quarta-feira, janeiro 20, 2010

A (des)ilusão Obama


Confesso que na altura tinha esperança que o novo líder norte-americano conseguisse colocar em prática algumas das mudanças que tanto preconizou durante a campanha. Não poderia estar mais errado! Passados apenas 12 meses e, exceptuando a propalada reforma na saúde, constato que as promessas de Obama eram tão e somente profundas balelas. Venha quem vier os EUA não mudam a sua essência imperialista e militarista. Curiosamente ou talvez não, o belicismo norte-americano cresceu durante o último ano e, ironia das ironias, foi reconhecido pelo comité Nobel com a atribuição do prémio Nobel da Paz a Obama num singelo "apoio ao que ele está a tentar fazer". Eis o que ele tem realmente feito:

- continuou com a prisão de Guantánamo em pleno funcionamento apesar da promessa do seu imediato encerramento.

- manteve o bloqueio a Cuba tão válido e criminoso como anteriormente.

- enviou mais 40 mil militares para o Afeganistão.

- continuou a ocupar o Iraque e a sugar o seu petróleo.

- instalou bases militares na Colômbia com o objectivo de desencadear golpes militares contra os países que se libertaram do jugo imperialista, nomeadamente a Venezuela, a Bolívia, a Nicarágua e o Equador.

- assegurou que os EUA - única nação que lançou bombas atómicas sobre populações - decidam quem pode ou não pode ter armas atómicas.

- continuou com o apoio tácito ao governo fascista e xenófobo de Israel.

- pactuou com o golpe de estado nas Honduras que depôs Zelaya - próximo de Chávez - e colocou no poder um governo fantoche às mãos dos interesses norte-americanos.

- aproveitou a tragédia no Haiti para enviar 11 mil militares para o país, não para ajudar nas operações humanitárias, mas sim para tomarem o controlo militar do país.

Não é difícil de concluir que Obama tem feito exactamente o mesmo que todos os seus antecessores na Casa Branca fizeram: tentar impor o imperialismo norte-americano como dono incontestado e senhor absoluto do mundo.

E mesmo quando o assunto é política doméstica e combate à crise verifica-se que o neo-liberalismo continua a ditar leis já que enquanto grandes grupos financeiros anunciam a distribuição de milhares de milhões de dólares em bónus aos accionistas e quadros executivos, milhões de trabalhadores norte-americanos são despedidos, engrossando o crescente número de pobres no país.
Só em 2009 foram despedidos 4,2 milhões de trabalhadores nos EUA. As estimativas oficiais apontam para cerca de 10% de desempregados, mas na realidade o valor rondará os 17% explicando-se assim em parte a tremenda queda de popularidade de Obama. O desafio passa agora pela criação de emprego e para a recuperação da economia, estando previsto um aumento de impostos no Orçamento para 2010 o que deverá fazer com que o presidente norte-americano fique ainda mais impopular, não obstante os discursos bonitos e as palavras criteriosamente elaboradas.

2 comentários:

Michel Costa disse...

Pior, JP, foi ler e ouvir em tantos lugares que o envio de tropas para o Afeganistão era um sinal de que Obama queria promover a paz e não guerra.
Acho absurdo que além de manter a conduta de seus antecessores, Obama ainda conte com a compreensão de tanta gente.

Abraço.

João Caniço disse...

Pois é, Michel, aqui esses indivíduos são apelidados de 'obamamaníacos'. Veremos até quando essa 'febre' continuará...
Abraços