O Newcastle United corre sérios riscos de cair na 2ª divisão do futebol inglês, o Championship, na sequência de uma temporada conturbada, repleta de mudanças técnicas e directivas que colocam os magpies a 3 pontos da linha de água quando faltam disputar apenas 7 rodadas.
O lendário Kevin Keegan começou a época no comando técnico da equipa, mas graves divergências com a direcção do clube precipitaram a sua saída logo em Setembro, apesar da esmagadora maioria dos adeptos estar do seu lado.
Joe Kinnear assume o cargo de treinador do clube num ambiente de enorme crispação, embora gradualmente tenha sido aceite pelos adeptos em virtude de alguns resultados e exibições positivas, que mantiveram os magpies acima da linha de água. No entanto, em Fevereiro, Kinnear de 62 anos, é submetido a um triplo bypass ao coração ficando Chris Hughton como treinador interino.
Os resultados não aparecem, a produção da equipa decresce a olhos vistos e depois de muita insistência Alan Shearer, antiga estrela do clube, aceita orientar o clube até final da época, naquela que é vista como uma tentativa quase desesperada de evitar o que parece inevitável.
Como jogador Shearer dispensa apresentações, foi o melhor ponta de lança inglês nos últimos 10-15 anos, um finalizador tremendo que se destacou ainda jovem no Southampton, foi campeão inglês em 1995 pelo Blackburn Rovers e transferir-se-ia no ano seguinte para o Newcastle a troco de 15 milhões de libras, verba que na altura constituiu recorde mundial de transferências.
206 golos em 404 jogos tornaram Shearer o goleador mais prolífico da história do clube, onde passou 10 anos sem ganhar qualquer título colectivo. Passados quase 3 anos do seu abandono dos relvados e com 38 anos de idade Shearer regressa ao Newcastle sem a mínima experiência como treinador, embora com a enorme aura que envolvem as grandes lendas de qualquer clube. O seu carisma e personalidade poderão fazer milagres numa equipa destroçada, descrente e profundamente abalada pelos maus resultados.
O desafio no sábado defronte do Chelsea foi forte exemplo disso mesmo. A constituição do plantel em torno de jogadores experientes e consagrados revelou-se um autêntico fiasco. Forma precária, lesões graves e ausências prolongadas explicam o rotundo falhanço de jogadores como Coloccini, Caçapa, Damien Duff, Obafemi Martins, Alan Smith, Geremi, Nicky Butt ou Viduka, autênticos réus caso a despromoção seja consumada.
A saída do excelente guardião Shay Given para o Man City em Janeiro fez aumentar ainda mais as graves lacunas existentes no onze, que nem a vontade e espírito de liderança do capitão Michael Owen, outrora supersónico e temível, conseguem inverter.
Posto isto, a missão de Shearer é praticamente faraónica! O apoio dos adeptos em St. James Park é verdadeiramente impressionante, é o terceiro estádio da Premiership com melhor média de assistência, só batido por Man Utd e Arsenal, mas nem esse factor poderá impedir que o Newcastle siga a queda do Nottingham Forest (bi-campeão europeu em 79 e 80) e do Leeds United (campeão inglês em 92) na divisão inferior do futebol inglês.
