segunda-feira, novembro 21, 2011

Ilusão desmontada

Resultados Finais das Eleições Legislativas em Espanha (El País)

Os media dominantes rejubilam: "Espanha vira à Direita", "Estrondosa maioria absoluta do PP" e "A Esquerda sofre a maior derrota de sempre" são algumas das tiradas utilizadas para iludir os menos informados. Vamos lá então desmontar as frases armadilhadas.

A Direita continua a governar em Espanha. Não existe qualquer mudança de fundo na linha de orientação que será seguida pelo novo executivo. Mais subserviência para com os mercados, mais austeridade e desemprego, mais conservadorismo e mais neoliberalismo. Apenas isso. Até os todo-poderosos mercados se fartarem do medíocre Rajoy e imporem um tecnocrata qualquer, como já fizeram na Grécia e em Itália. E a receita para o desastre continuará.

Tivesse Espanha um sistema eleitoral realmente proporcional e nunca o PP alcançaria maioria absoluta com cerca de 45 % dos votos. O incrível número de 52 círculos eleitorais beneficia largamente os dois partidos da alternância. A utilização do patusco método d'Hondt agrava ainda mais a disparidade existente entre o número de votos e o número de mandatos alcançados. Exemplo gritante: o PSOE e a IU. Com cerca de 1/4 dos votos relativamente aos socialistas, a coligação entre comunistas e várias forças progressistas consegue apenas 1/10 dos deputados.

Para além da vertiginosa subida da Izquierda Unida - passou de 2 para 11 mandatos - a esquerda independentista basca (AMAIUR), não obstante a feroz perseguição imposta pelo imperialismo castelhano, passou a ser a maior força política no País Basco e em Navarra, alcançando 7 deputados. Sem esquecer a esquerda republicana catalã (ESQUERRA), que mantém os 3 deputados no Congresso.

Pode-se concluir assim que os espanhóis saíram do caldeirão, mas caíram na fogueira. No entanto, o decréscimo acentuado da bipolarização (passou de 83 para 73 %) e o avanço significativo alcançado pela Esquerda são sinónimos de esperança e confiança para o futuro.

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