terça-feira, agosto 24, 2010

Francisco Lopes... Quem?


Deve ter sido esta a expressão interrogativa da esmagadora maioria do eleitorado português ao conhecerem o nome do candidato escolhido pelo PCP às Presidenciais. Tirando os indefectíveis militantes e simpatizantes comunistas, poucos mais saberão quem é Francisco Lopes, electricista de profissão, deputado eleito por Setúbal e um dos mais influentes dirigentes do Comité Central.

Fiel seguidor da mais pura e imutável ideologia marxista-leninista, está longe de ser uma figura simpática e é um orador terrivelmente enfadonho. Posto isto, nunca seria o meu candidato e dificilmente o será de alguém que não se assuma como comunista convicto. O PCP perdeu assim uma excelente oportunidade de obter um resultado histórico nas próximas Presidenciais, leia-se regressar aos dois dígitos na percentagem.

Imaginem agora se o candidato comunista fosse Octávio Teixeira - provavelmente o melhor parlamentar português da III República ou Carvalho da Silva, secretário-geral da Intersindical Nacional. Figuras respeitadas em todos os quadrantes da política nacional, teriam enorme facilidade em alargar as bases eleitorais do PCP à Esquerda, para além da riqueza de discurso e debate que qualquer uma destas candidaturas iriam trazer ao confronto de ideias com os outros candidatos.

Infelizmente, a velha ortodoxia dos dirigentes comunistas apostou naqueles que muitos consideram ser o líder de facto dentro do partido. Será para anunciar a sucessão de Jerónimo de Sousa (esperemos verdadeiramente que não!) ou para queimar? Qualquer que seja a situação é certo que o PCP pode contar com um resultado eleitoral normal, dentro dos parâmetros habituais dos últimos 20 anos, para alívio de Manuel Alegre e de Fernando Nobre.

Sem comentários: