Dia negro para Portugal

Ontem foi um dia negro para Portugal e foi-o duplamente... o mais mediático, tanto que foi possível vê-lo em directo na televisão pública, foi protagonizado pelo seleccionador Luiz Felipe Scolari que, estando à beira de um ataque de nervos provavelmente motivado por mais uma paupérrima exibição da equipa nacional e novo empate comprometedor, envolveu-se em insultos com o jogador sérvio Dragutinovic, já depois da partida terminar, perto do banco de suplentes português, tendo inclusivamente agredido o jogador com um murro desferido pelo braço esquerdo... vergonhoso, humilhante, mau demais para ser verdade... Para piorar as coisas, e agindo de cabeça quente, Scolari não deu o braço a torcer proferindo declarações em que disse não ter agredido ninguém e lançando-se num ataque feroz ao árbitro do encontro, aqui com alguma razão já que o lance do empate foi obtido em claro fora de jogo... Já hoje, mais calmo e com a consciência pesada, Scolari deu uma conferência de imprensa onde assumiu arrependimento e pediu desculpas a todos os portugueses pela sua atitude irreflectida. Em seguida ainda foi entrevistado no horário nobre da televisão pública onde voltou a reafirmar o seu arrependimento e as suas desculpas embora tenha usado argumentos como atenuantes tais como que ia apenas defender Quaresma, que o jogador sérvio é indisciplinado e que o árbitro esteve mal... O que importa mesmo é que Portugal jogou muito mal, está em sérios riscos de não se qualificar, a empatia que existia selecção - público está cada vez mais comprometida e o estado de graça, toda a notoriedade e reconhecimento que Scolari granjeava em Portugal ficou seriamente, talvez mesmo definitivamente abalada... Enquanto isso, a UEFA e a FPF instauraram inquéritos para averiguar o que se passou efectivamente, não estando fora de questão uma suspensão para o treinador brasileiro.

Noutro campo, o governo português recusou-se novamente (Guterres fez o mesmo em 2001) em receber em termos oficiais o líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, Nobel da Paz, alegando não o poder fazer para não comprometer as relações diplomáticas e comerciais com a potência que ocupa o Tibete, a China. Não bastando as constantes humilhações a que os sucessivos governos portugueses se expõem apenas para beijar a mão às grandes potências para garantir migalhas daí provenientes, relembre-se o caso de Durão Barroso na cimeira das Lajes nos Açores, que se revelaria decisiva para a infame invasão do Iraque, em que o então 1º ministro só faltou mesmo engraxar os sapatos aos poderosos Bush, Blair e Aznar... desta vez Sócrates não quis perturbar o gigante chinês que há décadas mantém um domínio e intensa perseguição a todos os monges budistas tibetanos e ao próprio povo tibetano. Há que relembrar que existem no mundo cerca de 400 milhões de budistas e que o Dalai Lama está para eles como o Papa para os cristãos católicos logo, na minha opinião deveria ter sido recebido de uma maneira condigna pelo governo português, tanto que apenas se apresentou em Portugal como líder religioso e não como politico... sempre quero ver, a confirmar-se a visita a Portugal do tirano e ditador líder do Zimbabué, Mugabe, como Sócrates o irá receber... é caso para dizer, viva a hipocrisia!...