domingo, outubro 11, 2009

Mais do mesmo...


O povo português é hoje chamado às urnas para escolher os seus representantes em 308 municípios e 4260 freguesias.


Não são esperadas grandes mudanças no actual panorama político autárquico. A relação de uma parte significativa do poder local com as populações é ainda bastante baseada nos favores, no caciquismo, no compadrio, nos interesses, no amordaçar da crítica, tornando muitas das eleições uma espécie de jogo com dados viciados.

É assim previsível que muitos concelhos continuem a ser liderados por autarcas corruptos, na senda dos óptimos exemplos transmitidos pelos Isaltinos, Fátimas, Valentins e Ferreiras Torres deste país. O que torna a situação quase hilariante é que é os autarcas são eleitos pelo povo, não são eles que açambarcam o poder, logo chego à conclusão que muitas pessoas preferem ter indivíduos de conduta duvidosa nos destinos do seu município de modo a poderem pactuar com os seus próprios interesses, sejam eles um tacho na câmara, uma licença de construção em terreno não edificável ou outro favorecimento qualquer.
Para além disso um presidente de câmara que apresente como obra umas quantas rotundas, inaugure uma quantidade considerável de obras terminadas à pressa nos últimos meses de mandato e mantenha uma relação estreita com os empreiteiros da zona tem a reeleição quase garantida o que diz tudo sobre as políticas seguidas pela generalidade dos autarcas portugueses.

Daqui a quatro anos, 188 dos actuais presidentes de câmara não se poderão recandidatar devido à lei da limitação de mandatos. Seria uma excelente altura para começar a mudança efectiva na dinâmica e nas políticas implementadas pelo poder local. Falo nomeadamente em verdadeiras políticas de sustentabilidade económica e ambiental, políticas condignas de habitação e realojamento, políticas de ordenamento do território desprovidas de interesses particulares, políticas de emprego que sejam muito mais do que a construção de parques industriais rapidamente transformados em elefantes brancos e o mais importante de tudo que é a revogação da lei de financiamento que favorece a construção desenfreada e a corrupção a rodos!
Infelizmente, durante o próximo mandato deverão ser preparados dignos sucessores para os actuais caciques e é difícil acreditar que poderá então ser alterada alguma coisa de significativo...


Por vezes, mais valia votar numa personagem estilo a que Herman José criou em 1997 para o seu fantástico Herman Enciclopédia:

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