sexta-feira, dezembro 11, 2009

O legado do camarada Korda


Havana, 5 de Março de 1960. Fidel Castro discursava nos funerais públicos em homenagem às 136 vítimas da sabotagem ao barco La Coubre. De repente, surgiu Che. Alberto Korda disparou a sua Leica duas vezes. Guevara virou-se e desapareceu.
Sete anos depois, o editor italiano Giangiacomo Feltrinelli visitou Korda, no seu estúdio, a pedir uma foto do revolucionário. Ele apontou displicentemente para esse retrato de Che, pendurado na parede, a ganhar manchas de tabaco. Feltrinelli, aceitou e vendeu milhares de posters com a efígie de Che após a sua morte na selva boliviana.
O retrato, intitulado Guerrillero Heroico, tornou-se o mais reproduzido da história da fotografia, o retrato mais famoso do mundo e um símbolo do século XX.

Justificar completamenteSegundo Korda, Guevara demonstrava imobilidade absoluta, raiva e dor no momento em que a fotografia foi tirada, evidenciando-se ainda todo o carácter, firmeza, estoicismo e determinação que Che possuía.
Korda nunca recebeu qualquer espécie de remuneração pela foto e nunca se empenhou em recebê-la. A sua intenção ao não o fazer era espalhar os ideais revolucionários da luta de Che Guevara.

Uma grande exposição traz a Lisboa imagens de uma revolução e de um povo, tudo o que Alberto Korda viveu na sombra daquela fotografia de Che Guevara. A iniciativa é da Casa da América Latina e da Câmara Municipal de Lisboa, estando em exibição desde o passado dia 2 de Dezembro de 2009 até ao dia 31 de Janeiro de 2010, na Galeria Torreão Nascente (Edifício Cordoaria Nacional), em Lisboa.
A mostra apresentará 200 obras de Korda, em grande parte inéditas, "seleccionadas de entre milhares de fotogramas do autor e retiradas de arquivos pessoais de vários amigos e colaboradores.
O evento pretende revisitar uma década na vida e na carreira do fotógrafo (1956-1968), abrangendo temas tão diversos como a actividade criativa dos Studios Korda, a moda, o povo, a mulher, o mar e, naturalmente, os líderes revolucionários. Afinal, em 1959 Korda torna-se a sombra de Fidel - até 1968 - tendo acompanhado o presidente cubano nas visitas aos EUA e à União Soviética. Em Novembro de 1959, fotografa os levantamentos populares na Cidade do Panamá e recebe o prémio Palma de Plata para melhor fotojornalista do ano.
A fotografia de Korda espelha a história do seu país. Variada, combativa, colorida, heróica e sofrida. A não perder a sua exposição, aqui ficam algumas das imagens que lá pode encontrar:












4 comentários:

Unknown disse...

Grande artista!!!!
Gostava muito de ir ver a exposição. Tenho pena de estar tão longe :(

Beijinho

João Caniço disse...

Eu espero conseguir ir ver depois do Natal! :P
Beijinhos

Anónimo disse...

Pedro, despacha-te aí da Covilhã e lá vamos nós ver a exposição!Sabes, ainda tenho um dossier(de 1975) cuja capa tem esta foto,do "CHE",andava eu no antigo 7º.ano liceu,hoje 11ºano.Que belos tempos esses no pós-revolução,que ilusão pairava no Povo Português (mais os jovens) de que finalmente o Sol nasceria para todos igualmente e as classes sociais diminuiriam as suas distâncias entre si.Falso!já lá vão 35 anos e cada vez há mais pobreza e mais novos ricos.É preciso ressuscitar CHE GUEVARA para o mundo inteiro! Bjs.MR

João Caniço disse...

Pois é, MR, a ilusão que pairava sobre o povo português foi logo desfeita com o 25 de Novembro de 1975 e o saque que o grande capital faz desde essa altura aos bolsos dos trabalhadores, com a conivência do 'centrão' que nos tem (des)governado durante todos estes anos...
Cuba pode não ser o país ideal, pode não ter liberdade de expressão ou de imprensa, mas tem justiça social, saúde e educação gratuita e de qualidade para todos, fazendo inveja a muitos países dito desenvolvidos. 'Che', se fosse vivo, estaria por certo orgulhoso. Seria muito bom que aparecesse alguém que se lhe aproximasse nos ideais e no espírito revolucionário...
Beijso