A ideia é colocar a medida em prática o mais rápido possível, mas a FIFA tem enfrentado uma feroz oposição por parte dos clubes mais ricos e poderosos da Europa e da própria União Europeia, que invocando as suas leis bacocas insurge-se contra a livre circulação de trabalhadores no espaço europeu. Uma tremenda estupidez na minha opinião mediante a especificidade da profissão de futebolista. Os emblemas poderosos e milionários têm grande facilidade em contratar os talentos por esse mundo fora e como é óbvio não querem deixar de ter limite para essas aquisições.
O limite de 5 estrangeiros por equipa faz parte de um projecto da FIFA que tem como objectivo descentralizar o poder das principais ligas de futebol do planeta e fortalecer as selecções nacionais. Também com esse intuito, a entidade já colocou em vigor na Europa a regra dos home-grown players, que propõe um mínimo de jogadores formados pelas equipas nos respectivos plantéis principais. Entretanto, a UEFA aplicou esta época nas provas europeias a regra que prevê que 8 dos 25 jogadores inscritos de cada equipa devem ser formados nesse país, mas nada refere sobre as nacionalidades desses jogadores...
Sou totalmente a favor desta regra do 6+5, penso que era um grande benefício para o futebol, para a identidade das equipas e das selecções nacionais. Considero-me um saudosista das equipas formadas por apenas 3 estrangeiros, sistema desfeito com a entrada em vigor da lei Bosman em meados da década de 90. Até essa altura era perfeitamente possível formações como o Estrela Vermelha de Belgrado ou o Steaua Bucareste vencerem a Champions, devido à qualidade dos seus jogadores nacionais. Hoje em dia é praticamente impossível visto que os novos talentos são imediatamente pescados pelas equipas das principais ligas europeias.
Com um mundo globalizado é utópico pensar-se numa retoma desses tempos, embora ache que a regra do 6+5 deve ser aplicada o quanto antes!
Apenas por curiosidade pesquisei as nacionalidades dos jogadores mais importantes e utilizados nas principais equipas europeias. Devido ao turn-over existente nessas formações escolhi 14 jogadores por equipa e não 11: 1 guarda-redes, 5 defesas, 5 médios e 3 avançados. Realço ainda que é uma leitura pessoal, provavelmente se outra pessoa efectuar a mesma pesquisa escolherá alguns jogadores diferentes, embora não acredite que os resultados variem significativamente.
Arsenal (1): Walcott
Atl. Madrid (4): Pablo Ibáñez, Antonio López, Raúl Garcia e Luis Garcia
Barcelona (5): Víctor Valdez, Puyol, Xavi, Iniesta e Bojan
Bayern (6): Rensing, Lell, Lahm, Schweinsteiger, Klose e Podolski
Benfica (3): Quim, Carlos Martins e Nuno Gomes
Chelsea (4): Terry, Ashley Cole, Lampard e Joe Cole
Inter (2): Materazzi e Balotelli
Juventus (8): Buffon, Legrottaglie, Chiellini, De Ceglie, Zanetti, Camoranesi, Del Piero e Iaquinta
Liverpool (3): Carragher, Gerrard e Robbie Keane*
Lyon (9): Lloris, Réveillère, Boumsong, Clerc, Toulalan, Govou, Bodmer, Benzema e Piquionne
Man Utd (8): Neville, Ferdinand, Brown, Hargreaves, Giggs#, Carrick, Scholes e Rooney
Milan (7): Abbiati, Bonera, Nesta, Zambrotta, Gattuso, Ambrosini e Pirlo
Porto (3): Bruno Alves, Rolando e Raúl Meireles
Real Madrid (5): Casillas, Sérgio Ramos, Guti, de la Red e Raúl
Roma (6): Panucci, Cassetti, De Rossi, Aquilani, Perrotta e Totti
Sporting (8): Rui Patrício, Abel, Tonel, Caneira, Miguel Veloso, João Moutinho, Yannick e Postiga
Zenit (8): Malafeev, Anyukov, Shirokov, Denisov, Zyryanov, Radimov, Arshavin e Pogrenbyak.
Através desta análise comprova-se que a grande maioria dos principais clubes europeus terá que repensar seriamente a sua política de contratações caso a regra entre em vigor. Inter e Arsenal estão no topo dessa lista e destaco que Walcott apenas esta temporada começou a ser aposta efectiva de Wenger enquanto o promissor Balotelli, lançado aos poucos por Mancini e agora por Mourinho, faz parte da lista com muito boa vontade da minha parte...
Nota: * e # significam jogadores de nacionalidade irlandesa e galesa respectivamente. Não contam como estrangeiros nas competições inglesas.