As últimas semanas, coincidentes com o novo ano de 2010, têm sido absolutamente negras para o país. Uma sucessão incrível de casos e polémicas que, juntamente com uma crescente agitação social, têm denegrido fortemente a imagem dos governantes e políticos da nossa praça.
Começou no arrastar das negociações para a aprovação do Orçamento de Estado. Naturalmente, o governo PS minoritário encostou-se à direita parlamentar, continuando a proteger de forma indecente a Banca e a Bolsa e os seus lucros obscenos em detrimento da classe trabalhadora e operária que é quem continua verdadeiramente a pagar a crise.
Entretanto, o desemprego continua a aumentar de forma assustadora (segundo dados oficiais está acima dos 10%), um relatório da OCDE coloca Portugal como o terceiro país mais desigual em termos de rendimentos entre os trinta que compõem a organização e o aumento do défice público começa a levar em consideração a hipótese da bancarrota, cenário cada vez mais admissível num país que produz pouco e exporta ainda menos...
Depois a autêntica tempestade num copo de água que foi a lei das Finanças Regionais, um finca-pé vergonhoso por uma autêntica ninharia.
Pelo meio, a estranha censura a Mário Crespo, um episódio de contornos rocambolescos e que faz lembrar a história do menino queixinhas. Para os indefectíveis de Sócrates, que teimavam em crer que os vários casos de supostas pressões a jornalistas eram apenas e tão só campanhas negras com o intuito de denegrir a imagem do PM, devem ter engolido em seco com a divulgação das escutas do processo Face Oculta, onde se confirma preto no branco a intenção de silenciar a voz incómoda da TVI.
Liberdade de expressão limitada, crise económica gravíssima e crise social quase explosiva. O cenário traçado é negro e pior que isso é não parecer existir solução à vista, pelo menos com estes medíocres governantes.
PS: e até no futebol - escape da nação - tem-se discutido acima de tudo os incidentes nos túneis da Luz e de Braga e as cenas de pugilato (Sá Pinto vs Liedson e Carlos Queiroz vs Jorge Baptista). O que acontece dentro das quatro linhas tem ficado para plano muito secundário...