
A esmagadora maioria dos tiffosi do Livorno partilham da ideologia comunista e em 1999 foi formada a claque Brigate Autonome Livornesi com base nesses mesmos ideais e princípios. Durante os jogos do Livorno, os tiffosi cantam o hino de resistência italiana durante a 2ª Guerra Mundial, a Bella Ciao, e o hino comunista italiano Bandiera Rossa, agitam bandeiras vermelhas com a foice e o martelo juntamente com algumas de Cuba e estandartes com imagens de Che Guevara.
Cristiano Lucarelli é um dos filhos mais ilustres da terra, começou a carreira de futebolista no Peruggia em 1993 tendo passado por vários clubes entre os quais o Valência e o Torino até chegar no Verão de 2003 ao Livorno e cumprir assim o seu maior sonho desportivo, representar o emblema da sua cidade. Nessa época de estreia apontou 29 golos, decisivos para o clube amaranto garantir a subida à Série A, 55 anos depois. Lucarelli, tinha metade do seu passe em poder do Torino e rejeitou 1 milhão de euros do emblema granata, decidindo ficar a representar a equipa da sua cidade e coração. 

Lucarelli declarou-se desde sempre comunista por vocação e nascimento, é apoiante do Partito della Rifondiazione Comunista, fundado em 1991 após a extinção do PCI. Durante a sua passagem pelo Livorno usou a maglia número 99 em homenagem ao ano de fundação da claque Brigate Autonome Livornesi e comemorando sempre os golos com o punho direito erguido e fechado, a típica saudação comunista, não estranhando por isso que seja o grande ídolo dos adeptos amaranti. Em 2005 sagrou-se o melhor marcador da Série A com 24 golos, decisivos para voltar a representar a selecção italiana, já que não o fazia desde 1997, quando no decorrer duma partida dos Sub-21 contra a Moldávia disputada no Estádio Armando Picchi, em Livorno, Lucarelli apontou um golo e correu para os tiffosi despindo a maglia azzurra mostrando efusivamente uma camisola estampada com a imagem de Che. Lucarelli foi multado e não voltaria a representar mais a selecção sub-21 depois desse episódio...
No Verão de 2005, o presidente do Livorno, Aldo Spinelli aceita uma proposta do Tottenham pela compra do seu passe, mas Lucarelli rejeita e continua no Livorno, mas a sua relação com o presidente deteriora-se, acabando por sair para os ucranianos do Shakthar Donetsk em 2007, não sem antes ter ajudado a qualificar e a disputar uma competição europeia pela primeira vez na história do Livorno, a Taça UEFA.

Não se adaptou à Ucrânia e regressou em Janeiro de 2008 a Itália, mas ao Parma. Se os adeptos já tinham ficado desgostosos com a sua saída em 2007, pior ficaram com o seu ingresso noutro clube italiano, não sendo de estranhar a dura recepção por parte dos seus outrora devotos tiffosi, no seu regresso ao Armando Picchi em Março passado com a camisola do Parma.
Apesar disso, Lucarelli continua a declarar profundamente o seu amor ao Livorno, clube e cidade. Uma das frases mais sintomáticas disso mesmo proferidas pelo próprio é: "Existem jogadores que com um milhão de euros comprariam iates e Ferrari's, eu compraria simplesmente a camisola do Livorno"...Outras claques fortemente conotadas com a esquerda e/ou extrema esquerda em Itália são as Brigate Nerazzurre (Atalanta), Ottavio Barbieri (Génova), Fossa dei Leoni (Milan) e os Ultras Granata (Torino).