quinta-feira, dezembro 30, 2010

Frases do ano 2010


"É melhor gostar de mulheres bonitas do que ser gay." - Silvio Berlusconi, primeiro-ministro italiano.

"Se Elton John e Madonna tivessem uma filha seria Lady Gaga." - Jon Bon Jovi, músico.

"Cavaco fez-nos o favor de não ir ao funeral e Saramago agradece." - Pilar del Rio, jornalista e mulher de José Saramago.

"Se abrissem a cantina da Assembleia da República à noite, eu ia lá jantar. Eu e muitos outros deputados da província. Quase não temos dinheiro para comer. Tenho 60 euros de ajudas de custos por dia. Temos de pagar viagens, alojamento e comer fora. Acha que dá para tudo? Não dá." - Ricardo Gonçalves, deputado do PS.

"Pensava que a cocaína era pastilha elástica." - Paris Hilton, socialite norte-americana.

"Temos árbitros competentes e honestos." - Gilberto Madail, presidente da Federação Portuguesa de Futebol.

"O procurador-geral da República tem os poderes da Rainha de Inglaterra." - Pinto Monteiro, procurador-geral da República.

"De 1 a 10, dou 11." - avaliação de José Mourinho, treinador do Real Madrid e ex-treinador do Inter, ao seu desempenho no ano de 2010.

"Há noites eleitorais mais divertidas do que outras." - Barack Obama, presidente dos EUA, após a derrota do Partido Democrata nas eleições intercalares.

"Estamos bem, em um refúgio, os 33." - José Ojeda, um dos 33 mineiros chilenos que ficaram presos durante 68 dias, 700 metros debaixo da terra, depois dum desabamento bloquear a mina San José, no deserto do Atacama. A frase, rabiscada num papel, foi enviada para a superfície presa numa broca de prospecção, 17 dias após o desabamento, quando já havia poucas esperanças de encontrar sobreviventes na mina.

"Amândio de Carvalho é a cabeça do polvo que me quer afastar da selecção." - Carlos Queiroz, ex-seleccionador nacional de futebol.

"Os golos são como o ketchup." - Cristiano Ronaldo, jogador do Real Madrid e da selecção portuguesa.

"Eu trabalho 24 horas por dia. E de noite, se for preciso, também." - Teixeira dos Santos, ministro das finanças, na conferência de imprensa de apresentação do Orçamento de Estado.

"Sim, Messi é Maradona, Cristiano Ronaldo é Pelé." - comparação de Ulises Sánchez-Flor, cronista do jornal A Marca.

"Manso é a tua tia, pá!" - José Sócrates, primeiro-ministro, para Francisco Louçã, deputado do BE.

"O que é que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto." - Tiririca, palhaço e candidato a deputado no Brasil.

"Não consigo imaginar-me a viver com 450 euros por mês." - Francisco van Zeller, ex-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa.


Ver frases do ano de 2009, 2009 (especial Berlusconi), 2008 e 2007.

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Definições


Solitário,

desde a profundeza do meu ser
equilibrando espírito temerário
e com muito para aprender.

Sorridente,
sempre de bem com a vida
num mundo demente
é a única saída.

Companheiro,
na noite de tormento
na manhã de nevoeiro
e na tarde do renascimento.

Camarada,
por convicção inabalável
ideologia digna de balada
um dia será realizável.

Melancólico,
em busca da inspiração
por tudo o que é bucólico
e merecedor de suplantação.

sábado, dezembro 18, 2010

Citações de Saramago (Parte VI)


"Se se considera legítimo, não havendo provas, que se diga que Deus existe, também se deve considerar legítimo que se diga que não. (...) Para mim não existe Deus."

Público, 11 de Novembro de 2000

terça-feira, novembro 30, 2010

O detalhe que (não) fez a diferença


Cinco golos sem resposta. O Barça provou que é a melhor equipa da actualidade, estatuto que ostenta de forma incontestável desde Setembro de 2008 e que apenas foi beliscado pelo Inter de Mourinho na última meia-final da Champions no passado mês de Abril. Desde então o seu futebol avassalador - o famoso tiki-taka, orquestrado pelas referências Xavi e Iniesta e potenciado pelo fenómeno Messi - poucas ou nenhumas hipóteses tem dado ao seu maior rival interno, que foi novamente cilindrado, após o humilhante 6-2 no Bernabéu em Maio de 2009.

Desta vez havia Mourinho e Cristiano Ronaldo. E também Ozil, Di Maria, Khedira, Ricardo Carvalho… logo, esperar-se-ia muito maior réplica por parte da formação merengue, que se limitou a ver jogar, irremediavelmente pressionada à entrada da sua zona defensiva e a perder a cabeça perante tamanho domínio. Salvaram-se razoáveis 15 minutos finais da primeira parte, período onde o Real Madrid conseguiu equilibrar a contenda e onde se pode queixar de um grave erro da arbitragem, com eventual prejuízo no resultado final da partida.

Só o senhor Iturralde González é que não viu este derrube

O lance é entre Cristiano Ronaldo e Valdés com o craque português a ser nitidamente abalroado pelo guarda-redes catalão. Penalty clássico que o árbitro da partida não puniu tecnicamente nem disciplinarmente, já que seria o segundo cartão amarelo para o infractor e consequente vermelho. O Real Madrid teria oportunidade soberana para colocar o marcador na desvantagem mínima e disporia de vantagem numérica na etapa complementar, sem esquecer que o guardião suplente dos blaugrana, Pinto, é pouco mais que mediano. Um lance, o detalhe na avalanche catalã que (não) fez a diferença.

terça-feira, novembro 23, 2010

Greve Geral

´
A velha social-democracia europeia saída do pós-guerra e assente no modelo de Estado Social está à beira do colapso devido à promiscuidade com o neoliberalismo e excesso de economia de mercado. A Terceira Via introduzida por Blair e seguida na sua essência pela esmagadora maioria dos governantes europeus de centro-esquerda revelou-se um tremendo fiasco, confundindo-se em demasia com as políticas neoliberais das forças de centro-direita.

Tudo isto está na origem da extinção das democracias burguesas ocidentais tal qual como a conhecíamos. Assistimos impávidos e serenos à ditadura dos mercados, que mandam e desmandam no poder político, que pouco ou nada faz para defender os direitos dos cidadãos que os elegeram, castigando-os com mais impostos e menores salários, sempre em nome dos mercados, essa entidade divina que não pode ser beliscada com a mínima medida progressista. Contudo, o Deus-Mercado esquece-se que ainda são os trabalhadores que produzem e fazem o mundo avançar.

Amanhã é dia de greve geral histórica em Portugal com as duas centrais sindicais unidas após 22 anos de divergências. Os portugueses terão a oportunidade de falar a sério quando dizem que estão fartos de pagar as crises que não provocaram. Nós, os jovens (a geração 500 euros, precária e desempregada) temos a hipótese de afirmar convictamente que o trabalho é um direito e não um privilégio. Fazemos greve porque queremos um futuro social e não neoliberal. Fazemos greve porque é a única resposta que podemos dar à sociedade quando os patrões e os governantes são as mesmas pessoas e só se beneficiam a si próprios. Fazemos greve porque somos portugueses e os nossos pais e avós lutaram pelo direito de mostrarmos o nosso descontentamento. Fazemos greve porque não temos medo de a fazer!

domingo, novembro 21, 2010

Lixo tóxico

 
Eu juro que tentei manter-me alheado da catadupa de informação tendenciosa sobre a cimeira de criminosos de guerra que se realizou este fim-de-semana em Lisboa, mas não consegui! A avalanche noticiosa foi de tal ordem penetrante, incessantemente repetitiva e banal, que só me ficou faltar a saber qual era a cor da roupa interior do Obama. O novo sistema anti-míssil e a data da retirada do Afeganistão foram anunciadas como tremendos sucessos pela cobertura mediática, lacaia do imperialismo e do capitalismo. Os progressistas, comunistas, anarquistas e outros activistas de esquerda que se manifestaram pela paz foram apelidados, no mínimo, de terroristas, que iriam provocar o caos e a desordem pelas ruas da capital portuguesa. Afinal, não houve qualquer problema e ninguém deu pela falta dos dispendiosos blindados que nem sequer chegaram a tempo para a cimeira...

Posto isto, só me resta concluir com o óbvio: a NATO é uma organização criminosa, militarista e imperialista que não tem qualquer razão de existir desde a extinção do Pacto de Varsóvia, ou seja, há cerca de 20 anos que actua de forma ilegal, espalhando a morte e o terror em várias zonas do globo, sejam elas o Iraque, o Afeganistão ou a antiga Jugoslávia. Tudo isto em proveito dos EUA e da sua vergonhosa política de domínio do mundo pela força das armas.

40 mil pessoas manifestaram-se pela Paz

E o que dizer do cancelamento do concerto dos Arcade Fire nas vésperas do mesmo, da tolerância de ponto, do encerramento de serviços públicos, da limitação da circulação nas vias de comunicação, …

quinta-feira, novembro 18, 2010

Citações de Saramago (Parte V)


"A Língua, o instrumento fundamental da comunicação, é tratada como se fosse um esfregão. Os jovens saem da universidade a escrever mal e, quem escreve mal, não consegue pôr por escrito uma ideia."

Visão, 26 de Outubro de 2010

Olé!


Se ganhar a Espanha é sempre bom, golear é simplesmente demais! Ainda para mais quando o eterno rival é campeão europeu e mundial em título, sem esquecer que fomos afastados por esta mesma roja nos oitavos-de-final do último Mundial. E se em terras sul-africanas foi suficiente um golo obtido em fora-de-jogo por David Villa para decidir a contenda, desta vez um fiscal-de-linha com sérios problemas de visão decidiu anular, de forma completamente estapafúrdia, um golo do outro mundo a Cristiano Ronaldo! Não só Nani estava em jogo, como cabeceia para lá da linha final! Sim, o extremo do Man Utd foi jumento! Não se deve nunca tirar um golo a um colega de equipa, ainda para mais um golo desta qualidade, embora nada desculpe o duplo erro de avaliação do árbitro assistente. Passe o exagero, um verdadeiro crime! Um lance mágico de CR7 a trocar completamente as voltas a Piqué e a picar a bola sobre Casillas com uma classe tremenda! Fez-me lembrar de imediato o golo de Platini contra o Argentinos Juniors na Taça Intercontinental de 1985. Porque será que os golos de génio são injustamente invalidados?

Quanto ao jogo em si, Portugal vulgarizou por completo Espanha, graças a uma dinâmica e entrega ao jogo deveras assinalável. Com esquemas tácticos idênticos (4*3*3), esteve aí a verdadeira diferença entre as equipas. A roja é uma selecção aburguesada, que parece exibir-se à sombra das conquistas recentes. Sim, é certo que foi apenas um encontro amigável, mas estava em causa o prestígio, alicerçado numa rivalidade secular. Depois dos recentes triunfos sobre a Dinamarca e a Islândia, nada melhor do que esmagar Espanha para recuperar o orgulho e a empatia do povo para com a sua selecção. Mérito de Paulo Bento, que não só não inventa, colocando em campo os melhores jogadores e nas posições correctas, como transmite total confiança aos seus comandados através de um discurso coerente, ponderado, sério e honesto como é apanágio da sua personalidade.

A sempre inteligente e oportuna imprensa espanhola falava num pré Barcelona vs Real Madrid, numa alusão ao facto de a maioria dos principais jogadores da roja pertenceram aos blaugrana e enfrentarem o trio merengue composto por Ronaldo, Carvalho e Pepe. Pelos vistos, nunca pensaram em sair toureados da Luz. A humilhação só não foi ainda maior devido ao lance descrito no primeiro parágrafo. Depois de encaixarem 4 da Argentina em Setembro, mais 4 de Portugal e desta vez nem tiveram direito a tento de honra, já que na única oportunidade propriamente dita, Silva, em posição privilegiada, cabeceou ao lado. Algo vai mal na equipa de Del Bosque...
A magia de Ronaldo

domingo, novembro 14, 2010

Resta-nos o Futsal...


Aproveitando a proximidade geográfica desloquei-me ontem a Mogadouro para assistir ao jogo de Futsal entre a equipa local e o Belenenses, válido para a 8ª jornada do Campeonato Nacional da I Divisão. Confronto directo entre o último e o primeiro classificado. Seria de prever grande desequílibrio no marcador, mas a verdade é que a formação transmontana deu muita réplica, vendendo bastante cara a derrota. Apoiada por um público entusiasta, que quase enchia o pavilhão e beneficiando do espaço exíguo do recinto, a equipa do Mogadouro - consciente da evidente supremacia técnica, individual e colectiva do adversário - postou-se declaradamente à frente da sua baliza, apostando todas as suas fichas na retranca e no contra-ataque.

A verdade é que a estratégia deu resultado, pelo menos na primeira parte, período de tempo em que o Belenenses sentiu grandes dificuldades para penetrar na cerrada defensiva do Mogadouro. O empate a duas bolas registado ao intervalo premiava a capacidade de sofrimento da equipa local, submetida a asfixiante pressão e ainda capaz de concretizar em dois lances de puro contra-ataque. Na segunda metade tudo foi diferente com a equipa lisboeta a impor naturalmente a sua superioridade na sequências de duas bolas paradas. O pragmatismo revelado pelos jogadores azuis foi mais que suficiente para garantir a vitória por 4-2 e assegurar a manutenção da liderança do campeonato.

Com o clube enterrado em dívidas e presidido por um deputado do CDS. Com o espectro da queda na 3ª Divisão a pairar sobre a equipa de Futebol. Com o Andebol e o Râguebi a passarem por fases de menor fulgor, resta os Conquistadores - apelido pelo qual é conhecida a equipa de Futsal - para dar algumas alegrias e esperanças aos adeptos do Belenenses. Depois dos vice-campeonatos de 2008 e 2009 e do triunfo na Taça de Portugal da época passada, será esta a temporada do tão almejado título?

sábado, novembro 13, 2010

Lateral esquerdo


Desde que comecei a assistir e a acompanhar com olhos de ver o fenómeno de massas que dá pelo nome de Futebol, por volta de 1993-1994, que me lembro que a posição de lateral esquerdo é a mais deficitária, com menor qualidade entre os seus protagonistas. Na altura havia um único lateral canhoto de nível mundial, Paolo Maldini, jogador completíssimo e elemento fulcral no Milan e na nazionale, que se manteria no topo durante muitos e bons anos. Na Juventus, evoluía um jovem com enorme potencial, Andrea Fortunato, que ambicionava lutar pela camisola 3 azzurra. Infelizmente, a sua carreira teve um final precoce e trágico devido a uma leucemia, falecendo em Abril de 1995 com apenas 23 anos de idade.

No Brasil campeão do mundo'94 rivalizavam pela posição o veterano Branco, dono de pontapé canhão e o talentoso Leonardo, que não tardaria a avançar no terreno, para posições mais consentâneas com o requinte do seu pé canhoto.

O basco Lizarazu marcou uma época na lateral esquerda francesa. Baixinho, mas bastante aguerrido e acutilante, extremamente útil nos processos ofensivos. Pearce, Ziege e Sergi foram dignos representantes da escola britânica, germânica e espanhola. O inglês, fiel à velha máxima antes quebrar que torcer, foi durante anos a fio figura de proa do Nottingham Forest e da selecção da rosa, ficando marcado pelo penalty desperdiçado na meia-final do Itália’90. Já o alemão, campeão europeu em 96, era o protótipo do típico jogador germânico, ultra-competitivo e possuidor de forte e colocado pontapé. Quanto ao catalão, campeão olímpico em 1992, e, apesar de possuir bons atributos técnicos, enquadrava na perfeição na essência e no espírito da fúria roja.

Nos Jogos Olímpicos de 1996 em Atlanta acompanhei com interesse as exibições portentosas de um meia-leca entroncado e supersónico lateral brasileiro, Roberto Carlos, que tinha desiludido na temporada de estreia no futebol europeu ao serviço do Inter. Na época seguinte, foi contratado pelo Real Madrid, onde actuou durante 11 anos consecutivos, grande parte dos quais a nível altíssimo. Fortíssimo física e tecnicamente, extremamente veloz, destacava-se na potência que imprimia aos seus remates, qualidade que lhe valeu o incrível número de 69 golos em 527 jogos pelos merengues.

O Mundial de 2006 marca o princípio do declínio daquele que foi considerado durante anos a fio como o melhor lateral esquerdo mundial. Ashley Cole e Patrice Evra perfilavam-se como naturais sucessores, mas a verdade é que nunca conseguiram atingir um nível extraordinário. Ambos perto dos 30 anos, mantém-se como opções efectivas nos respectivos clubes e selecções, mas vêm-se relegados para segundo plano devido ao mediatismo dos emergentes Gareth Bale, Fábio Coentrão e Marcelo, a nova geração de laterais esquerdos.

Antes de completar 17 anos e já o galês se estreava pelo Southampton. Dois anos depois transferia-se para o Tottenham pela módica quantia de 10 milhões de libras. Depois de duas temporadas de aprendizagem, onde muitas das vezes foi preterido pelo camaronês Assou-Ekotto, afirmou-se de vez na primeira equipa dos spurs em 2009/10. Forte fisicamente, evoluído técnica e tacticamente, hábil no cruzamento e no passe, ou seja, estamos perante um jogador completo, não estranhando que passasse a alinhar em muitas das ocasiões como médio-ala esquerdo. Os recentes jogos contra o Inter para a Champions consagraram-no como um dos mais apetecíveis alvos dos principais clubes europeus, embora o clube londrino não pareça nada inclinado em desfazer-se da sua pérola.

Natural das Caxinas, lugar piscatório de Vila do Conde, fintou um provável futuro no mar graças ao talento do seu pé canhoto, levando o Benfica a pagar 1 milhão de euros pelo extremo ao Rio Ave em 2007. Cabeça no ar, passava mais tempo a atirar-se para o relvado do que a tentar jogar futebol. Depois de vários empréstimos, regressou à Luz no Verão de 2009. Poucos apostariam que Jesus o mantivesse no plantel principal, mas a verdade é que não só o fez, como viu neles qualidades para actuar como lateral esquerdo. A aposta revelar-se-ia um êxito, formando uma ala esquerda demolidora com Di Maria e efectuando um Mundial’2010 de elevada qualidade. A cotação tem subido continuamente em flecha e não surpreenderá nada se muito em breve algum tubarão pagar os 30 M € da clausula de rescisão.

Quanto ao carioca, bastou apenas uma temporada ao serviço do Fluminense para ser considerado o melhor lateral esquerdo a actuar no futebol brasileiro, sendo contratado em Janeiro de 2007 pelo Real Madrid, que pagou 6 milhões de euros pelo passe do jovem de 18 anos. Depois de um natural período de adaptação e de ter posteriormente oscilado entre as posições de lateral e médio-ala, parece firmar-se como o defesa esquerdo pretendido por Mourinho, que já reconheceu publicamente que as dúvidas sobre o potencial do brasileiro como lateral estavam completamente dissipadas. Defendendo cada vez melhor e atacando como poucos, parece estar encontrado o sucessor de Roberto Carlos na canhota merengue e na canarinha.

Para terminar impõe-se a pergunta: qual dos três atingirá nível mais elevado?

sábado, novembro 06, 2010

O debate


6 de Novembro de 1975. Portugal em pleno PREC, ambiente de pré-guerra civil. O país parou para assistir a debate histórico na televisão, 3 horas e 40 minutos de confronto entre os principais líderes das forças antagónicas, Mário Soares, secretário-geral do Partido Socialista e Álvaro Cunhal, secretário-geral do Partido Comunista Português.


Passados 35 anos e partindo do visionamento deste pequeno vídeo onde se incluem as principais passagens do debate, é fácil concluir que Cunhal tinha razão. Soares alinhou sempre com as forças reacionárias e conservadoras em detrimento das progressistas e revolucionárias, formando governos ora com o CDS ora com o PSD, metendo o Socialismo na gaveta (Guterres trancou-o a sete chaves e Sócrates queimou-o...) e tornando-se vassalo dos EUA e da Europa Ocidental.

Soares não tinha razão quando acusou Cunhal e o PCP de quererem impor uma ditadura pró-soviética em Portugal. Aqui, bastou esperar 19 dias para provar isso mesmo, quando o Partido Comunista não apoiou a tentativa de golpe militar levada a cabo por forças da extrema-esquerda, no célebre 25 de Novembro, que teve como grande vencedor Ramalho Eanes e o seu Grupo dos 9, e o próprio Mário Soares, assim como toda a direita em geral.

sábado, outubro 30, 2010

50 anos

Parabéns ao melhor jogador de todos os tempos, Diego Armando Maradona!

segunda-feira, outubro 18, 2010

Citações de Saramago (Parte IV)


"Provavelmente sou um homem bastante religioso. Bom, para se ser ateu como eu sou, deve ser preciso um alto grau de religiosidade."

Ler, 1 de Outubro de 1991

terça-feira, outubro 12, 2010

Sem inventar (parte II)


Um copy paste relativamente ao jogo de sexta-feira frente à Dinamarca serviria quase na perfeição para explicar o que aconteceu na partida de hoje em Reiquejavique. Apenas algumas notas soltas.

A reter: 
- A confirmação do regresso do capitão Cristiano Ronaldo às boas exibições com a camisola das quinas, abrilhantada com a conversão de um magistral pontapé livre; 
- O meio-campo dos 3 M's: Meireles, Moutinho e Martins. Compacto, seguro, eficiente e dinâmico. 

A rever
- A tremideira defensiva em todo e qualquer lance de bola parada, em grande parte devido à notória perda de confiança de Eduardo, uma sombra do guardião que deslumbrou o mundo nos relvados sul-africanos; 
- A irregularidade de Nani. Após uma exibição estrondosa, um jogo onde pouco ou nada lhe saiu bem... 

Para lamentar:
- A quase certa recandidatura de Gilberto Madaíl a presidente da FPF. Depois de catorze anos no cargo e grandes responsabilidades no degradante afastamento de Queiroz, assobia para o lado, vangloriando-se da escolha de Paulo Bento e comprando os votos dos dirigentes máximos das associações distritais de futebol ao oferecer-lhes a viagem até à Islândia, paga com o dinheiro dos contribuintes.

Para ver:

A magnífica execução de Cristiano Ronaldo. E vão 25 golos pela selecção!

segunda-feira, outubro 11, 2010

o que é português é bom (parte II)


Camané
 é, aos 43 anos, a grande referência masculina do Fado, digno sucessor de mitos como Alfredo Marceneiro, Adriano Correia de Oliveira ou Carlos do Carmo. Canta "com tudo: com o corpo, com alma, com os sentimentos, com a inteligência. É uma entrega total" (...) quando canta, só pensa "na mensagem do tema, naquelas palavras e tudo o resto desaparece".

O seu mais recente álbum, Do Amor e dos Dias, conta com produção e arranjos de José Mário Branco, incluindo músicas assinadas por Sérgio Godinho e Fausto e poemas de Alexandre O'Neill, Manuela de Freitas, Cesário Verde ou David Mourão-Ferreira o que, aliado à enorme capacidade interpretativa de Camané, é garante de indiscutível qualidade.

Tal como o próprio título indica é um disco que fala do amor e do seu quotidiano. A ironia faz parte desse mundo, seja através das coisas pequenas que marcam as relações ou das grandes que a destroem. O primeiro single não poderia ser melhor exemplo disso mesmo.


Camané "Guerra das Rosas"

sexta-feira, outubro 08, 2010

Sem inventar


Paulo Bento estreou-se no comando técnico da selecção nacional com a obtenção de uma excelente vitória sobre a Dinamarca, que só peca por escassa, tantas foram as oportunidades de golo desperdiças pelos atacantes lusitanos. O antigo treinador do Sporting limitou-se a colocar em campo os melhores jogadores portugueses do momento e nas posições certas. 

Carlos Martins e João Moutinho não tiveram lugar nos 23 para a África do Sul. Hoje, foram titulares e o meio-campo revelou uma dinâmica e intensidade de jogo, que há muito tempo não eram vistas na equipa das quinas. Pepe, pouco mais que rudimentar a trinco, jogou na sua posição natural e o sector defensivo voltou a evidenciar a segurança habitual. 
Nani, prolongou a grande forma exibida no Man Utd, apontando dois golos de belo efeito. Já Cristiano Ronaldo, continua a demonstrar alguma ansiedade na busca do golo, acabando por ser recompensado perto do final, numa altura em que a Dinamarca buscava a igualdade, depois de ter reduzido de forma completamente fortuita.
Fábio Coentrão continua a jogar sempre em alta rotação! O talentoso canhoto é um lateral tremendo, oferecendo ampla profundidade ofensiva e defendendo cada vez melhor. Só não marcou, porque o pé direito serve apenas para subir para o autocarro, uma pena... 

Com este importante e imprescindível triunfo, Portugal volta a entrar na corrida ao apuramento para o Euro'2012. Terça-feira, em Reiquejavique, há mais, esperando-se nova vitória e, se possível, com outra boa exibição.

quinta-feira, setembro 30, 2010

Mais vale ficar calado...


Nunca simpatizei particularmente com Ramalho Eanes, general, líder de facto do Grupo dos 9 (grupo de militares que dizia "recusar tanto o modelo socialista da Europa de Leste como o modelo social-democrata da Europa Ocidental, apresentando um projecto socialista alternativo", que mais não seria que um estender de passadeira vermelha à oligarquia e às ditas elites para governarem o país em seu próprio proveito, aumentando continuamente os, já de si enormes, desníveis sociais), presidente da república (1976-1986), mentor e presidente do PRD (partido fundado com o objectivo de "moralizar a vida política nacional" e que acabou vendido a um grupo de extrema-direita).

O facto de ter tido o seu irmão como professor no primeiro ano da universidade contribuiu ainda mais para essa aversão. O tipo era terrivelmente entendiante, a matéria da cadeira não interessava nem ao menino Jesus e as aulas eram à sexta-feira de manhã... Para além disso o indivíduo fazia questão de tratar putos de 18-20 anos por engenheiros, passando grande parte do tempo da aula a ditar apontamentos em alta velocidade. Ora, eu que sempre tive enorme orgulho na minha caligrafia quase perfeita, ficava profundamente desolado ao olhar o caderno no final da aula...

De facto, a única parte que apreciava na aula era quando o tipo se metia a divagar, contando histórias, algumas delas verdadeiramente hilariantes. Retive particularmente uma das mesmas, quando relembrou a campanha eleitoral para as Presidenciais de 1976, mais concretamente uma visita a Portel em que os "sacanas" dos comunistas alentejanos quase agrediram a comitiva do candidato. Aqui entre nós, diria que foi uma pena tal não ter acontecido...

Esta semana, o general Ramalho Eanes voltou a estar em evidência e, pasme-se, pela positiva ao declarar que: "Há tanto ruído desnecessário e desadequado à volta das questões politicas, que seria pouco razoável que eu aumentasse esse ruído com observações minhas." respondendo ao pedido dos jornalistas de um comentário sobre as questões orçamentais.

Tenho ouvido comentários de imensos energúmenos ávidos de sangue, leia-se desejosos de (ainda) mais medidas de austeridade contra os trabalhadores e o povo em geral, que sou obrigado de imediato a relembrar que a esmagadora maioria desses mesmos energúmenos tiveram responsabilidades governativas na área das finanças e economia, logo têm imensas culpas no estado caótico a que o país chegou. Pelo menos, Ramalho Eanes teve a sensatez e clarividência de ficar calado, como que tentando passar incólume por entre os pingos de chuva... 


segunda-feira, setembro 20, 2010

Sem qualquer espécie de tranquilidade...


... termina o rocambolesco processo de afastamento e sucessão de Carlos Queiroz do comando técnico da selecção nacional. Depois da novela do fim de semana envolvendo o triângulo Gilberto Madaíl, José Mourinho e Real Madrid, cabe a Paulo Bento a responsabilidade de treinar Portugal durante o restante da fase de qualificação para o Euro'2012.

Madaíl saiu profundamente queimado do caso Queiroz e teve a ideia genial de convidar Mourinho para orientar a formação lusitana nos próximos dois jogos da qualificação, frente à Dinamarca e à Islândia, a disputar a 8 e 12 de Outubro respectivamente. Foi uma pena o Real Madrid ter-se revelado intransigentemente zeloso na manutenção dos seus interesses, nem que estes sejam manter o special one a treinar com três jogadores reservistas durante dez dias em Madrid, quando o poderia fazer com três titulares merengues em Portugal...

O efeito Mourinho, leia-se organização meticulosa e planeamento ao pormenor, tinha tudo para surtir efeito, revertendo o desastroso início da campanha frente ao Chipre e à Noruega. O simples facto dos jogadores nacionais estarem sob as ordens do melhor treinador do mundo faria maravilhas na equipa de todos nós. Quando leio e oiço compatriotas a criticarem e escarnecerem na tentativa de solução encontrada por Madaíl e na motivação e empenho de Mourinho (viria de borla, nem permitiria que lhe pagassem a gasolina, ao contrário de fiéis devotos da Nossa Senhora do Caravaggio - praticantes de boxe nos tempos livres - que mamavam 150 mil euros por mês, mais publicidades espectaculares à Caixa e ao BPN...) chego à conclusão que um dos principais problemas da selecção nacional é ter certos e determinados adeptos portugueses entre os seus apoiantes.

Paulo Bento tem assim uma tarefa ingrata e imediatamente decisiva pela frente que é não poder falhar nos próximos dois jogos, resultados negativos e será o adeus de Portugal à Ucrânia e Polónia, facto tremendamente merecido e justificado pela maneira vergonhosa e terceiro-mundista como os dirigentes federativos e governativos lidaram com Carlos Queiroz após o Mundial sul-africano.

Não, não me quero armar em advogado de defesa de Carlos Queiroz, mas a verdade é que o ex-seleccionador nacional foi alvo de uma vergonhosa tentativa de chacina pública por parte de Laurentino Dias, Amândio de Carvalho e Luís Horta, com a complacência do fragilizado Gilberto Madaíl. É certo que alcançaram o seu objectivo, Queiroz foi demitido, mas, quem tiver dois dedos de testa, decerto compreenderá que tudo não passou de uma péssima encenação por parte de uma corja de indivíduos que se servem dos cargos que ocupam para servirem interesses pessoais e/ou corporativos.

Queiroz regressou à FPF em Julho de 2008 com o objectivo claro de qualificar Portugal para as fases finais do Mundial'2010 e Euro'2012 e reformular novamente os escalões de base das selecções jovens nacionais, totalmente esquecidas durante o consulado de Scolari. A campanha rumo à África do Sul esteve longe de ser brilhante, mas a verdade é que Portugal lá conseguiu alcançar o apuramento. É certo que as exibições e o futebol praticado na fase final não foram brilhantes, mas Queiroz colocou Portugal nos oitavos-de-final, que era o objectivo mínimo e caiu de pé perante a Espanha, campeã europeia em título e futura campeã mundial, graças a um golo em off-side de Villa.

Logo, se os resultados obtidos sob a liderança de Carlos Queiroz foram perfeitamente aceitáveis e normais, é totalmente incompreensível e reprovável a tentativa de linchamento público levada a cabo pelos indivíduos acima referidos, com claro prejuízo no normal funcionamento da equipa das quinas, como tão bem se viu nos dois últimos jogos. Certamente que o intuito era levar ao despedimento por justa causa, mas com que interesse? A mando de quem? Quais as causas? Pessoais e/ou políticas? Respostas, nem vê-las... Mais um triste caso que denigre a, cada vez mais péssima, imagem do futebol português.

sábado, setembro 18, 2010

Citações de Saramago (parte III)


"Algumas pessoas da classe média, que há poucos anos eram solidárias, ajudavam os outros em situação difícil, um pouco por todo o mundo, encontram-se agora numa situação em que têm que ser ajudadas. Alguém tem a culpa disto. Os responsáveis não estão escondidos, andam aí com as suas limusinas, receberam compensações astronómicas depois de terem levado as empresas à falência."

Jornal de Letras, 5 de Novembro de 2008

segunda-feira, setembro 06, 2010

Destino


Eis a aldeia perdida
escondida, por entre o amanhecer
finalmente, a terra prometida
para gratidão do meu ser

Ao longe avisto o mar
confidente de inúmeras recordações
fortes correntes que fazem despertar
a mais recôndita das emoções

Irrompo até ao largo da igreja
friamente vazio, sem vivalma
apenas a saudade que flameja

Estremecem as brumas do passado
incendiando em retalhos a minha alma
estarrecida das agruras do pecado

sexta-feira, setembro 03, 2010

O futebol português é uma vergonha


Nunca o Chipre havia logrado apontar quatro golos fora da ilha mediterrânea... Consegui-o hoje em Guimarães, frente a uma caricatura de selecção nacional, dilacerada internamente pelos contornos não menos caricatos e completamente absurdos do já tristemente célebre caso Queiroz...

A exibição da formação lusitana em termos defensivos foi absolutamente desastrosa, à qual se juntaram duas bolas nos ferros, entre outras inúmeras chances de golos desperdiçadas, uma das quais verdadeiramente escandalosa por parte de Hugo Almeida.

Ironicamente, pode-se afirmar que o resultado final do jogo é:
Carlos Queiroz 4
vs
agarrado à cadeira do poder Madaíl + obtuso e obeso Laurentino + cabeça de polvo Amândio + c*** da mãe Horta 4

O futebol português, leia-se FPF, é uma vergonha e caminha de forma imparável rumo ao precipício, gentileza dos quatro indivíduos acima referidos...

terça-feira, agosto 24, 2010

Francisco Lopes... Quem?


Deve ter sido esta a expressão interrogativa da esmagadora maioria do eleitorado português ao conhecerem o nome do candidato escolhido pelo PCP às Presidenciais. Tirando os indefectíveis militantes e simpatizantes comunistas, poucos mais saberão quem é Francisco Lopes, electricista de profissão, deputado eleito por Setúbal e um dos mais influentes dirigentes do Comité Central.

Fiel seguidor da mais pura e imutável ideologia marxista-leninista, está longe de ser uma figura simpática e é um orador terrivelmente enfadonho. Posto isto, nunca seria o meu candidato e dificilmente o será de alguém que não se assuma como comunista convicto. O PCP perdeu assim uma excelente oportunidade de obter um resultado histórico nas próximas Presidenciais, leia-se regressar aos dois dígitos na percentagem.

Imaginem agora se o candidato comunista fosse Octávio Teixeira - provavelmente o melhor parlamentar português da III República ou Carvalho da Silva, secretário-geral da Intersindical Nacional. Figuras respeitadas em todos os quadrantes da política nacional, teriam enorme facilidade em alargar as bases eleitorais do PCP à Esquerda, para além da riqueza de discurso e debate que qualquer uma destas candidaturas iriam trazer ao confronto de ideias com os outros candidatos.

Infelizmente, a velha ortodoxia dos dirigentes comunistas apostou naqueles que muitos consideram ser o líder de facto dentro do partido. Será para anunciar a sucessão de Jerónimo de Sousa (esperemos verdadeiramente que não!) ou para queimar? Qualquer que seja a situação é certo que o PCP pode contar com um resultado eleitoral normal, dentro dos parâmetros habituais dos últimos 20 anos, para alívio de Manuel Alegre e de Fernando Nobre.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Citações de Saramago (parte II)


"Que na Bíblia há violência, crueldade, incesto e carnificinas? Isso não pode ser negado. Ainda que eu tenha chamado à Bíblia um manual de maus costumes, qualquer um o podia ter feito, porque é, efectivamente, o que é. Tudo quanto é negativo no comportamento humano está ali escrito."

DN, 25 de Outubro de 2009

quarta-feira, agosto 11, 2010

A velha raposa


Afinal, Alex Ferguson não veio a Portugal com o único propósito de defender Carlos Queiroz no ridículo inquérito movido pela FPF ao seu antigo adjunto. A velha raposa escocesa não brinca em serviço e assegurou a contratação do quase desconhecido Bebé junto do Vitória de Guimarães por verba a rondar os 9 milhões de euros, passando a perna ao jornal oficial do Real Madrid, Marca, que assegurava na sua edição de hoje que o promissor jovem estaria a caminho do Santiago Bernabéu.

Bebé deu nas vistas na temporada passada ao serviço do Estrela da Amadora na 2ª divisão B e apetece perguntar por onde andam os olheiros dos três grandes, em especial de Benfica e Sporting, visto que a Amadora é pegado com Lisboa... Quem não dorme em serviço é Jorge Mendes, o guru dos empresários, que, mesmo sem ser o representante oficial do jogador de 20 anos, tratou de todo o processo de transferência para os red devils...

domingo, julho 18, 2010

Citações de Saramago (parte I)


"Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos."

Cadernos de Lanzarote - Diário III, 1998

quinta-feira, julho 15, 2010

o que é português é bom (parte I)


Quatro anos depois, os Santos & Pecadores estão de regresso com um novo álbum, Energia, onde se destaca Tela, tema principal da banda sonora do filme Contraluz, que estreia no próximo dia 22.


Santos & Pecadores "Tela"

domingo, julho 11, 2010

Mundial: final


Holanda 0 - 1 Espanha
Noventa minutos não foram suficientes para decidir quem se sagraria o novo e inédito campeão mundial. E faltou muito pouco para que os trinta minutos suplementares também não o fossem. Valeu o golo solitário de Iniesta - a escassos quatro minutos do final do tempo extra - confirmando (finalmente!) a superioridade que a roja demonstrou sobre a laranja durante quase todo o encontro.
A Espanha entrou fortíssima, na senda do que havia feito perante a Alemanha, empurrando a Holanda de forma inapelável para o seu último reduto ofensivo. Sérgio Ramos desfrutou de duas boas chances logo a abrir o desafio, seguidas por um volley perigoso de David Villa. Adivinhava-se um verdadeiro massacre, mas a verdade é que a partir dos 15' a laranja equilibrou a partida, adiantou as linhas defensivas, não permitindo que a roja mantivesse a fluência e intensidade iniciais.
A partida caiu então numa toada quezilenta e agressiva, roçando mesmo a violência numa ou noutra situação. Os médios defensivos laranja, De Jong e Van Bommel, estiveram em destaque pela negativa.
Na segunda metade continuou o domínio territorial espanhol, sempre com o seu futebol de passe curto e de progressão em apoio. A agressividade de parte a parte também não diminui. A única verdadeira diferença residiu no facto de Robben não ficar preso ao flanco direito, aparecendo várias vezes no corredor central, duas delas em posição privilegiada para marcar, valendo as intervenções decisivas de Casillas.
Com o avançar do tempo de jogo começava a guerra das substituições, amplamente ganha por Del Bosque. Enquanto Van Marwijk trocava Kuyt por Elia e Van der Vaart por De Jong (esta já no prolongamento) sem grandes resultados práticos, o técnico castelhano apostava com sucesso no veloz Navas e no cerebral Fabregas, nos lugares de Pedrito e Xabi Alonso, para desmoronar o bloco defensivo holandês.
A Espanha cresceu com as alterações, alargou o seu jogo às faixas, nomeadamente pela direita, onde Navas ultrapassava quase invariavelmente o veterano Van Bronckhorst, o que terá mesmo originado a substituição do capitão laranja.
Iniesta vinha em crescendo e combinava de forma exuberante com Xavi e Fabregas, provocando enormes brechas no fatigado corredor central holandês. O golo parecia iminente, mas por três vezes durante a primeira parte do prolongamento foi adiado de forma impressionante por Stekelenburg.
Já na segunda metade do tempo extra seria Heitinga a travar Iniesta, quando este se isolava rumo à baliza laranja. Segundo amarelo e consequente vermelho para o defesa central. Holanda com 10, anteviam-se 10 minutos finais de intensa pressão espanhola. Já com Fernando Torres em campo e na sequência de lance extremamente confuso, Fabregas descobre Iniesta solto na área, endossa-lhe a bola e o catalão dispara fortíssimo, batendo sem apelo nem agravo o guardião holandês! Estava feito o primeiro e único golo da partida! Espanha podia festejar, o primeiro título mundial já não lhe fugiria!

O herói: Iniesta
A primeira parte não lhe correu de feição, perdendo algumas bolas que não lhe são habituais, ressentido-se disso mesmo as normalmente seguras e eficazes transições ofensivas espanholas. Bastante castigado pelos defesas contrários, soube libertar-se da forte pressão, ganhando claramente com o surgimento de espaços entre as duas linhas defensivas holandesas.
Revelou o entendimento habitual com Xavi - jogam praticamente de olhos fechados - aproveitando (e de que maneira!) a excelente entrada no encontro de Fabregas, como se comprovou no lance do golo.

O vilão: Van Bommel
Se prémio houvesse para jogador mais caceteiro da competição iria directamente e sem discussão para o médio defensivo laranja. Tal como havia acontecido perante o Brasil e o Uruguai, voltou a cometer entradas duríssimas e completamente às margens da lei, valendo-se da enorme experiência e de alguma sorte à mistura, leia-se condescendência do árbitro, para evitar a merecida expulsão.

quarta-feira, julho 07, 2010

Mundial: meias-finais (jogo 2)


Alemanha 0 - 1 Espanha
O futebol tiki-taka da roja foi irresistível para a mannschaft! Como um verdadeiro colete de forças, a sucessão infinita de passes exibida pela formação espanhola sufocou quase por completo a equipa germânica.
Arte, paciência e segurança. Eis as três palavras chaves do jogo espanhol. Cientes da supremacia técnica, os baixinhos espanhóis apresentaram o seu futebol característico, o toca e foge em espaços curtos, futebol apoiado a toda a largura do terreno, até atingirem a extrema defensiva alemã.
Sem a mínima capacidade para recuperar a posse de bola em zonas avançadas, a Alemanha viu-se impossibilitada de praticar o futebol que mais gosta, as transições rápidas e o contra-ataque. Apenas por uma vez, numa conclusão ao segundo poste de Kroos, os germânicos estiveram perto do golo, o que é manifestamente pouco para quem tinha humilhado Inglaterra e Argentina.
Não deixa de ser irónico que Puyol, o mais rudimentar dos jogadores espanhóis e um dos poucos herdeiros da célebre furia roja, tenha sido o autor do golo solitário da partida, num cabeceamento notável de força e impulsão, onde ficou bem patenteada a união entre dois estilos de jogo completamente antagónicos por parte daquilo que é a história da selecção de Espanha.
O futebol técnico e rendilhado triunfou perante a potência e a velocidade, num desafio quase tirado a papel químico da final do Euro'2008.

O herói: Xavi
O maestro da orquestra castelhana. Exibição monumental do centrocampista do Barcelona a pautar todo o jogo da formação ibérica. Não obstante a baixa estatura e o pouco poder de explosão, compensa essas lacunas com uma capacidade técnica, táctica e física simplesmente fantásticas, que lhe permitem ser considerado quase unanimemente como o melhor médio organizador dos últimos anos. E se já não bastasse tudo isto, é do seu pé direito que sai a bola redondinha para o cabeceamento fulgurante de Puyol!

O vilão: Pedro Rodriguez
O jovem extremo catalão fez uma excelente actuação, dando largura e profundidade ao jogo espanhol, mas poderia ter estragado tudo quando ao minuto 81' é extremamente bem lançado por Xavi (quem mais haveria de ser) surgindo em posição de 2 contra 1, não endossando a bola a Fernando Torres nem efectuando o remate, perdendo-se numa tentativa de drible inconsequente!
A Espanha poderia ter sentenciado o jogo e não o fez. Pedrito revelou alguma imaturidade e inexperiência que lhe poderão vir a custar o lugar na final, em detrimento de Silva ou Fábregas.