sábado, maio 31, 2008

Euro 2008: Holanda

8ª presença na Fase Final: 1976, 1980, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008
Palmarés: Vencedor em 1988
3º lugar em 1976
Semifinalista em 1992, 2000 e 2004

Treinador: Marco van Basten
Foi após o Euro 2004 e a saída de Dick Advocaat que Van Basten assumiu surpreendentemente o comando técnico da selecção laranja, já que apenas tinha experiência como treinador nas camadas jovens do Ajax.
A fase de qualificação para o Mundial 2006 decorreu sem sobressaltos e a Holanda manteve-se invicta durante 15 partidas até ser derrotada pela Itália num jogo amigável em Novembro de 2005. Na fase final seriam afastados logo nos 1/8 de final por Portugal num dos jogos mais dramáticos e com mais expulsões na história da competição... Apesar do resultado menos conseguido, Van Basten continuou no cargo e voltou a qualificar facilmente a Holanda para a competição seguinte, o Euro 2008. Aconteça o que acontecer na prova, o jovem técnico irá deixar o lugar de seleccionador já que irá assumir o comando técnico do Ajax na próxima temporada. A Holanda calhou no grupo da morte juntamente com as favoritas Itália e França e com a renovada Roménia, prognósticos neste grupo são imprevisiveis, mas a selecção laranja tem argumentos para passar à fase seguinte...

Equipa provável: (4*3*3) Van der Sar; Ooijer, Heitinga, Bouma e De Cler; De Zeeuw, Sneijder e Van der Vaart; Kuyt, Van Nistelrooy e Robben.

Pontos Fortes:
- Pontas de lança dos melhores da Europa, o consagrado Van Nistelrooy, a revelação Huntelaar e o efectivo Kuyt
- Dinâmica ofensiva de assinalar com destaque para Van der Vaart, Sneijder, Robben e Van Persie, todos exímios executantes
- O futebol espectáculo que a selecção laranja pratica quase interruptamente desde 1974

Pontos Fracos:
- Debilidade defensiva, falta um verdadeiro líder de classe no último reduto laranja
- Van der Sar, guarda-redes mediano, continua a ser titular quase com 40 anos
- O fatalismo e a falta de sorte que sempre acompanharam a Holanda nas fases finais, excepto em 1988

A figura: Rafael van der Vaart
Com as épocas menos conseguidas dos craques do Real Madrid, Van Nistelrooy e Robben, afectados por várias e demoradas lesões, escolhi para figura o médio ofensivo do Hamburgo.
Formado nas camadas jovens do Ajax, estreou-se com apenas 17 anos na equipa principal com tal sucesso que apenas um ano depois estreava-se na selecção holandesa. Foi ainda o mais jovem capitão de sempre do popular clube de Amsterdão, onde venceu duas ligas e uma taça holandesa.
Em 2005 assina pelo Hamburgo onde rapidamente se impõe como melhor jogador do plantel tendo assumido novamente o lugar de capitão de equipa. É muito pretendido actualmente por equipas italianas e espanholas de topo.
Pode actuar como típico número 10 ou descaído sobre a esquerda, possui um excelente pé esquerdo que lhe permite fazer grandes passes e remates. É um excelente finalizador e marcador de livres directos, possuindo ainda uma óptima visão de jogo. Concluindo, é um dos melhores e mais competitivos médios ofensivos da actualidade.

A revelação: Klaas Jan Huntelaar
Cresceu nas camadas jovens do PSV, mas foi dispensado em 2004 depois de sucessivos empréstimos a clubes de menor nomeada. Passou a alinhar no Heerenveen onde marcou inúmeros golos durante uma temporada e meia, tendo sido contratado pelo Ajax no início de 2006. No final dessa temporada sagrar-se-ia o melhor marcador da liga holandesa, feito que repetiria nesta última temporada tornando-se aos 24 anos um dos avançados mais na moda e pretendidos pelos grandes emblemas do velho continente.
É um ponta de lança completo, dotado de excelente técnica e grande poder de finalização. Extremamente ágil, com grande capacidade de desmarcação e óptimo cabeceador pode confirmar todo o seu talento no Euro 2008.

O ausente: Clarence Seedorf
Tudo indicava que Seedorf voltaria a assumir lugar de destaque na organização do meio campo holandês como tem sido hábito nos últimos anos, mas após a divulgação da lista de pré-convocados de Van Basten no início de Maio, telefonou ao seleccionador a pedir-lhe que retirasse o seu nome da lista para estupefacção e incredulidade de Van Basten e dos adeptos da Holanda.
Seedorf tem no seu currículo 87 internacionalizações pela selecção laranja e é o único jogador a ter-se sagrado campeão europeu por 3 clubes diferentes: Ajax, Real Madrid e Milan.
Apesar da indisponibilidade em representar a Holanda no Euro 2008, Seedorf não renunciou oficialmente à selecção o que poderá indicar que poderá regressar após a prova com o novo seleccionador, Bert van Marwijk, presumindo-se assim que divergências de várias ordens com Van Basten terão estado na base da sua decisão.

Craque do passado: Marco van Basten
O actual seleccionador laranja foi o grande responsável pelo único título que a selecção conquistou em toda a sua história, superando assim a lendária geração de 70, vice-campeã mundial em 74 e 78.
Van Basten apontou 5 golos na fase final do Euro 88. Na meia final o relógio tocava o minuto 90 e a Holanda estava empatada a uma bola com a anfitriã RFA e estava já tudo pronto para o prolongamento quando o portentoso avançado descobriu uma brecha na defensiva germânica e apontou o golo do triunfo. Na final encontraram a fortíssima selecção soviética com quem haviam perdido na 1ª fase. Depois de um golo de Gullit, jogada de contra ataque com o mesmo Gullit a cruzar milimetricamente para Van Basten rematar de primeira, sem deixar a bola cair, um dos melhores golos da história do futebol! Quase sem ângulo, a bola saiu disparada a mais de 100 km/h sobrevoando Dassaev, na altura o melhor guarda-redes mundial, anichando-se no ângulo superior contrário, golo monumental!
Van Basten foi considerado o melhor ponta de lança mundial no final da década de 80 e início da década de 90 tendo ganho 3 vezes a Champions com o Milan e também por 3 vezes a Bola de Ouro entre muitos outros títulos. Era um jogador fino, de grande recorte técnico, exímio finalizador, tinha aquilo que se pode definir como uma classe ímpar dentro da grande área. Retirou-se em 1995 com apenas 30 anos depois de sucessivas e graves lesões, é muito provavelmente o melhor jogador holandês de sempre depois do mítico Cruyff.

quinta-feira, maio 29, 2008

Eu vou!



Bon Jovi '(You Want To) Make a Memory'

domingo, maio 25, 2008

Euro 2008: França

7ª presença na Fase Final: 1960, 1984, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008
Palmarés: Vencedor em 1984 e 2000
4º classificado em 1960


Treinador: Raymond Domenech
Treinou a selecção sub-21 gaulesa de 1993 e 2004, altura em que substituiu Jacques Santini na selecção principal, em virtude da eliminação sofrida aos pés da Grécia nos 1/4 de final do Euro 2004.
A fase de qualificação para o Mundial 2006 não principia nada bem e chega a estar seriamente em risco a classificação para a Alemanha, Domenech vê-se obrigado a chamar de volta os veteranos Thuram, Makélélé e Zidane conseguindo a muito custo a qualificação num grupo onde tinha como adversários Irlanda, Israel e Suiça... Já no Mundial voltou a repetir-se a história em novo grupo acessível, o apuramento para os 1/8 de final só foi garantido no último jogo frente ao modesto Togo. Depois vieram estrondosas vitórias frente a Espanha e Brasil, um penalty de Zidane contra Portugal na meia final e a Itália no jogo decisivo. Aí a cabeçada de Zidane em Materazzi e as grandes penalidades deram o triunfo aos azzurri.
Na campanha para o Euro 2008 novamente a Itália no caminho com muita polémica durante toda a fase de qualificação. Uma derrota caseira com a Escócia colocou a classificação em perigo, mas a lógica acabou por prevalecer tendo gauleses e transalpinos garantido o apuramento onde serão novamente rivais no mesmo grupo, desta vez com a concorrência da sempre forte Holanda e da renovada Roménia.
Pessoalmente Domenech pode-se definir como um técnico conservador, com um mau feitio tremendo em especial para com adversários e jornalistas chegando a cair no ridículo de efectuar declarações completamente absurdas... A não convocação de Trezeguet é algo estranho para o qual não encontro explicação plausível...

Equipa provável: (4*2*3*1)
Coupet; Sagnol, Thuram, Gallas e Abidal; Makélélé e Vieira; Ribery, Henry e Malouda; Benzema

Pontos Fortes:
- A manutenção da quase totalidade da estrutura base que chegou à final do Mundial 2006
- Grande e variado leque de opções para Domenech
- O surgimento de novos talentos como Benzema, Nasri, Flamini e Ben Arfa

Pontos Fracos:
- A arrogância e mau feitio de Domenech, talvez o treinador mais antipático do futebol actual
- Opções discutíveis do seleccionador como por exemplo a titularidade de Abidal em detrimento de Evra ou o afastamento de Trezeguet
- A excessiva veterania de dois elementos fulcrais na equipa como Thuram e Makélélé

A figura: Franck Ribéry
Surgiu como quase desconhecido na fase final do Mundial 2006, mas exibições de grande nível levaram-no a ser uma das grandes revelações do evento. Ainda ficou mais um ano em Marselha, mas no Verão de 2007 rumou a Munique para representar o gigante Bayern onde realizou uma temporada de grande qualidade, tendo-se imposto como uma das principais figuras da equipa bávara vencendo a Bundesliga e a Taça da Alemanha.
Ribéry é aos 25 anos um dos melhores extremos da actualidade tendo como principais características uma enorme velocidade, rapidez de execução e brilhante capacidade técnica complementada ainda com um muito razoável poder de finalização. Dele os franceses esperam deambulações ofensivas e lances de génio que façam lembrar Zidane, o último grande ídolo dos gauleses que se despediu após o Mundial 2006.

A revelação: Karim Benzema
De origem argelina, jogou sempre no Ol. Lyon, heptacampeão francês, do qual é titular indiscutível com apenas 20 anos! Avançado muito completo, possante fisicamente, grande capacidade de desmarcação e de finalização, mesclando magistralmente as componentes tácticas e técnicas, é pretendido pelos gigantes do velho continente, mas o Lyon a todos tem dito que é inegociável, pelo menos por mais um ano.
O golo que apontou ao Man Utd na Champions este ano é sublime e demonstra na perfeição toda a sua qualidade e potencial. Na ausência de Trezeguet, irá lutar com Anelka pela titularidade no onze gaulês.

O ausente: David Trezeguet
O franco-argentino destacou-se muito jovem no Mónaco tendo-se sagrado campeão mundial em 1998 com apenas 20 anos. Dois anos depois seria da sua autoria o golo decisivo obtido no prolongamento na final do Euro 2000 contra a Itália que daria o 2º título europeu a França. Nesse mesmo Verão transfere-se para a Juventus onde tem formado uma das melhores duplas de ataque da história do emblema bianconeri com Del Piero. Além de 4 scudetti conquistados dentro de campo sagrou-se ainda o melhor marcador da Série A em 2002 e já tem mais de 160 golos apontados pela vecchia signora.
É um ponta de lança de área, um finalizador nato, exímio no jogo aéreo e de remate pronto e fácil.
Nos últimos anos tem perdido a influência que detinha na selecção francesa tendo sido poucas vezes opção para Domenech na fase de qualificação para o Euro 2008, não sendo surpreendente por este prima a sua ausência nos convocados gauleses, é surpresa sim pela sua qualidade e pela boa época que realizou já que foi o 2º melhor marcador da Série A com 20 golos.

Craque do passado: Michel Platini
O actual presidente da UEFA é considerado o melhor jogador francês de sempre e um dos melhores médios ofensivos da história do futebol destacando-se pela enorme qualidade técnica, capacidade de finalização e a maneira sublime como batia as bolas paradas.
Foi o grande responsável pelo primeiro sucesso da França ao nível de selecções, a conquista do Euro 84, ao apontar 9 golos na fase final em apenas 5 jogos! Marcou em todas as partidas e apontou golos decisivos na meia final contra Portugal e na final contra Espanha.
É apontado como o melhor jogador europeu da década de 80, tendo conquistado inúmeros troféus pela Juventus (2 scudetti, Champions, Taça das Taças, Supertaça Europeia e Intercontinental, entre outros), recebeu 3 vezes consecutivas a Bola de Ouro (1983 a 1985) e venceu em igual período também por 3 vezes seguidas o troféu de melhor marcador da Série A. Retirou-se com apenas 32 anos em 1987.
Treinou a selecção de França de 1988 a 1992, mas não conseguiu qualificar-se para o Itália'90 e foi eliminado logo na 1ª fase no Suécia'92 tendo-se demitido após este fracasso. Foi depois o presidente do Comité de Organização do França'98 e em 2007 concorreu à presidência da UEFA tendo vencido Lennart Johansson, que já ocupava o cargo há 17 anos...

sábado, maio 24, 2008

Insónia demente

Num silêncio ensurdecedor
a noite surge escura como breu
não tarda a madrugada em esplendor
em busca do seu apogeu

A insónia mantém-me acordado
turbilhões de pensamentos em desatino
pelo sonho não revelado
e arrependimento peregrino

A saudade molda-me o futuro
por maior que seja o sucesso
terei sempre um lado obscuro

Finalmente cedo à fadiga
somente ao travesseiro confesso
como é demente a minha cantiga...

sexta-feira, maio 23, 2008

Team Hoyt, as imagens

Meia Maratona, Virginia Beach - 2006

Maratona, Japão - 1994

Ironman, Hawai - 1989

Ironman, Hawai - 1989

Road Race - finais dos anos 70

1ª corrida com a cadeira de correr nova - finais dos anos 70

Maratona, Washington - 1987

Maratona, Boston - 2006

Principais registos:
- 224 Triatlos
- 6 Ironman
- 5 Half Ironman
- 20 Duatlos
- 65 Maratonas
- 81 Meias Maratonas

Principais recordes pessoais:
- 2h40m47s na Maratona
- 1h21m12s na Meia Maratona
- 13h43m37s no Ironman

quinta-feira, maio 22, 2008

A paradinha de Cristiano Ronaldo e a escorregadela de Terry...

Depois de 120 minutos intensos, jogados sempre a um ritmo altíssimo, em que o empate foi sem sombra de dúvida o resultado mais justo, Cristiano Ronaldo e Terry quiseram prolongar ainda mais o suspense pela chuvosa madrugada moscovita ao desperdiçarem de forma singular a respectiva grande penalidade.
O português partiu de semblante carregado, como se 'transportasse às costas todo o peso do mundo do futebol' como descreveu na altura de forma exímia o comentador da RTP, Luís Freitas Lobo, e fez uma paradinha, que durou muito mais que o normal, Cech não se moveu e Ronaldo aguentou até ao último centésimo, rematando já em desespero de causa para a sua esquerda, o checo foi mentalmente mais forte e deteve o penalty... Coube ao inglês apontar o último penalty, se marcasse daria o primeiro título europeu aos londrinos. Terry partiu confiante para a grande área, ajeitou a braçadeira de capitão, mas o relvado encharcado pregou-lhe uma partida já que o seu pé de apoio deslizou no momento do remate levando a bola a passar rente ao poste direito para fora... Incrível! Momento surreal! O United estava de volta ao jogo e acabaria por vencer pouco depois, quando Anelka falhou a sua grande penalidade! Cristiano Ronaldo chorava compulsivamente após sentir que a sua falha não tinha sido trágica, como é belo o futebol ao nos proporcionar momentos únicos e mágicos como foram estes da final da Champions 2008.

A primeira parte só deu United, com Hargreaves bem aberto na direita, Carrick e Scholes a dominarem a intermediária e a imporem um futebol fluído a toda a largura do terreno libertando Cristiano Ronaldo na esquerda, completamente endiabrado ludibriava a forte marcação do poço de força Essien. Foi assim que aos 26' Brown efectua um bom cruzamento da direita, a bola vem tensa rumo ao segundo poste onde aparece C. Ronaldo com uma das suas notáveis diagonais a elevar-se majestosamente e a cabecear de maneira fantástica e sublime para o fundo das redes de Cech! Golo fantástico do extremo português, o 8º na prova e o 42º da temporada!
O Chelsea na primeira parte quase que não existiu tal foi o domínio avassalador dos red devils, mas perto do intervalo uma arrancada de Essien (quem mais haveria de ser), rematou de longe e Lampard surgiu isolado após uma série incrível de ressaltos a fazer facilmente o golo do empate, tremendamente fortuito! O golo do empate animou os blues, na segunda metade surgiram transfigurados e foram eles os dominadores do encontro e a sorte passou a azar quando Drogba num remate notável em desequilíbrio de fora de área levou a bola a descrever um arco e a bater estrondosamente no poste da baliza de Van der Sar!
No prolongamento dois lances dignos de destaque, bola na trave rematada pelo pé esquerdo de Lampard após boa rotação dentro da área e Terry a salvar um golo quase certo de Giggs em sequência de uma arrancada diabólica de Evra pela esquerda. Pela negativa registo para a expulsão de Drogba que mandou uma estalada em Vidic!

Cristiano Ronaldo termina a época como campeão inglês e campeão europeu. Foi o melhor marcador de ambas as provas e venceu ainda a Bota de Ouro como melhor marcador dos campeonatos europeus destacadamente. Apontou 42 golos no total de todas as competições, número fantástico para um extremo. Se ainda assim não for considerado o melhor jogador mundial não consigo imaginar o que precisa de fazer para o vir a ser...

segunda-feira, maio 19, 2008

Euro 2008: Itália

7ª presença na fase final: 1968, 1980, 1988, 1996, 2000, 2004 e 2008
Palmarés: Vencedor em 1968
Finalista em 2000
Semi-finalista em 1988
4º classificado em 1980

Treinador: Roberto Donadoni
Após uma excelente carreira de jogador, nomeadamente no Milan de Sacchi e Capello, Donadoni destacou-se no início da carreira de treinador ao serviço do Livorno onde realizou um trabalho meritório. Apesar disso, muito pouca gente esperava que um técnico relativamente jovem e com pouca experiência fosse o sucessor de Marcello Lippi na nazionale azzurra após a conquista do título mundial.
Tenho pouca coisa de bem a dizer sobre Donadoni, consegue bater os mestres do catenaccio aos pontos, já que lança a Itália numa táctica ultra conservadora com 3 médios defensivos e apresentando um futebol retrógrado de contenção sem o mínimo brilho nem espectacularidade.
Teve uma fase de qualificação algo complicada e pode agradecer muito à Escócia que desperdiçou por culpa própria hipóteses de qualificação ao perder na Geórgia antes de receber os italianos em Glasgow.
As relações com os jogadores não são as melhores, a autêntica novela em que se transformou a chamada de Del Piero para a fase final colocou a esmagadora maioria dos tiffosi contra si, além de nem sequer ter realmente tentado promover os regressos de Nesta e Totti à selecção.
No grupo mais forte do Euro com França, Holanda e Roménia, as dificuldades de Donadoni serão imensas...

Equipa provável: (4*3*2*1)
Buffon; Zambrotta, Cannavaro, Materazzi e Grosso; Gattuso, Pirlo e De Rossi; Camoranesi e Di Natale; Toni.

Pontos fortes:
- Espinha dorsal da equipa fortíssima com Buffon, Cannavaro, Pirlo e Toni
- A astúcia e o cinismo próprio das equipas italianas, bem patenteadas em Toni, finalizador exímio
- O poder de organização a meio campo de Pirlo e Camoranesi e o autêntico joker que poderá ser a super forma de Del Piero

Pontos fracos:
- A táctica ultra defensiva, mesmo para o país inventor do catenaccio
- O longo afastamento de Del Piero, autor de brilhante temporada, após demorado braço de ferro parece que Donadoni deu o braço a torcer e irá chamar o capitão bianconero
- O próprio Donadoni, parece-me um treinador muito medíocre e sem qualidade para liderar a selecção campeã do mundo

A figura: Gianluigi Buffon
É indiscutivelmente o melhor guarda-redes da actualidade e como tal a minha escolha para estrela da selecção azzurra. As suas inegáveis qualidades entre os postes podem valer vitórias aos italianos como sucedeu no Mundial 2006 onde apenas sofreu 2 golos, um autogolo de Zaccardo e um penalty de Zidane. No resto esteve simplesmente irrepreensível, é difícil senão mesmo impossível apontar um ponto fraco a Gigi.
Aos 17 anos já era titular do Parma e aos 20 estreou-se na nazionale no jogo de play-off de qualificação para o Mundial 98 em Moscovo frente à Rússia. Depois de excelentes épocas ao serviço do Parma assinou pela Juve em 2001 por uma verba recorde para um guarda-redes, quase 50 milhões de euros! Desde então tem sido uma das grandes figuras da Juve e apesar da descida de divisão em 2006 manteve-se fiel ao emblema de Turim, sendo actualmente um dos jogadores mais emblemáticos e queridos pelos adeptos ao lado de Del Piero e Nedved.

A revelação: Giorgio Chiellini
Numa selecção azzurra com poucas novidades e poucos jovens escolhi Chiellini como revelação devido em especial às suas últimas duas temporadas onde passou de um promissor lateral esquerdo para uma certeza efectiva como defesa central onde é já aos 23 anos o líder do sector defensivo dos bianconeri.
Cresceu nas camadas jovens do Livorno passando em 2004 para os quadros da Juve que o cederia por empréstimo à Fiorentina, onde uma temporada de excelente nível o levaria a estrear-se pela azzurra com apenas 20 anos. Em 2005 regressou à Juve actuando toda a temporada como lateral esquerdo. Com a descida à Série B e a falta de opções para o centro da defesa, Chiellini que já actuava como central nos sub-21 passou a ser a referência na posição da Juve. Penso que actualmente Chiellini já é superior a Barzagli e a Materazzi, mas Donadoni não deverá pensar assim e Giorgio será muito provavelmente a quarta opção para a posição, embora também possa alinhar na lateral esquerda onde terá a forte concorrência de Zambrotta e Grosso.

O ausente: Francesco Totti
Até há pouco Del Piero parecia vir a ser o indicado para o grande ausente dos azzurri, mas uma segunda parte da temporada de excelente nível coroada com o título de melhor marcador da Série A parece ter demovido Donadoni de o deixar de fora, ao contrário de Cassano que não deverá ser convocado. Após o Mundial 2006, Nesta e Totti deixaram a selecção e Donadoni pouco ou nada fez para os demover da decisão. A lesão de Iaquinta também o poderá deixar de fora da fase final e é uma baixa de vulto já que o avançado da Juve é sempre uma arma secreta de muito valor para lançar na partida em caso de desvantagem no marcador.
Escolho Totti como o ausente de Itália devido à sua enorme versatilidade que lhe permite actuar como trequartista na nazionale e a ponta de lança na Roma. Mesmo que reconsiderasse a decisão de abandonar a azzurra, uma recente lesão num joelho impediria-o de participar na prova. Com a sua ausência assim como a de Cassano, será Del Piero o único fantasista no ataque azzurro.

Craque do passado: Giacinto Facchetti
O lendário jogador do Inter foi o capitão da selecção italiana que venceu o Euro de 68. Foi um defesa de grande categoria, imensamente respeitado e admirado no Calcio. É uma das grandes figuras da história do Inter e da nazionale azzurra. Faleceu em Setembro de 2006 vítima de doença prolongada.
A Itália disputou a fase final do Euro 68 em casa e conquistou o título, mas foi tudo menos uma vitória fácil! Na meia final contra a forte selecção soviética o jogo terminaria empatado a zero e o mesmo resultado manteve-se após o prolongamento. Como na altura não havia desempate por grandes penalidades, decidiu-se na moeda ao ar, com a sorte a estar do lado dos italianos que avançaram para a final onde defrontaram a Jugoslávia. Os jugoslavos adiantaram-se no marcador no primeiro tempo e somente perto do fim Domenghini empatou a partida. Para evitar nova decisão na moeda ao ar foi marcada uma finalíssima para dois dias depois no mesmo Estádio Olímpico de Roma, onde os italianos, mais frescos venceram por 2-0. Coube ao pilar do sector defensivo. Facchetti levantar o troféu, ele que representou Itália 94 vezes, apontando 3 golos.

quinta-feira, maio 15, 2008

Arshavin, os russos e os holandeses

A edição 2007/08 da Taça UEFA revelou à Europa uma excelente equipa do Zenit São Petersburgo, que partindo da 2ª pré-eliminatória, eliminou equipas de grande valor como o AZ Alkmaar, Villarreal, Marselha, Leverkusen e o favorito Bayern Munique, acabando por selar ontem em Manchester frente ao Rangers uma justíssima vitória na prova. Sem grandes nomes em termos de alta roda do futebol europeu a qualidade do jogo da formação destacou-se acima de tudo pela grande capacidade colectiva da equipa em vários níveis, como tácticos, disposição no terreno, movimentações atacantes rápidas e objectivas, grande preenchimento de espaços e muito bem orientados por Advocaat. No meio dessa enorme qualidade colectiva destaco 3 nomes: o médio defensivo e capitão, Tymoschuk, jogador ucraniano que é o autêntico farol da equipa já que é por ele que passa e flui todo o jogo dos russos. O ponta de lança, Pogrebnyak, melhor marcador da competição onde se revelou frio e letal na zona de finalização, que o diga Kahn na meia final... Foi uma pena que tenha falhado a final por suspensão, mas decerto que o teremos oportunidade de o ver em acção no Euro 2008 pela Rússia assim como o melhor jogador em campo na final, o médio ofensivo Arshavin, jogador que me encheu as medidas pela grande qualidade técnica, rapidez de execução e visão de jogo brilhantes nomeadamente no passe fantástico que isolaria Denisov e no qual teve origem o primeiro golo dos russos. Arshavin jogou sempre no Zenit, mas aos 26 anos poderá estar na altura de dar o salto para um grande europeu...
Destaco ainda o treinador, o holandês Dick Advocaat, soube montar e esquematizar uma excelente equipa, com um futebol lúcido e atractivo, onde o sentido colectivo e a grande qualidade e certeza no passe e nas compensações tácticas são os principais pontos fortes da formação russa. Outro técnico holandês, Guus Hiddink estará no comando da selecção nacional russa na fase final do Euro 2008 e ao ver a qualidade de alguns dos jogadores do Zenit que estarão presentes na competição, a de outros jogadores russos aliado à grande capacidade de Hiddink em conduzir selecções modestas como a Coreia do Sul ou a Austrália a grandes feitos nos dois últimos mundiais, pode-se esperar uma grande prestação da selecção russa no Euro 2008...

quarta-feira, maio 14, 2008

Walk On



U2 'Walk On (Hallelujah Mix)'

terça-feira, maio 13, 2008

Dois pesos e duas medidas...

Scolari esteve igual a si próprio ao elaborar a lista de convocados para a fase final do Euro 2008 onde a incoerência das suas escolhas só me leva a concluir que existiram dois pesos e duas medidas...

Começo pelo caso mais notório e significativo que é a ausência do Maniche. Realizou uma primeira parte de temporada muito razoável em Madrid, após desentendimentos com o treinador Aguirre foi cedido por empréstimo ao Inter em Janeiro onde pouco jogou. Se bem me recordo antes do Mundial 2006 aconteceu algo semelhante, insatisfeito no Dínamo de Moscovo foi emprestado na segunda fase da época ao Chelsea sem grandes resultados práticos. Apesar disso Scolari convocou-o e Maniche foi o motor do meio campo luso, cotando-se como um dos melhores portugueses na prova tal como já tinha acontecido no Euro 2004... É-me totalmente incompreensível a decisão de o deixar de fora, só espero que João Moutinho esteja à altura da responsabilidade e consiga substitui-lo a bom nível na posição 8 do meio campo português... Só me refiro ao capitão do Sporting porque não considero que Raul Meireles tenha nível para assumir tal função. Sim, é verdade que fez uma boa época no Porto, mas se analisarmos com rigor, num meio campo onde jogou ao lado da classe e talento de Lucho e da fenomenal capacidade táctica de Paulo Assunção até eu jogava bem! Penso que qualquer jogador mediano fazia na perfeição o lugar de Meireles no Porto e não se notava rigorosamente nada no rendimento da equipa tal é a qualidade dos restantes dois elementos da intermediária.

Petit e Deco realizaram épocas perfeitamente desastrosas quer a nível individual quer a nível colectivo e foram convocados. Estiveram melhor que Maniche? Nem pensar! Muito longe disso... Nem vou falar no Tiago porque joga na minha Juventus e podem-me acusar de favorecimento na análise, só digo que não fez uma época ao seu melhor nível, esteve até distante do que já lhe vi fazer, mas mesmo assim esteve bem melhor que Petit e Deco e a sua qualidade e classe é tremendamente superior à de Raul Meireles...

Passo para a defesa e fico surpreendido com a opção por 4 centrais quando se leva também Miguel Veloso e poderia ter ido igualmente Caneira, o jogador do Valência faz muito bem todos os lugares da defesa e ficou de fora ao que parece preterido por Paulo Ferreia, jogador que desde que saiu do Porto tem descido progressivamente de qualidade. Lugar cativo? Diria que sim, já que na direita Miguel e Bosingwa são indiscutíveis e com a excelente época de Jorge Ribeiro só sobrou um lugar para lateral esquerdo, foi para o afilhado Paulo Ferreira, que não passa de uma adaptação banal ao lugar...

Oxalá a minha leitura esteja completamente errada e Scolari tenha acertado em cheio no lote dos convocados, mas sinceramente não me parece...

Sondagem 'os 23 de Portugal'

Scolari divulgou ontem à noite os 23 jogadores eleitos para estarem presentes na fase final do Euro 2008. Os leitores do Doce Ilusão tiveram a oportunidade de votar nos seus 23 favoritos e acertaram em 18 dos nomes, curiosamente o número de votantes também se cifrou nos 23 e agradeço vivamente a participação de todos.
Há que realçar que eu tinha previsto que Scolari convocaria 3 defesas centrais e 2 médios ofensivos o que não se veio a verificar, daí que na análise seguinte este aspecto já aparece devidamente corrigido. A verde os convocados e a vermelho os excluídos:

Guarda-Redes:
Quim 19 votos (82%)
Ricardo 18 votos (78%)
Eduardo 14 votos (60%) ---> Rui Patrício 6 votos (26%)

Defesas Laterais:
Bosingwa 19 votos (82%)
Paulo Ferreira 17 votos (73%)
Caneira 17 votos (73%) ---> Miguel 10 votos (43%)
Jorge Ribeiro 16 votos (69%)

Defesas Centrais:
Ricardo Carvalho 22 votos (95%)
Bruno Alves 16 votos (69%)
Pepe 13 votos (56%)
Fernando Meira 9 votos (39%)

Centrocampistas:
Maniche 19 votos (82%) ---> Miguel Veloso 9 votos (39%)
João Moutinho 17 votos (73%)
Tiago 17 votos (73%) ---> Petit 7 votos (30%)
Raul Meireles 13 votos (56%)

Médio Ofensivo:
Deco 21 votos (91%)

Extremos:
Cristiano Ronaldo 22 votos (95%)
Quaresma 22 votos (95%)
Nani 22 votos (95%)
Simão 18 votos (78%)

Avançados:
Nuno Gomes 18 votos (78%)
Hugo Almeida 17 votos (73%)
Yannick 8 votos (34%) ---> Postiga 4 votos (17%)

domingo, maio 11, 2008

'Ciao Maestro'

Rui Costa despediu-se hoje dos relvados aos 36 anos, terminando assim uma brilhante carreira com passagens marcantes pelo Benfica, Fiorentina, Milan e selecção nacional. As suas características como jogador são sobejamente conhecidas, técnica individual sublime, grande capacidade de passe, assistências divinais e remate forte. Granjeou classe e categoria durante 18 anos nos relvados portugueses, italianos e europeus, e agora terminada esta brilhante etapa será o novo homem forte do futebol benfiquista. Tenho sérias dúvidas que um homem sério, honesto e humilde como Rui Costa consiga sobreviver no meio de abutres e víboras que é o dirigismo no futebol português...

A primeira memória que tenho do Rui Costa é na meia final do Mundial sub-20 em 1991 frente à Austrália onde um golo solitário seu nos colocou na final frente ao Brasil, final essa decidida nas grandes penalidades onde coube a Rui Costa transformar o penalty decisivo, sagrando-se assim Portugal bicampeão mundial.
Recordo-me da sua saída da Luz em 94 rumo a Florença pouco depois de se sagrar campeão nacional pelo Benfica, que afogado em dívidas foi obrigado a vendê-lo. Rapidamente se tornou ídolo em terras toscanas com a sua fama apenas equiparada à de Batistuta. Recordo-me ainda do seu golo magnífico quase de meio campo contra a Irlanda em 1995 que nos colocou na fase final do Euro 96.
Lembro-me de o ver marcar um golo ao Benfica em pleno estádio da Luz num jogo amigável de pré época com a camisola viola e ter desatado a chorar...
Lágrimas de revolta seriam as que derramou após ter sido injustamente expulso por um energúmeno vestido de árbitro chamado Marc Batta... Era o jogo decisivo de qualificação para o Mundial 98 e Portugal tinha obrigatoriamente que vencer na Alemanha para se apurar e a poucos mais de 10 minutos do fim vencia por 1-0 com um golo monumental de Pedro Barbosa e dava um autêntico banho de bola nos germânicos. Sensivelmente por essa altura é pedida uma substituição e mostrada a placa 10, a de Rui Costa que já tinha visto cartão amarelo. Il maestro dirigi-se normalmente para a linha lateral, a andar como qualquer jogador que se encontra a vencer e quando se encontra a 2 ou 3 metros de sair de campo é-lhe mostrado, para estupefacção de toda a gente, o 2º amarelo e o consequente vermelho... Pouco depois a Alemanha empata a partida, mercê em grande parte da vantagem numérica oferecida e a realização da TV alemã filma Rui Costa sentado à porta do balneário desfeito em lágrimas... Foi das maiores revoltas, senão mesmo a maior que já senti a ver futebol...
Foi injusta e severamente criticado após a derrota com a Grécia no jogo inaugural de estreia por muitos pseudo-comentadores de futebol. Até final da prova foi suplente, não desmoreceu com isso, tendo apontado um golo à Rússia no jogo seguinte e um golaço monumental contra a Inglaterra nos 1/4 de final já no prolongamento. Na final entrou a meia hora do fim e foi quanto a mim o melhor português em campo... não teve a despedida da selecção que merecia, mas individualmente confirmou toda a sua categoria nesses 30 minutos.
Em 2001 a história repete-se e desta vez é a Fiorentina, à beira da falência que se vê obrigada a vender o seu regista, no caso ao Milan e por 35 milhões de euros! Durante 5 anos é idolatrado no San Siro onde vence uma Champions em 2003 e um scudetto em 2004. Individualmente consegue atingir o excelente número de 65 assistências e é como um pai futebolístico para Kaká a quem ensina muitos dos truques de forma a poder triunfar no exigente Calcio.
Em 2006 regressa ao Benfica prescindindo do último ano de contrato com o Milan e de muitos milhares de euros. Se no ano passado a época não foi das melhores devido a algumas lesões este ano foi de longe o melhor jogador encarnado exibindo classe e categoria na sua época de despedida.

Tudo na vida tem um fim e Rui Costa decerto que já tinha o final da carreira bem delineado tal e qual como um sublime passe dos inúmeros que ilustraram a sua carreira... 'Ciao maestro, grazie per tutto'

sábado, maio 10, 2008

'Obviamente demito-o'

10 de Maio de 1958, Lisboa. A sala do café Chave de Ouro estava repleta de personalidades conhecidas pela oposição ao regime salazarista. O general Humberto Delgado apresentava-se como candidato independente à Presidência da República. Após a declaração da candidatura surge a primeira pergunta por parte da imprensa presente, no caso do correspondente da France Press: "Sr. general, se for eleito, que fará do sr. Presidente do Conselho?" De imediato resposta sintomática e elucidativa: "Obviamente demito-o." Esta frase dirigida ao ditador Salazar ficaria para a história...
50 anos depois é publicado por Frederico Delgado Rosa, neto do general, Humberto Delgado - Biografia do General Sem Medo. Na apresentação do livro, Frederico referiu que a frase do seu avô marcou "o começo do fim da ditadura".
A 8 de Junho de 1958 as eleições decorrem sem incidentes de maior, mas com a fiscalização do sufrágio negada aos representantes de Delgado, ocorreu uma fraude gigantesca que dá a vitória à União Nacional de Salazar com cerca de 750 mil votos contra quase 250 mil obtidos pelo general...
Em Fevereiro de 1965, Delgado é atraído para uma cilada por parte da PIDE na fronteira espanhola, mais propriamente em Villa Nueva del Fresno onde é assassinado. Na biografia surge a tese que foi morto na sequência de graves traumatismos no crânio devido a luta e violência física e não assassinado a tiro como vem referido em quase todos os documentos oficiais e livros de história. Frederico sustenta a hipótese com base na autópsia e nas perícias médico-legais feitas pelas autoridades espanholas logo após a morte e ainda nos depoimentos contraditórios dos agentes da PIDE. A verdade é que os arquivos referentes ao assassínio de Humberto Delgado encontram-se em muito mau estado na Torre do Tombo e que vários documentos do processo estão desaparecidos, por isso é presumível que nunca se esclareça fielmente de que forma foi assassinado o general sem medo...

quinta-feira, maio 08, 2008

Euro 2008: Portugal

5ª presença na fase final: 1984, 1996, 2000, 2004 e 2008
Palmarés: Finalista em 2004
Semi-finalista em 1984 e 2000

Treinador: Luiz Felipe Scolari
Após se ter sagrado campeão mundial pelo Brasil em 2002, chegou ao comando da selecção nacional no início de 2003 fazendo elevar as expectativas de Portugal para a disputa em casa do Euro 2004.
Os jogos de preparação foram sofríveis, Scolari teimava em adiar a renovação que se impunha em alguns sectores da equipa e assim se chegou ao jogo de estreia com a Grécia que redundaria numa surpreendente derrota para muitos. Felipão emendou a mão, mexeu na equipa e as vitórias sucederam-se até à final, empolgando e emocionando todo um país como nunca antes se tinha visto. A defensiva e sortuda Grécia tirou o sonho do título, uma derrota amarga que poderia ter sido traumatizante, não o foi porque Scolari soube manter unidas as tropas, a fase de qualificação para o Mundial 2006 foi um autêntico passeio assim como a própria primeira fase dessa prova. Depois de um jogo duro e quezilento com a Holanda e nova decisão nas grandes penalidades contra a Inglaterra, Portugal chegava à meia final onde seria derrotado por um golo de penalty de Zidane.
Terminava assim o estado de graça de Scolari já que a fase de qualificação para o Euro 2008 deixou muito a desejar com perdas de pontos incríveis, atitudes irreflectidas do próprio treinador nomeadamente no final do jogo contra a Sérvia em Setembro passado e a quebra do elán e da confiança que os adeptos portugueses tinham no seu seleccionador. O seu estilo austero, agressivo e disciplinador já não entusiasma e só uma boa prestação no Euro 2008 poderá manter Scolari ao leme de Portugal após a competição.


Equipa provável: (4*2*3*1)
Ricardo; Miguel, Pepe, Ricardo Carvalho e Caneira; Miguel Veloso e Maniche; Cristiano Ronaldo, Deco e Simão; Nuno Gomes.


Pontos Fortes:
-
Cristiano Ronaldo, ter o melhor jogador europeu é sempre uma vantagem
- A sagacidade e a motivação psicológica de Scolari em especial nos jogos do mata-mata
- 4 extremos de grande qualidade que oferecem várias opções tácticas a Scolari antes e durante o jogo

Pontos Fracos:
- A dureza excessiva de Pepe e Bruno Alves podem deitar tudo a perder
- A teimosia e ideias fixas de Scolari nas opções e tácticas escolhidas

- A falta de um ponta de lança de nível europeu e a incógnita Deco que rubricou uma época medíocre


A figura: Cristiano Ronaldo
Aos 17 anos estreava-se no Sporting acabando por realizar toda a época na equipa principal embora ainda tivesse idade de júnior. Em Agosto de 2003 uma exibição do outro mundo na inauguração no novo Estádio de Alvalade frente ao Man Utd levava o gigante inglês a desembolsar 17,5 milhões de euros pela compra do seu passe e assim o jovem prodígio chegava aos 18 anos a um dos melhores clubes europeus.
Após 3 épocas de profunda aprendizagem e evolução a todos os níveis, Ronaldo explodiu positivamente nas duas últimas épocas sendo neste momento inquestionavelmente o melhor jogador europeu da actualidade e para muitos também o melhor do mundo. Há poucos dias voltou a ser considerado
pelo 2º ano consecutivo o melhor jogador da Premiership, domingo irá sagrar-se o melhor marcador da prova e tem ainda fortes chances de ser o Bota de Ouro europeu do ano e o melhor marcador da Champions. Colectivamente está a uma vitória do título inglês e na final da Champions.
Ronaldo é aos 23 anos um extremo temível pela sua velocidade, aceleração, drible e poder de finalização. Aparece como ninguém na zona de remate e para o deter são necessários no mínimo 2 defesas. Se surgir em boa forma no próximo mês de Junho, Portugal pode sonhar...

A revelação: Miguel Veloso
Também caberiam aqui Nani e João Moutinho, mas de entre os vários craques nascidos no viveiro de Alvalade escolhi aquele que me parece ter mais chances de jogar e brilhar no próximo Euro. Com a má forma e época de Petit penso que Veloso irá ocupar a posição 6 tal como já o tinha feito nos últimos jogos de qualificação.

Defesa central de raíz, foi moldado por Paulo Bento para a posição de médio defensivo e o resultado foi impressionante. Dotado de um pé esquerdo com grande capacidade de passe
compensa a falta de velocidade com um posicionamento táctico irrepreensível que lhe permite matar à nascença muitas das jogadas das equipas adversárias e colocar rapidamente e com perigo a bola nos jogadores mais avançados.

O ausente: Rui Costa
Com Deco a ser uma autêntica incógnita devido à época medíocre que realizou e à irregularidade de Carlos Martins, poderia muito bem aos 36 anos ser Rui Costa a actuar na posição 10 de Portugal e sustento esta afirmação com a extraordinária época que realizou ao serviço do Benfica.
Formado nas escolas da Luz, saiu para a Fiorentina em 1994 onde realizaria temporadas de excelente nível levando-o de imediato a atingir o estatuto de um dos melhores jogadores estrangeiros a actuar no Calcio e que o levaria em 2001 a assinar pelo Milan onde venceria a Champions em 2003.
Jogador fino, de grande recorte técnico, capacidade de passe e improvisação notáveis, cedo ganhou a alcunha de maestro, completamente justificada com o passar dos anos e a acumulação de uma classe singular dentro de campo.
Campeão do mundo de júniores em 1991 em Lisboa estaria depois presente em todas os grandes momentos de Portugal até ao Euro 2004, altura em que se despediu em grande da selecção com um golo portentoso frente à Inglaterra e uma exibição categórica na final contra a Grécia, jogo da sua despedida com as quinas ao peito...

Craque do passado: Fernando Chalana
O Euro 84 ficou conhecido na história do futebol como o europeu de Platini, mas não foi o europeu de Chalana por poucos minutos... corria o prolongamento do jogo da meia final entre França e Portugal e os portugueses venciam por 2-1 graças a duas arrancadas do outro mundo de Chalana a oferecer de bandeja 2 golos a Jordão. Apenas a 6 minutos do fim os franceses empatariam para no último minuto um golo de Platini colocar os gauleses na final.
Chalana realizou um Euro 84 simplesmente soberbo tendo sido eleito o segundo melhor jogador da prova e que lhe valeria a transferência milionária na altura do Benfica para o Bordéus. Dotado de um pé esquerdo irreverente, aceleração impressionante, dribles e simulações desconcertantes ficou conhecido como o pequeno genial ou Chalanix devido às parecenças físicas com o herói da banda desenhada Astérix.

Nunca conseguiu impor o seu talento em terras gaulesas regressando ao Benfica em 1988, tendo jogado ainda no Belenenses e Estrela da Amadora no final da carreira. Actualmente, pertence aos quadros técnicos do Benfica e será o treinador interino até final desta época.