura poderá atingir 6,4 ºC!

2. As alterações climáticas fazem parte da crise do ambiente

Mesmo se, por magia, retirássemos da equação contemporânea as alterações climáticas, as perspectivas de sobrevivência da humanidade ao longo do próximo século seriam bastantes complicadas e angustiantes. Estamos a perder diariamente a capacidade de carga dos ecossistemas, de que dependemos para viver com dignidade. A população humana continua a crescer num planeta que perde diversidade biológica, que erode ou esgota a produtividade dos solos aráveis, que contamina e desperdiça os recursos hídricos, que delapida o ambiente marinho, que continua, teimosamente, a depender de fontes de energia não renováveis.
Mais do que qualquer outro tema da crise ambiental, as alterações climáticas evidenciam, com clareza, que todos partilhamos a mesma atmosfera (e o mesmo planeta). Somos obrigados a cooperar na sua gestão racional, se não quisermos sofrer todas as consequências da subida incontrolada da temperatura média, do nível dos mares, o incremento das catástrofes naturais, os riscos de instabilidade social acrescida pela multiplicação dos refugiados ambientais, entre muitas outras nefastas consequências.

3. Mitigar e adaptar

Estas serão as duas matérias principais a debater em Copenhaga. Através da mitigação procura-se diminuir as emissões de GEE. Isso ocorre de duas maneiras: ou diminuímos a intensidade energética do estilo de vida (exemplo: quando o leitor deixa o automóvel em casa e usa transportes públicos); ou usamos uma fonte energética com baixo ou nulo teor em carbono (a electricidade de origem solar ou eólica, por exemplo. Pela adaptação procuramos prepararmo-nos, como sociedade, para as mudanças inevitáveis que vão ocorrer, mesmo se tivermos sucesso na mitigação. Isto é válido para todo o mundo, mas em particular para os países menos industrializados, que em quase nada contribuíram para a crise climática, mas se encontram entre as suas primeiras vítimas.
Basta olhar para a tabela
Emissões de CO2 em 2005 para ver as dificuldades em chegar a um acordo em matéria de mitigação. No protocolo de Quioto ficou definido, em termos práticos, o princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas, de acordo com o qual os países que mais cedo iniciaram o seu processo de industrialização (lançando em primeiro lugar carbono e outros GEE para a atmosfera) seriam aqueles a ter obrigações quantificadas de mitigação (no período de cumprimento que termina em Dezembro de 2012). Contudo, muitas questões estão sobre a mesa: como compensar o passivo histórico das emissões? Como incluir o comércio mundial na contabilidade das emissões, quando sabemos que, por exemplo, uma parte significativa do que a China emite se prende com a satisfação de consumidores ocidentais? Como equilibrar as emissões totais de cada país com o indicador mais fino que são as emissões per capita? Como contabilizar correctamente outras fontes mais difusas, como as que resultam da desflorestação, ou da agricultura (em particular, para o metano)?

4. A liderança política da União Europeia

Ao longo da última década a UE tem estado na liderança do combate às alterações climáticas. Dos grandes emissores, só a UE, para além de cumprir (e talvez ultrapassar) as metas de Quioto, apresenta uma estratégia ambiciosa de redução para 2020, e mesmo para 2050. Mas isso não é suficiente. Por duas razões: a) sem os EUA e a China nenhuma mudança significativa ocorrerá, pois o seu peso bruto em emissões é esmagador; b) a UE tem capacidade para metas ainda mais ambiciosas, tanto na mitigação como no apoio aos países menos desenvolvidos. Pode e deve ir mais longe, alargando a sua influência política no mundo, aumentando simultaneamente, a resiliência, competitividade e sustentabilidade da economia e do mercado europeu.
A UE teve o grande mérito de, partindo das melhores informações científicas disponíveis, tomar a decisão política, que hoje é quase consensual, de visar como tecto máximo para a concentração global dos GEE a meta dos 450 ppm de CO
2 equivalente (inclui os outros GEE). Isso equivalerá a uma subida da temperatura média global de 2 ºC. O leitor tem razão em considerar que isso é bastante perigoso. Muitos cidadãos e membros da comunidade científica pretenderiam estabilizar em 350 CO2. Mas esse nível já foi ultrapassado! Para Copenhaga, a meta de 450 CO2 equivalente implica o maior grau possível de ambição, sendo muitos os que consideram que até isso é irrealista...

5. O que podemos esperar de Copenhaga?

O objectivo de Copenhaga é o de encontrar um novo regime climático mundial, que impeça rupturas e vazios quando o Protocolo de Quioto terminar em 31 de Dezembro de 2012. Esse objectivo desdobra-se em muitos outros de natureza sectorial: metas e calendário de redução das emissões (mitigação); uso de mecanismos de mercado (o comércio de emissões, por exemplo); a transferência de tecnologia e de recursos financeiros para os países emergentes e menos desenvolvidos (para que as suas emissões aumentem menos do que o estimado); criação de estratégias sectoriais globais de redução das emissões (cimento, papel, siderurgia, etc); apoio à adaptação; estímulo ao combate à desflorestação, promovendo a gestão sustentável das florestas.
Olhando para o estado presente das negociações não me parece realista esperar que exista um pacote completo de soluções já em Copenhaga. A razão principal reside no facto de os EUA não terem ainda uma estratégia robusta e suportada em leis do Congresso, que lhes possa conferir credibilidade. O Presidente Obama trave hoje duas batalhas no Senado, uma pela lei da Saúde, e outra pela lei da Energia e do Clima. São duas batalhas que, de certo modo, se atropelam. Só por milagre, Obama chegaria a Copenhaga com uma visão clara para tudo o que está em causa. A boa vontade precisa de compromissos concretos, que ainda não existem.
Os EUA deixaram de liderar, há muito, a luta contra as alterações climáticas. Enquanto a Europa baixou as suas emissões, desde 1990, os EUA aumentaram as suas em cerca de 15% (2007). Contudo, sem o compromisso dos EUA não haverá acordo. A China olha para a UE com simpatia, mas só dará passos significativos se Washington estiver de alma e coração no novo regime. De Copenhaga devemos esperar passos significativos em todos os assuntos, menos nas metas de mitigação. É preferível esperar por 2010 para obter um bom acordo, com regras e objectivos claros, do que abraçar um acordo envenenado em Copenhaga. O relógio do perigo climático não pára, mas para merecer o futuro teremos de reinventar, em conjunto, a habitação humana da Terra. Ninguém deverá fazer a viagem à boleia do esforço alheio.

Viriato Soromenho-Marques
Professor da Universidade de Lisboa, coordenador científico do Programa Gulbenkian Ambiente, e membro do Grupo Consultivo do presidente da Comissão Europeia para a Energia e Alterações Climáticas


sábado, dezembro 05, 2009

Sorteio complicado


É caso para dizer que à terceira foi de vez! Depois de sorteios simpáticos em 2002 e 2006 coube agora em sorte a Portugal o grupo mais complicado de todos os escalonados para a primeira fase do Mundial'2010!

Começando no tradicional Brasil, 5 títulos na competição, de longe a selecção melhor sucedida de sempre em campeonatos do mundo de futebol, passando pela emergente Costa do Marfim, considerada quase unanimemente como a melhor selecção africana da actualidade e terminando na incógnita Coreia do Norte, ilustre desconhecida que afastou da África do Sul selecções como o Irão ou a Arábia Saudita, presenças habituais nas últimas edições do certame.

E como se o cenário não fosse já de si preocupante, coloca-se também a quase obrigatoriedade de levar de vencida o grupo. O segundo lugar implica nos oitavos-de-final um confronto praticamente certo com Espanha, a grande favorita à conquista da competição...


Precedentes animadores

Por vezes, há males que vêm por bem. Convém lembrar que no Euro'2000, Portugal calhou no chamado grupo da morte, juntamente com Alemanha, Inglaterra e Roménia e muitos auguravam uma queda precoce no evento. A verdade é que a selecção lusa mostrou uma qualidade assinalável, vencendo o grupo com três vitórias retumbantes. Para a história ficaram a épica reviravolta contra os ingleses, o golo nos instantes finais contra os romenos e o inesquecível hat-trick de Sérgio Conceição aos germânicos.
É certo que a selecção actual está a léguas da qualidade evidenciada pela equipa de há dez anos atrás, há que ter confiança e esperança que Portugal surja em condições dignas em terras sul-africanas daqui a pouco mais de seis meses.

Outro facto animador é que Portugal venceu Brasil e Coreia do Norte nos únicos desafios oficiais disputados contra estas selecções, ambos no Mundial'66 em Inglaterra. Em relação à Costa do Marfim, será uma estreia.
Portugal estreou-se em 1966 numa fase final de um campeonato do mundo de futebol, com uma equipa mesclada por jogadores do Benfica bi-campeão europeu (meio-campo e ataque) e Sporting e Belenenses (na defesa).

Portugal, depois de derrotar de forma clara e inequívoca Hungria e Bulgária, chegava ao último jogo da primeira fase quase qualificado, mas ainda teria que enfrentar o bi-campeão mundial Brasil, em grandes apuros, após perder com a selecção magiar.
Simões e Eusébio adiantaram os portugueses em dois cabeceamentos plenos de oportunidade. Pouco depois, Pelé sofre dupla entrada dura de Morais e fica em grandes dificuldades físicas. Como na altura ainda não eram permitidas substituições permanece em campo, não sem grande custo.
O Brasil ainda reduz por intermédio de Nildo, mas perto do final Eusébio amplia a vantagem, num dos melhores golos da sua carreira. Portugal vencia por 3-1 e sentenciava o Brasil. O rei Pelé cedia o trono a Eusébio, mas mesmo no momento da derrota demonstrava um desportivismo assinalável.



Portugal 3 - 1 Brasil

Quatro dias volvidos (23 de Julho), Portugal voltava a jogar no Goodison Park em Liverpool, agora frente à surpreendente Coreia do Norte, que havia cometido o enorme feito de eliminar Itália na primeira fase.
Os magriços eram favoritos, mas os coreanos voltaram a surpreender tudo e todos ao apresentarem um ritmo e velocidade estonteantes no primeiro terço do encontro, reduzindo a defesa lusa a escombros. A vantagem aos 25 minutos cifrava-se nos 3-0 e muitos deram por perdido o encontro para os comandados de Otto Glória.
Contudo, o brio e entrega dos portugueses foi decisivo nessa fase crítica do encontro e Eusébio bisava antes do intervalo, relançando a partida.
Nos balneários, Otto Glória, dirige-se aos seus jogadores usando expressões que fariam corar um taberneiro: ”Seus filhos da p***! Então querem matar-me no Brasil porque ganhei ao meu país e agora estão a perder com estes gajos! Seus cabr*** de merda! P*** que vos pariu! Vão para o campo e ganhem o jogo seus ordinários do car****!
Eusébio e companheiros nem sabiam em que buraco se haviam de meter. No entanto, regressaram ao campo e operaram uma das reviravoltas mais extraordinárias de toda a história do futebol! Eusébio marcou mais dois golos e José Augusto fechou a contagem! Portugal qualificava-se para a meia-final e Eusébio assumia-se como a grande figura da competição, da qual sairia também com o troféu de melhor marcador.



Portugal 5 - 3 Coreia do Norte

terça-feira, dezembro 01, 2009