domingo, junho 28, 2009

Lendas do Relvado: Futre (Parte II)


Nem a conquista da Taça do Rei em Junho de 1992 disfarçou a grave crise financeira que assolava o clube de Manzanares e no final do ano Gil aceitou, por fim, negociar Futre, pedindo 750 mil contos (3,75 milhões de euros) a Sousa Cintra (presidente do Sporting). Este pede algum tempo para reunir a verba, avultada para a época, permitindo a entrada do Benfica no negócio com dinheiro adiantado pela... RTP, facto que levou o primeiro-ministro Cavaco Silva a destituir o Conselho de Administração da televisão pública. Futre assinou pelos encarnados mantendo o ordenado nos valores próximos dos 30 mil contos mensais, uma verdadeira fortuna na altura em Portugal!



A decadência (Benfica, Marselha, Reggina, Milan e West Ham)


Futre disputa então a segunda metade da temporada de 1992/93 na Luz, mas apenas se destaca ao apontar o golo solitário da vitória frente ao Sporting e o campeonato acaba por ser conquistado pelo FC Porto. A final da Taça frente ao Boavista é o grande momento da sua passagem pelo Benfica. Futre arranca uma exibição magistral, apontando 2 golos numa retumbante vitória dos encarnados por 5-2!


A alegria é de pouca dura já que o Benfica parte então para o Verão mais complicado da sua história! O buraco financeiro é enorme, Paulo Sousa e Pacheco rescindem os contratos, alegando salários em atraso e assinam pelo rival Sporting. O presidente Jorge de Brito negoceia o passe de Futre com o Marselha por 900 mil contos (4,5 milhões de euros). Pouco depois rebenta o escândalo de corrupção envolvendo o clube de Bernard Tapie e Futre é contratado em Novembro de 1993 pelo modesto Reggiana, último classificado da Série A.


Contudo, o sonho de menino de jogar no Calcio rapidamente se tornou pesadelo. Estreia-se com um soberbo golo diante da Cremonese, mas pouco depois uma entrada duríssima de um adversário provoca-lhe a rotura dos tendões do joelho direito. É submetido a intervenção cirúrgica falhando assim o resto da temporada.


Quase miraculosamente a Reggiana consegue manter-se na Série A. Futre regressa na época seguinte, mas as recaídas são uma constante, o joelho continua bastante frágil e disputa apenas 12 jogos, apontando 4 golos, insuficientes para manter o emblema de Reggio Emilia na divisão principal do futebol italiano.


Apesar do insucesso, Futre desperta o interesse de Capello, que o contrata para o Milan. Em Junho de 1995 disputa o seu último jogo pela selecção portuguesa frente à Letónia no estádio das Antas no Porto. No total foram 41 jogos e 6 golos por Portugal e somente uma fase final de uma grande competição disputada (México’86), manifestamente pouco para quem tanto prometera...


A época seguinte é novamente passada em enfermarias e nas bancadas dos estádios. Actua somente uma partida pelos rossoneri, o último jogo da temporada frente ao Cremonese, uma estrondosa goleada por 7-1 que consagrou o Milan como campeão italiano de 1995/96.


Futre tenta dar um novo impulso à carreira e assina pelos lodrinos do West Ham para a temporada seguinte. Rapidamente o impacto inicial se esfuma e a época é novamente perdida devido a recorrentes lesões no malfadado joelho direito.


No início do Verão de 1997, Futre convoca uma conferência de imprensa em Lisboa e anuncia o final da carreira com apenas 31 anos de idade.



O regresso (Atlético de Madrid e Yokohama Flugels)


Pouco tempo depois do adeus aos relvados e incentivado pelo velho amigo Gil y Gil, Futre assume o cargo de secretário técnico do Atlético de Madrid. Os colchoneros, campeões espanhóis em 1996, tentam assegurar reforços que lhes permitam assegurar a conquista de novo título. Futre toma então parte activa nas contratações do italiano Vieri e do brasileiro Juninho, reforços sonantes, que transformam o Atlético num sério candidato à conquista do campeonato.


Para manter a forma física, Futre deixa por algumas horas o gabinete e treina com a equipa principal. Fascinados com as qualidades que o português ainda demonstra possuir, nomeadamente as acelerações explosivas, vários pesos pesados do plantel, entre os quais Kiko, Camiñero e Simeone, pedem ao treinador Radomir Antic que integre Futre no plantel! O sérvio responde afirmativamente e Futre é convencido a deixar o fato e a gravata, voltando a vestir os calções e a camisola rojiblanca!


As expectativas eram elevadas, mas o Atlético não consegue melhor que a 5ª posição e Antic sai no final da época. Apesar da forte concorrência e dos constantes problemas no joelho, Futre alinha em 10 partidas, mostrando ainda que quem sabe nunca esquece. No total jogou 173 vezes e marcou 37 golos pelos colchoneros no campeonato espanhol.


Na época seguinte parte para o Japão, aceitando o desafio lançado pelo Yokohama Flugels. A aventura é fugaz, as dores no joelho em competição são insuportáveis e Futre dá definitivamente por terminada a carreira de futebolista profissional em 1999.



O dirigente, o empresário e o legado


Afasta-se do futebol cerca de um ano, mas o apelo de Gil y Gil em conjunto com a queda na II Divisão do Atlético de Madrid levam-no a aceitar o cargo de director desportivo do emblema rojiblanco no Verão de 2000. A primeira temporada não corre bem pois o clube falha a promoção ao escalão principal pela diferença de golos em relação ao Tenerife. No entanto, essa época fica marcada pela estreia de um jovem jogador de 17 anos, Fernando Torres, elemento fulcral na conquista do título na temporada seguinte e respectiva promoção à I Divisão pela mão do histórico Luis Aragonés.


Em Março de 2003 é anunciada a ruptura entre Gil e Futre, mais uma vez a relação amor-ódio a fazer efeito e o português acabaria por sair do clube no final da temporada.


Cerca de dois anos depois novo regresso, desta vez ao Milan, para exercer o cargo de embaixador e olheiro na Península Ibérica do emblema rossonero. Segundo muitas especulações o principal objectivo do Milan era o de referenciar Fernando Torres para uma possível futura contratação.


Futre vive actualmente em Madrid e é empresário no ramo do intercâmbio entre empresas portuguesas e espanholas que se queiram estabelecer e negociar no país vizinho. Terminada a ligação ao Milan afastou-se do futebol, esse mundo de dois cumes que tanto o tem esquecido nos últimos tempos, em especial o futebol português. Recentemente foi lembrado aquando do duelo entre o FC Porto e o Atlético de Madrid para os 1/8 de final da Champions. A sinceridade, emoção e personalidade forte que sempre o acompanharam durante a carreira de futebolista foram novamente patenteadas ao assumir sem rodeios que estava a torcer pelo Atlético, clube do coração. Este facto fez disparar as críticas da generalidade da medíocre imprensa portuguesa.


Paulo Futre é unanimemente considerado como um dos melhores jogadores portugueses de sempre. Talento precoce e explosivo viu a sua carreira ter menos brilho do que o previsto devido a algumas escolhas menos felizes e a graves e recorrentes lesões no joelho direito.


É idolatrado pelos adeptos do Atlético de Madrid, que não esquecem as suas magníficas exibições com a camisola rojiblanca e o facto de nunca ter aceite jogar pelo rival merengue.


Tem dois filhos, o mais novo, Fábio de 18 anos, actua como extremo tal como o pai e joga nos júniores do Atlético de Madrid, tendo já representado as selecções jovens portuguesas.



Final da Copa do Rey'92, o sublime golo no Bernabéu

sexta-feira, junho 26, 2009

Michael Jackson (1958-2009)


"Normalmente quando as pessoas morrem apenas nos lembramos dos aspectos positivos." - Ricardo CM

Posto isto, Michael Jackson escreveu a letra e foi um dos muitos intérpretes de "We Are the World", canção de solidariedade lançada em 1985 e cujas vendas, na ordem dos 55 milhões de dólares, reverteram a favor da luta contra a fome em África.



USA for Africa "We Are the World"

segunda-feira, junho 22, 2009

Há gajos malucos...


... mas eu por vezes abuso! Depois de uma noite de sábado intensa com a despedida de solteiro de um grande amigo, domingo seguiu bem cedo e de forma ininterrupta com a participação no Bike Tour juntamente com cerca de mais 7 mil pessoas a percorrerem a Ponte Vasco da Gama de bicicleta.

Debaixo de um calor abrasador valeu o café madrugador para afastar o sono e a muita água consumida antes e durante o evento para minimizar os excessos da noite anterior! O percurso fez-se a um ritmo moderado de forma a poder apreciar a belíssima paisagem sobre Lisboa, banhada por um Tejo imenso, reflectido num azul forte quase incandescente.

Gostei bastante da experiência e para o ano conto repetir. Só espero que não tenha nada de especial marcado para a véspera, já não tenho idade para estas maluqueiras!...

sábado, junho 20, 2009

Lendas do Relvado: Futre (Parte I)


Paulo Jorge dos Santos Futre nasceu a 28 de Fevereiro de 1966 no Montijo. Em pequeno dormia com uma bola na cama, como se fosse um ursinho de pelúcia. Criança franzina, mostrava uma habilidade inata e singular com a bola, jogando com o pai no pequeno terraço de sua casa.

O pai de Futre nunca chegou a profissional, embora tivesse jogado em várias equipas nos escalões secundários do futebol português. Futre herdou do pai o talentoso pé esquerdo e este apoiava-o, ensinando-lhe, com a paciência de um professor, os segredos do domínio da bola, as fintas, as simulações de corpo para enganar os adversários. A mãe de Futre era doméstica, nada percebia de futebol, ralhava com o filho quando este chegava a casa com os joelhos esfolados, pedindo-lhe que deixasse essas traquinices e estudasse. Futre detestava os estudos e não lhe fez a vontade, desistindo da escola no segundo ano do ciclo, após reprovar duas vezes.


O pai José, visionário, compreendeu a opção do filho, percebendo que o futuro de Paulo estava no seu maravilhoso pé esquerdo e nem sequer se aborrecia quando o dono da gasolineira que havia perto de casa o procurava, furioso, dizendo-lhe que o Paulo voltara a fazer disparates dos seus! Muitos vidros pagou e não eram nada pequenos os prejuízos!



A evolução no Sporting


Em 1978, aos 12 anos, Futre revelou os primeiros sinais de imenso talento, jogando Futebol de 5 pelo Cancela do Montijo num torneio para promoção do futebol em Alvalade. Brilhou intensamente sendo convocado para competição similar, em Rocheville, na França, de lá voltando com o título de melhor jogador. No Aeroporto em Lisboa estava à sua espera Aurélio Pereira, o mestre do futebol de formação em Portugal, convidando-o a ir para o Sporting. O acordo foi imediato, começava assim a lapidar-se o diamante...


Aos 15 anos ainda era extremamente frágil em termos físicos, era necessário que crescesse mais, que os músculos se fortalecessem, isso fez-se graças a doses, por vezes industriais, de vitaminas. Por essa altura já era profissional de futebol, nunca ninguém o fora tão cedo, vivendo no Centro de Estágio de Alvalade, para evitar a maçada das viagens de barco para os treinos. Sabia-se, também, que no final do contrato que assinara com o Sporting, até Julho de 1987, ganharia 100 contos (500 euros) por mês e que só sonhava ter um grande carro.


Rapidamente queimou as etapas das camadas jovens do Sporting estreando-se com apenas 16 anos na equipa principal, lançado por Josef Venglos. Desde muito cedo os adeptos leoninos habituaram-se a fazer romarias a Alvalade para ver o seu esquerdino explosivo, genial, intuitivo, poderoso, que massacrava os adversário pela aceleração e velocidade, um verdadeiro perigo pela inspiração com que concluía os lances.


Não demorou muito para se afirmar como titular indiscutível, participando em 21 jogos e apontando 3 golos na época de estreia, 1983/84, sendo a grande revelação do futebol português nessa época. Finda a temporada, Futre viria a protagonizar o primeiro caso, dos muitos que a sua carreira acabaria por revelar. Aos 18 anos já era uma referência no Sporting, mas ganhava cinco vezes menos do que quase todos os suplentes que o clube tinha. Por isso, o pai esboçou aquilo que julgava ser a proposta justa para a renovação de contrato. No entanto, esta é linearmente rejeitada pelos dirigentes leoninos, que ameaçam com o empréstimo de Paulo à Académica de Coimbra.


Em termos de selecção nacional as coisas também não correm bem, ao ficar de fora da convocatória para a fase final do Euro’84 a disputar em França, isto após ter-se estreado na equipa principal com apenas 17 anos (estabelecendo um novo recorde luso) no estádio de Alvalade frente à Finlândia em Setembro de 1983.



A afirmação europeia no FC Porto


A renovação de contrato com o Sporting torna-se o grande caso do Verão desportivo em Portugal. Na sombra, o FC Porto, já liderado pelo astuto Pinto da Costa, entra na jogada, sedento de vingança, já que o emblema de Alvalade, tinha arrebatado António Sousa e Jaime Pacheco das Antas, a troco de 30 mil contos (150 mil euros) por 2 anos de contrato.


No primeiro dia de Agosto, como o Sporting não lhe devia um tostão, que fora a causa das rescisões de Sousa e Pacheco, Futre alegou falta de condições psicológicas como baluartes da sua própria rescisão, assinando pelo FC Porto a troco de mil contos (5 mil euros) por mês.


No FC Porto, o seu extraordinário talento é potenciado por Artur Jorge, alinhando como vagabundo na frente de ataque portista, exibindo um futebol desconcertante, assente em dribles e raídes estonteantes que colocavam a cabeça em água às defesas adversárias.


Rapidamente se assume como a grande figura de uma fantástica equipa do FC Porto, que em 3 anos vence dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal, duas Supertaças e atinge a final da Taça dos Campeões Europeus em Maio de 1987, tendo como adversário o poderoso Bayern Munique.


A campanha europeia de 1986/87 foi o trampolim para Futre se afirmar no futebol europeu, isto após ter passado despercebido na fase final do México’86, assim como toda a selecção portuguesa. Sem grandes problemas, o FC Porto atingiu a meia-final onde lhe calhou em sorte o fortíssimo Dínamo Kiev, baluarte da selecção soviética, com ambas as formações a serem orientadas pelo lendário Valeryi Lobanovskyi.


Futre, com duas extraordinárias exibições e um soberbo golo no jogo da 1ª mão no Porto foi absolutamente decisivo para a passagem do campeão português à final, após duas vitórias históricas por 2-1.


A final disputou-se num estádio do Prater em Viena repleto de adeptos germânicos, convencidos do poderio e favoritismo da sua equipa. Os portugueses, em nítida minoria, reclamavam da má sorte pela ausência do seu goleador e capitão Fernando Gomes, bi-bota de ouro, a contas com uma perna partida, mas confiavam no talentoso pé esquerdo e na velocidade supersónica do rapaz do Montijo.


A equipa do FC Porto entrou timidamente na partida, postando-se na expectativa, deixando desamparados na frente Futre e o argelino Madjer. O Bayern dominou por inteiro a primeira metade, chegando ao intervalo a vencer por 1-0. Na segunda parte o jogo inverteu-se por completo com o FC Porto a surgir totalmente transfigurado para melhor empurrando o Bayern para a sua linha defensiva.


Com o avançar do relógio a pressão do FC Porto acentua-se, Futre tem um lance fantástico sobre a meia-direita, ultrapassando quem lhe aparecia pela frente, falhando por pouco aquele que seria um golo do outro mundo! Logo a seguir, um calcanhar sublime de Madjer e um desvio oportuno do brasileiro Juary assinavam a reviravolta dando a primeira Taça dos Campeões Europeus ao FC Porto!


A projecção e cotação de Futre a nível internacional disparava. Aos 21 anos ficava em 2º lugar na classificação da Bola de Ouro atribuída pela France Football perdendo apenas para o holandês Gullit do Milan. Os tubarões da Europa piscavam-lhe o olho e a saída do FC Porto era praticamente certa, só não se conhecia o destino.



O auge no Atlético de Madrid


Nesse mesmo Verão o Atlético de Madrid encontrava-se em campanha eleitoral com quatro candidatos à presidência. O menos cotado nas sondagens era o desconcertante Jesús Gil y Gil, empresário e alcaide de Marbella. Numa manobra eleitoral perfeita, Gil acerta com Pinto da Costa a contratação de Futre por 630 mil contos (aproximadamente 3,1 milhões de euros) - cabendo ao esquerdino o salário de cerca de 12 mil contos (60 mil euros) mensais por cada um dos 4 anos de contrato - e apresenta o craque português numa discoteca de Madrid completamente lotada! Os sócios colchoneros enamoram-se de imediato com Futre e a vitória de Gil é esmagadora nas eleições!


O objectivo de Gil é construir num curto espaço de tempo uma equipa que possa conquistar o título espanhol que foge do Calderón há já 10 longos anos. Sem se preocupar com gastos, Gil vai contratando jogadores e treinadores a um ritmo alucinante. Só para se ter uma pequena ideia, nos 5 anos e meio que Futre representou os colchoneros teve 15(!) treinadores, o que diz bem da falta de paciência que marcou a gestão de Gil.


Futre afirma-se de imediato como a principal figura da equipa e um dos grandes destaques do campeonato espanhol, tornando-se um verdadeiro ídolo para os exigentes e dedicados adeptos colchoneros, facto que permanece inalterável até aos dias de hoje. As velozes arrancadas tornam-se a sua imagem de marca, tais como as quedas espectaculares dentro da grande área e as assistências desde a linha de fundo para a entrada da área. Desta forma, Futre foi simplesmente decisivo na conquista do Pichichi (melhor marcador do campeonato) de Baltazar e Manolo nas temporadas de 1988/89 e 1991/92 respectivamente.


Em termos colectivos nunca conseguiu concretizar o sonho de vencer o campeonato. O melhor que alcançou foi a 2ª posição em 1990/91, mas a longínquos 10 pontos do Barcelona. A época seguinte foi bastante renhida com o Atlético a terminar em 3º lugar a apenas 2 pontos do campeão Barça e a 1 ponto do Real Madrid, foi o mais próximo que Futre esteve do sonho...


Salvaram-se os dois triunfos na Taça do Rei em 1991 e 1992, o segundo dos quais obtido em pleno Bernabéu diante do eterno rival Real Madrid. Futre fez nesse jogo uma das suas melhores exibições pelos rojiblancos, apontando o primeiro golo do jogo num remate portentoso de pé esquerdo. O alemão Schuster ampliaria a vantagem, fixando o resultado final em 2-0. Caberia a Futre, como capitão de equipa, a honra de receber na tribuna o troféu das mãos do rei espanhol.


A relação de Futre com Gil pode definir-se como de amor-ódio. Muitos foram os casos que marcaram a convivência entre os dois. No Verão de 1989, Futre renova o contrato a troco de quase 30 mil contos (150 mil euros) por mês e escolhe Gil para padrinho do seu primeiro filho. Em Abril de 1990, o horizonte começou a escurecer-se, Futre confessou que estava farto do Atlético, a cabeça ferveu, sendo expulso num jogo por “chamar tudo ao árbitro”! Gil não foi de modas e multou o português em 20 mil contos! A Roma tenta então contratar Futre, mas Gil pede 7,5 milhões de euros para libertar a sua pérola. Futre teve inúmeros treinadores no Vicente Calderón, mas nunca escondeu o quanto gostaria de voltar a trabalhar com Artur Jorge. Por isso, quando o seu antigo treinador foi para o Paris SG, sentiu que talvez tivesse chegado a hora de sair de Madrid. Em Abril de 1992, os franceses apresentam proposta de 6 milhões de dólares, mas o próprio Futre recusou a transferência por divergências com os dirigentes do PSG, anunciando em seguinte que ficaria no Atlético de Madrid para sempre, não obstante os constantes rumores do interesse do Real Madrid na sua contratação.



O fantástico slalom na final de Viena

quinta-feira, junho 18, 2009

Mais do mesmo!


Durão Barroso, que ficou conhecido internacionalmente como mestre de cerimónias de boas-vindas na tristemente célebre Cimeira das Lajes, prepara-se para ser reeleito presidente da Comissão Europeia pelas forças conservadoras em maioria no Parlamento Europeu e também por alguns socialistas (?), entre os quais os portugueses...

Eis o menu para mais 5 anos de (des)governo europeu:


quarta-feira, junho 17, 2009

Run


Estou a curtir larguíssimo esta música, um original dos Snow Patrol, aqui potenciado numa versão estrondosa por Leona Lewis, que para além de ser um
mulherão, ainda possui uma voz simplesmente arrebatadora!


Leona Lewis "Run"

terça-feira, junho 16, 2009

Afinal, ainda existe amor à camisola!




"...sei que do princípio ao fim da minha carreira apenas conhecerei um clube e nunca irei usar outro equipamento que não seja o do Liverpool." -
Steven Gerrard, capitão do Liverpool, em entrevista à France Football,

domingo, junho 14, 2009

Campeões anunciados: Barcelona (Parte III)


O Barcelona conquistou o 19º campeonato espanhol da sua história, permanecendo contudo ainda bastante longe do rival Real Madrid que detém 31 títulos. Depois de dois anos pouco conseguidos com Rijkaard ao leme e o título a fugir para o Bernabéu, Guardiola estreou-se em grande vencendo todas as competições, alcançando uma inédita tríplice coroa para um emblema espanhol.

As saídas de Ronaldinho e Deco não faziam antever uma época em cheio, ainda para mais com os blaugrana a não se reforçarem por aí além, preferindo apostar na continuidade da esmagadora maioria do plantel. Daniel Alves e Piqué foram os únicos reforços que se impuseram como titulares indiscutíveis durante toda a temporada.

O primeiro jogo da temporada esteve longe de ser positivo. Uma derrota desoladora na deslocação ao terreno do recém-promovido Numancia fazia questionar os adeptos catalães sobre em quanto seria válida a aposta em Guardiola. A verdade é que a partir daí o Barça partiu para uma temporada estratosférica a todos os níveis cilindrando por completo os adversários em Camp Nou e somando triunfos inquestionáveis fora de portas.

O quinteto ofensivo formado por Xavi, Iniesta, Messi, Henry e Eto'o exibia-se de forma simplesmente avassaladora, praticando um futebol simples, dinêmico, ao primeiro toque, terrivelmente eficaz. A vantagem para o Real Madrid disparava, chegando mesmo a estar nos 14 pontos, após os merengues perderem na Catalunha. Contudo, a entrada de Juande Ramos para o comando técnico fez os blancos vencerem encontros atrás de encontros, cedendo apenas um empate caseiro perante o Atlético de Madrid nos 18 jogos seguintes!

Choviam apostas prevendo quando é que o Barça começaria a acusar o desgaste e começar a perder pontos em série. Perdeu alguns é certo, tendo até passado por uma fase complicada onde registou duas derrotas consecutivas, curiosamente contra dois velhos rivais, Espanhol e Atlético de Madrid. Com tudo isto, os bluagrana chegaram ao jogo do título no Bernabéu com apenas 4 pontos de vantagem sobre o eterno rival. Aí aconteceu o que todos sabem, um vendaval de futebol ofensivo a humilhar por completo os merengues. 6-2 foi o score final, que decidiu por completo a questão do campeonato a favor dos catalães.

Até final, Guardiola poupou praticamente em todos os jogos as suas principais unidades tendo em vista a conquista da Champions, táctica tremendamente acertada como se veria depois. Falhou apenas a conquista do troféu de melhor marcador para Eto'o, que apesar de ter alinhado sempre nos encontros finais, não conseguiu impedir a ultrapassagem do colchonero Forlan, que não só venceu o pichichi como se sagrou Bota de Ouro com mais 2 golos do que o camaronês. Como consolação, o Barça terminou o campeonato com 105 golos marcados, número simplesmente incrível e totalmente revelador de como a equipa catalã se exibiu no campeonato espanhol e em toda a temporada, a melhor da sua história.

quinta-feira, junho 11, 2009

Viva a hipocrisia!


Cavaco Silva, ao depositar ontem uma coroa de flores junto à estátua de Salgueiro Maia em Santarém, decerto que se terá lembrado da recusa - há 20 anos atrás enquanto primeiro-ministro - em conceder ao capitão de Abril uma pensão por "serviços excepcionais ou relevantes prestados ou país". Lembrou-se também com certeza da polémica provocada por ter concedido a dois inspectores da PIDE, a pensão que negou a Salgueiro Maia.

Em 1988, o militar solicitou ao governo uma pensão "por serviços excepcionais prestados ao país". O pedido recebeu apreciação positiva do conselho consultivo da Procuradoria Geral da República que, em Junho de 1989, por unanimidade, declarou que "muito do êxito da revolução se ficou a dever ao comportamento valoroso daquele que foi apelidado de Grande Operacional do 25 de Abril".

O parecer enviado a Cavaco Silva e Miguel Cadilhe, então primeiro-ministro e ministro das Finanças respectivamente, ficou amarrado a um silêncio que durou três anos. Apenas em 1992, ano da morte de Salgueiro Maia, a recusa é revelada porque fica-se a saber que Cavaco Silva "tinha concedido pensões por serviços relevantes prestados ao país" a dois inspectores da PIDE. Um deles estava entre os que fizeram fogo sobre a multidão que estava na rua António Maria Cardoso, causando os únicos mortos da revolução.

Tenho vergonha de ter um presidente da república com esta falta de envergadura, um hipócrita da pior espécie, que passados 20 anos homenageia Salgueiro Maia como nada se tivesse passado. Quanto a Cadilhe então, nem encontro adjectivos para o qualificar. Um tipo que, em 6 meses como administrador do BPN mama 10(!) milhões de euros e não concedeu uma pensão a um dos heróis de Abril, que padecia de uma doença cancerosa...

quarta-feira, junho 10, 2009

Vitória agridoce

Contrariamente ao veiculado pela generalidade da comunicação social, que continua a destilar um ódio de morte ao PCP, a CDU obteve uma importante vitória na noite eleitoral de domingo ao sair reforçada em cerca de 70 mil votos relativamente às Europeias de 2004. A CDU foi a força mais votada nos distritos de Setúbal, Évora e Beja, facto que não acontecia há muito tempo em eleições nacionais, tendo sido mesmo o melhor score alcançado por comunistas e verdes nos últimos 15 anos. Este resultado confirma a tendência de subida que a coligação vem demonstrando desde que Jerónimo de Sousa foi eleito secretário-geral do PCP.

Para a vitória ter sido completa faltou a eleição do 3º eurodeputado, perdido por pouco mais de 2 mil votos para o BE, que registou uma subida espectacular! É evidente que este facto foi aproveitado pela imprensa para abafar o sucesso eleitoral da CDU, classificando-o de "derrota perante a ultrapassagem do rival de esquerda"! Obviamente, que esta leitura é uma estupidez completa não só por o BE não ser o adversário da CDU, como o seu crescimento se ter dado à conta de socialistas descontentes e não de comunistas. Outro facto que merece amplo destaque foi a soma da votação das duas forças dar 21,4%, o melhor resultado de sempre da Esquerda em eleições nacionais, o que dá um enorme alento e confiança tendo em vista as Legislativas.

Infelizmente, em termos europeus o cenário está longe de ser animador com a vitória clara e inequívoca da direita na esmagadora maioria dos países, aliada à forte subida de forças de extrema-direita, o que é um sinal deveras preocupante e indicativo de que as políticas neo-liberais que conduziram a esta crise vão continuar em força, assim como o aumento da xenofobia e da intolerância para com os emigrantes.

A esquerda socialista/social-democrata foi a grande derrotada nestas eleições. Brown, Sócrates e Zapatero, todos eles no Poder, sofreram reveses importantes e poderia-se pensar que foram punidos pelo eleitorado devido à crise. Esta teoria cai imediatamente por terra ao analisarmos os resultados do SPD na Alemanha, do PS francês e dos DS italianos, todos eles na Oposição e que obtiveram resultados medíocres para não dizer bastante maus...

A explicação está na descaracterização sofrida pelos partidos socialistas/sociais-democratas que deixaram de ser alternativas estratégicas à direita neo-liberal e conservadora, confundindo-se excessivamente com ela. A crescente influência da direita na comunicação social, com o a retórica da governabilidade, a ladainha do individualismo e da necessidade de emagrecimento do Estado, criando em grande parte dos europeus a ilusão que não existem alternativas, acabando estes por preferirem o original em relação à fotocópia...

A esquerda comunista/progressista também sofreu algum desgaste. Em Itália, pela primeira vez, não elegeu qualquer deputado, um resultado surpreendente no país que teve durante décadas o partido comunista mais forte da Europa Ocidental... A coligação liderada pelo PC francês e o Die Linke alemão subiram ligeiramente, enquanto a Izquierda Unida do PC espanhol continua a definhar lentamente. Salvaram-se a CDU e o BE em Portugal, os progressistas cipriotas, o PC grego e o PC checo, embora estes dois últimos tenham sofrido ligeiras descidas...

segunda-feira, junho 08, 2009

Adiar o inevitável?

Sinceramente, não me lembro de ver a selecção portuguesa jogar tão mal como o fez no passado sábado em Tirana defronte da Albânia. Exibição deplorável a todos os níveis, equipa completamente descrente nas suas capacidades, sem chama nem frescura física. Em suma, um espectáculo degradante que levaria ao afastamento precoce do Mundial não fossem os dois golos literalmente oferecidos pelos albaneses, uma das selecções mais frágeis na Europa.

Queiroz não fica isento de culpas ao afirmar na véspera, com ar majestoso, a confiança que reinava entre os jogadores e ao ter opções técnicas e tácticas muito duvidosas tais como a titularidade de Boa Morte, uma perfeita nulidade durante o tempo que esteve em campo.
As chamadas de Pepe, Deco e Ricardo Carvalho ao onze podem-se considerar como completamente falhadas, devido à notória falta de ritmo de jogo que todos eles evidenciaram. A opção de colocar Pepe a trinco só dá vontade de rir tal é a inaptidão demonstrada pelo merengue em alinhar nessa posição. Medíocres também as actuações de Deco e Carvalho em especial a do central, lento como nunca antes visto e autor de um erro grave ao cometer grande penalidade sobre um adversário, que felizmente para Portugal não foi assinalada pelo árbitro...

Graças à vitória da Dinamarca no terreno da vizinha Suécia, Portugal depende apenas de si próprio para garantir o 2º lugar do grupo e poder assim aspirar à disputa do play-off de acesso à África do Sul. Mas para isso Portugal tem que vencer no início de Setembro em Budapeste e Copenhaga, dois jogos absolutamente decisivos frente às selecções melhores colocadas na tabela.
Perante exibição tão frágil em Tirana, arrisco-me a afirmar que, ou Portugal melhora muito até Setembro e consegue levar de vencida húngaros e dinamarqueses ou o golo de Bruno Alves obtido nos instantes finais não terá sido mais do que adiar o inevitável, que é os jogadores de Portugal verem o Mundial pela TV...

domingo, junho 07, 2009

Ilda, com toda a confiança!


É do senso comum afirmar que Ilda Figueiredo realizou uma óptima campanha para as Eleições Europeias. Encontrei este excelente texto da agência Lusa que descreve na perfeição as linhas-mestras da campanha da cabeça-de-lista da CDU:

A defesa dos direitos dos trabalhadores é um lema da CDU e os dos jornalistas não são excepção para Ilda Figueiredo. Ao longo da campanha, foram várias as ocasiões em que a candidata se preocupou com as condições de trabalho da comunicação social.

"Isto agora não são horas de trabalhar, é altura de comer" ou "senhora jornalista, pare de escrever e faça favor de almoçar", foi um apelo lançado várias vezes por Ilda Figueiredo. Numa manhã em que Ilda Figueiredo visitou o Arsenal do Alfeite sem a comunicação social, por os jornalistas não terem autorização para entrar, a candidata desabafou: "Eles até agradecem terem este tempo livre, eles andam bem cansados".

Por algumas vezes, em acções de ruas, interpelava jornalistas, fingindo que os confundia com outros cidadãos e procurava persuadi-los a votar na CDU. "Digam-me o que é que hei-de dizer para vos convencer", brincava, sempre bem-disposta e arrancando gargalhadas entre a comitiva.

Numa ocasião, Ilda Figueiredo ficou preocupada por os jornalistas não terem tido tempo para jantar, entre duas acções de campanha, e disse que não queria que isso se repetisse. "Vocês têm de aguentar a campanha". E o passo da candidata. Afinal, aos 60 anos, Ilda Figueiredo continua muito ágil e nem sempre é fácil seguir no seu encalço. Nas arruadas, entra em todas as lojas, desvia-se do caminho, atravessa estradas para ir cumprimentar pessoas, volta atrás, faz "ziguezagues".

Em Aveiro, o seu distrito natal, e em Gaia, onde vive há mais de 40 anos, lidera a comitiva e decide o caminho. Altera o que estava antes programado, entra por mais umas quantas ruas, corta aqui à esquerda, vira ali à direita. Quando não está no seu meio, pede orientações aos organizadores das acções de rua. "Você é que tem de fazer de guia", diz. A energia quase inesgotável da "número um" da CDU só foi afectada pelo calor de alguns dias de campanha. Em Évora, no domingo, os termómetros subiram aos 36 graus, e a candidata ressentiu-se.

Mas no dia seguinte, já em Santarém e com temperaturas mais amenas, a música "A formiga no carreiro" cantada no palco do comício da noite em Alpiarça, convidava a dançar e Ilda Figueiredo não se fez rogada. Sozinha, a dois ou a mesmo a três, a candidata ensaiou uns passos de dança sempre que pôde, bateu palmas, entregou panfletos e, quando os não tinha, distribuiu beijinhos e apertos de mão, espalhou acenos, e repetiu, vezes e vezes sem conta, as propostas da CDU, sempre com um discurso apropriado a cada interlocutor.

Às mulheres, disse que queria combater a discriminação e lembrou que a lista da CDU é composta por uma maioria de candidatas femininas, reflectindo a realidade da população portuguesa. Juntou-se à luta dos professores. Aos jovens, defendeu que não podem continuar a estudar para o desemprego e contestou o processo de Bolonha. Aos comerciantes, afirmou que é preciso que as pessoas tenham mais dinheiro para poderem fazer compras nas suas lojas.

Indignou-se com as baixas reformas dos idosos. Solidarizou-se com os desempregados e reivindicou o alargamento do subsídio. Numa cooperativa na Mealhada pediu alterações à Política Agrícola Comum, e na lota de Matosinhos, rejeitou que a gestão dos recursos marinhos passe para Bruxelas. "Eu sinto-me bem sempre com as pessoas, seja onde for, porque nós lutamos pelo seu bem-estar, para que sejam felizes e tenham melhores condições de vida", diz.


Para além da valorosa campanha e da simpatia distribuída, Ilda, foi naturalmente eleita no ranking do Parlamento Europeu como a melhor eurodeputada portuguesa na última legislatura e os parlamentares do PCP reconhecidos por larga margem como os mais interventivos e trabalhadores entre os portugueses.

Adicionando tudo isto às minhas concepções ideológicas o meu voto só pode ir para Ilda e para a CDU, com toda a confiança!

Eleições Europeias 2004


Há 5 anos os socialistas venceram em Portugal:
Contudo, no Parlamento Europeu a vantagem é claramente dos conservadores:

Com a redução do número de deputados europeus para 736, aliada à forte abstenção que caracteriza estas eleições será difícil prever as principais mudanças nestes quadros. Logo à noite já saberemos...

quarta-feira, junho 03, 2009

Perfil Europeu


A poucos dias das Eleições Europeias fica aqui uma sugestão para os indecisos e/ou para aqueles que não saibam bem qual é o seu posicionamento político, nomeadamente em termos da dicotomia Esquerda/Direita e se são a Favor ou Contra a integração europeia.

Para realizaram este teste basta acederem ao observatório EU Profiler e responderem a 30 questões. Depois do peso de cada resposta ser devidamente ponderada pelo utilizador, procede-se à visualização dos resultados através de um gráfico, onde se comparam as posições pessoais com as dos vários partidos como se pode ver na imagem seguinte (clique para ampliar) para o caso do editor deste blog:

Concluindo, tal como acontece em todos os inquéritos, este estudo não é absolutamente fiável, embora seja bastante completo e pormenorizado tendo a virtude de estar adequado ao sistema político português, ou seja, está longe de ser inquestionável, mas garante uma ideia minimamente fidedigna, podendo servir como base de referência ao posicionamento político europeu e ideológico.