Considerando que:
- Em 2012, o governo da troika concessionou, por um período de 50 anos, os aeroportos do país à multinacional francesa Vinci por 1,1 mil milhões de euros;
- Em apenas dez anos, a Vinci já ultrapassou em lucros o valor que “investiu”, como se prepara para acumular, até ao final da concessão, cerca de 20 mil milhões de euros de lucros;
- Foi apenas em Janeiro de 2025, com 13 anos de atraso, que a Vinci apresentou a proposta para a construção do novo aeroporto de Lisboa - uma das principais obrigações inscritas no contrato de concessão;
- No essencial, a proposta da Vinci atira para 2037 (!) a construção que há muito devia estar concluída, intensifica ainda mais a operação no aeroporto da Portela, transfere para o Estado a construção de todos os acessos, incluindo a Terceira Travessia do Tejo, podendo ser indemnizada pelo Estado caso os prazos não sejam cumpridos e aumenta de forma gigantesca as taxas aeroportuárias em Lisboa;
- Acresce a tudo isto a intenção de prolongar por mais 30 anos a concessão dos aeroportos nacionais (até 2092!), ficando o Estado impossibilitado de reverter a concessão até 2067 (o limite actual é 2037), garantindo assim mais 12,5 mil milhões de euros de lucros à Vinci.
Perante estes factos, conhecidos de todos, eu, enquanto 1.º candidato da CDU ao Município de Salvaterra de Magos, afirmei no último debate que a decisão de concessionar/privatizar este sector estratégico da nossa economia tinha sido um desastre para o país, já que o Estado não devia estar nas mãos da ganância dos lucros obscenos de uma multinacional e que tinha muitas dúvidas sobre se os acessos e o próprio aeroporto estarão construídos em tempo útil.
Ora, o 1.º candidato do PS foge ao rigor e à honestidade intelectual quando escreve que "há candidatos que acham que (...) o Aeroporto não vai ser construído".
Naturalmente que Salvaterra de Magos, como concelho limítrofe ao território do novo aeroporto, deve ter um papel bastante mais activo e interventivo em todo este processo, mas essa passividade é uma responsabilidade que recai sobre o actual executivo municipal do PS/JF+.
Para finalizar, desejo sinceramente que estejamos cá todos em 2037, de boa saúde, para podermos avaliar o desenrolar do processo e as respectivas posições prévias de cada um.
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