O jogo de uma vida: Portugal 13 - 108 Nova Zelândia

Sábado, 15 de Setembro de 2007, ao meio dia (hora em Lisboa) no estádio de Gerland em Lyon cumpriu-se o sonho de uma carreira desportiva para os jogadores portugueses de Rugby, defrontar a poderosa e mítica selecção neo zelandesa, os all blacks. Reconhecida a tremenda superioridade do adversário, apenas se pedia aos Lobos que jogassem o seu rugby e enfrentassem com toda a dignidade os all blacks.
Na conferência de imprensa antes do encontro perguntaram ao capitão português Vasco Uva qual a principal diferença entre as equipas e ele respondeu: 'Os miúdos em Portugal no recreio da escola jogam à bola enquanto que na Nova Zelândia jogam Rugby...' Sintomático... O treinador Tomaz Morais definiu como objectivo não sofrer mais de 100 pontos, embora tenha sido superior o score final para a Nova Zelândia há que realçar que conseguimos 13 pontos, 5 dos quais através de um ensaio histórico aos 48' convertido por Rui Cordeiro, que é só o jogador mais pesado da competição com 138 kg... Não se pense que foi um ensaio fácil, os all blacks tentaram, a todo o custo impedir o ensaio mas, os lobos com uma força de vontade tremenda e uma garra inabalável conseguiram suplantar a forte resistência adversária, ainda que por muito pouco já que o lance teve que ser validado através do recurso ao video referee... 3 minutos de espera e ansiedade que terminaram numa estrondosa explosão de alegria por todo o estádio quando o árbitro validou o ensaio...

Antes de se iniciar a partida foram vividos dois momentos muito emocionantes, de novo os Lobos entoaram de forma entusiástica e emotiva 'A Portuguesa' , logo de seguida os all blacks encenaram a sua dança mítica o haka, a que os lobos assistiram na primeira fila com visível respeito e entusiasmo. Momentos sublimes...

Quanto ao jogo principiou com um ensaio do rapidíssimo Rokocoko aos 3', uma autêntica flecha o nº 11 dos all blacks! Portugal mantinha uma defesa agressiva e rápida, tentando por todos os meios parar as fortes investidas da Nova Zelândia e o resultado aos 22' cifrava-se apenas em 12-0... Pouco depois disso Gonçalo Malheiro converte um pontapé de ressalto e reduz para 12-3! Eram os primeiros pontos portugueses da tarde! Os minutos finais da 1ª parte foram diabólicos, uma combinação de all blacks espicaçados pelos pontos sofridos e os Lobos talvez deslumbrados e a cometerem alguns erros permitiram que se chegasse ao intervalo com 52-3 no placard...

Na 2ª metade Portugal voltou a reencontrar-se com a clarividência e entrou muito bem, conseguindo com o tal ensaio e o pontapé de transformação consequente reduzir para 52-10! Depois a partir daí foi um avolumar natural do resultado com os all blacks a darem grande espectáculo com grandes combinações e ensaios para todos os gostos, com especial destaque para o seu capitão Jerry Collins (foto de baixo) que foi considerado o man of the match!

Já perto do fim Cardoso Pinto converte uma penalidade e Portugal atinge a bonita marca de 13 pontos, muito significativo sabendo-se do nome do adversário.
O jogo terminou na maior onda de fair play e os Lobos escutaram ainda uma enorme ovação de todos os 40 mil espectadores que enchiam o estádio em Lyon!

Já nos balneários os all blacks fizeram questão de ir dar os parabéns aos Lobos pela sua extraordinária réplica e atitude demonstrada, e os portugueses apreciando o gesto compartilharam umas cervejas com os seus adversários e ídolos!
No relvado, já depois do fim do jogo com o estádio vazio, os jogadores não utilizados de cada equipa, 7 portugueses e 8 neo zelandeses improvisaram uma peladinha de futebol onde foi servida uma espécie de desforra com uma vitória lusa por 3-1!
É sempre de enaltecer o grande espírito de fair play demonstrado antes, durante e depois deste histórico e inesquecível jogo.

Portugal volta a jogar 4ª feira com a Itália e espera-se mais uma boa exibição e réplica dos Lobos. Reconhecida a nítida superioridade italiana era muito bom não perder por tantos como contra a Escócia... Quanto à Nova Zelândia, deve demonstrar claramente a sua superioridade neste grupo C e desejo vivamente que se sagre campeã do mundo para delícia de todos os seus fãs (entre os quais eu me incluo!) em especial do mítico Johan Lomu, que tem torcido pelos seus antigos colegas nas bancadas dos estádios franceses.