O umbigo do Cavaco...

Sempre pensei que o dever e obrigação do presidente da república, eleito democraticamente pelos portugueses, era o de zelar pelos interesses do país e dos cidadãos a que preside e assim fui habituado durante os mandatos de Jorge Sampaio. Infelizmente, com o novo PR não é bem assim já que o mesmo apenas se preocupa e comenta os casos que tenham directamente a ver consigo!
Foi assim no caso do regime da autonomia dos Açores com a novela de interromper as férias em Agosto para uma declaração importantíssima ao país e afinal a montanha pariu um rato! Tudo à espera que Cavaco falasse sobre a grave crise económica e social que assola o país e vem dar uma monumental seca à televisão sobre a garantia dos seus poderes nos Açores...
Depois veio o caso de abuso democrático na Madeira onde não disse uma única palavra sobre o mesmo, o que é no mínimo lamentável devido à gravidade das ocorrências e agora o caso BPN onde apenas interveio para se defender, recusando-se sequer comentar a hipótese de exonerar Dias Loureiro do cargo de conselheiro de estado... Afinal, o tipo só lá ia assinar documentos no final do mês e receber o dele, nada de transcendente portanto e segundo se especula por aí o BPN entrou com uma contribuição bastante generosa para a sua campanha presidencial o que nem é surpresa devido à forte presenças de antigos governantes laranja nos seus órgãos...
Como PM durante 10 anos foi o que foi, com rios de dinheiro a virem da UE preocupou-se quase única e exclusivamente em fazer estradas... Saúde e Educação, as duas principais áreas que medem o nível de desenvolvimento de um país ficaram esquecidas, basta comparar com a Irlanda que na altura beneficiou dos mesmos apoios comunitários e ao invés investiu fortemente nas mesmas estando somente agora a investir em vias de comunicação. Comparem o nível actual de vida irlandês e português e tirem as vossas conclusões, não esquecendo que em 1985 era semelhante...
Posto isto e analisando o seu mandato como presidente da república (nem vou comentar o tristemente célebre "Dia da Raça"...) é caso para dizer que os portugueses foram coerentes na sua escolha em 2006, para um povo individualista nada melhor que um presidente no mesmo tom! É bem visto, de facto não merecemos muito melhor...