
Podem alegar os bajuladores e lambe-botas de Mourinho que o Inter jogou cerca de uma hora com dez elementos, mas a verdade é que o estilo ultra-defensivo de jogo praticado pelos nerazzurri não sofreu a mínima alteração com a expulsão de Thiago Motta. Passou de um 4*5*1, para um 4*5*0 com o central blaugrana Piqué a ficar completamente sozinho no círculo central. O guardião Valdés foi um mero espectador da partida.
Arrisco-me a afirmar que muitos jogadores do Inter não passaram sequer da linha de meio-campo durante todo o encontro e o único remate que me recordo é um de Chivu a abrir a segunda parte, completamente inócuo. Feio, muito feio, não me ocorrem outras palavras para classificar a actuação da formação nerazzurra.
Sinceramente, gostava de ver amanhã os comentadores da treta defenderem o seu querido Mourinho, com as tiradas banais do pragmatismo, do resultado e blá blá blá. Depois, lembrar-lhes-ia a tão criticada Grécia de há 6 anos atrás. Nem nos piores sonhos os comandados de Reaghel actuaram de forma tão desprezível como hoje o fizeram os de Mourinho, o treinador mais defensivo e com a maior estrelinha da sorte da actualidade.
A passagem do Inter à final da Champions representa o triunfo da retranca perante o futebol espectáculo. Pode-se acusar Guardiola de ser um eterno romântico, esteve a ganhar em San Siro e nem por sombras pensou em recuar para segurar a preciosa vantagem. Manteve o mesmo estilo atractivo e ofensivo de sempre, algo que lhe saiu imensamente caro, já que sofreu três golos de contra-ataque, que se revelariam fatais no desfecho final da eliminatória.
Pep armou bem a equipa para o encontro de hoje. Colocou Milito na esquerda para segurar Eto'o e Maicon, recuando Touré para o lado de Piqué, de forma a ter mais um organizador de jogo do que propriamente um central. Com a expulsão de Motta, exigia-se de imediato mais ousadia e esperou até ao intervalo para lançar o acutilante Maxwell na esquerda. Pior ainda foram as opções no segundo tempo. É certo que Ibrahimovic está uma sombra do portento que já foi, mas nunca o devia ter retirado de jogo. Por mais que não fosse só a sua estampa física impõe respeito e poderia abrir espaços para colegas vindo de trás. Bojan e Jeffrén ainda são demasiado verdes para estas andanças, tal como se comprovou no incrível falhanço do jovem avançado a pouco mais de 10 minutos do fim. O experiente e outrora letal Henry ficou no banco e parece iminente o divórcio com Guardiola.
Apesar das duvidosas opções tácticas tomadas por Guardiola, o Barça esteve a um passo da final, já que após um brilhante golo de Piqué - a mostrar a Ibrahimovic como se faz - acabou mesmo por marcar o segundo tento, injustamente invalidado por bola na mão em Touré e não mão na bola como o árbitro belga erradamente ajuizou. Depois do empurrão dado por Olarápio, perdão Olegário, Benquerença na partida da primeira mão, nada como outra ajuda para o angelical Moratti, o tipo que afinal também estava (e bem) envolvido no Calciocaos...
Para terminar em beleza, assinala-se a natureza provocadora de Mourinho. Não se contentou em levar para o banco de suplentes Luís Figo, esse mesmo o pesetero e o tipo que cobrou ao Estado português o pequeno-almoço mais caro da história do país, como ainda festejou de forma completamente inqualificável a qualificação, mal o árbitro soprou para o final do encontro. Só foi pena Valdés não lhe ter acertado o passo...
8 comentários:
Pedro, parabéns pelo relato soberbo que fazes do jogo de ontem, mas vou apontar um senão...a tua antipatia pelo Inter revela-se na táctica usada pelo Mourinho, verdade que não foi futebol bonito, mas interessava qualificar e aí estou de acordo com José Mourinho,aliás antes o Inter na final, é uma equipa italiana , do que Barcelona, são espanhóis, e há 2 anos o Barcelona também chegou de maneira muito feia à final, que acabou por ganhar,deixando o Chelsea,injustamente para trás.Este ano a sorte não os acompanhou e ainda bem.É justo que seja o Inter,chegaram legalmente à final.disso não tenhamos dúvidas e tens que admitir que o árbitro puxava descaradamente pelo Barcelona.Mourinho conteve-se... e mal acabou o jogo os "mau perdedores espanhóis" regaram os jogadores do Inter no campo, que vergonha!Isso foi um acto lamentável e repugnante,foi como que a bater-lhes e mandá-los embora.Bonito?Vá lá, vamos mas é torcer pelo português e o resto é história.É preciso apoiar os nossos,é um digno representante do lutador e trabalhador português,viva José Mourinho! Bjs. rosário
Rosário, não creio que o árbitro "puxava descaradamente pelo Barcelona". Aliás, penso exactamente o contrário e se formos a analisar a primeira mão em que o senhor do apito foi o nosso bem conhecido Olegário, estamos conversado...
Quanto à meia-final do ano passado defronte do Chelsea aconselho vivamente a leitura do post que escrevi na altura: http://jp-doceilusao.blogspot.com/2009/05/polemico-e-explosivo.html
Equipa italiana? Nem um único italiano esteve em campo ontem... Quanto ao 'Barça' é acima de tudo uma equipa catalã e não subjugada ao imperialismo espanhol...
Sim, é verdade que antipatizo com o Inter e uma equipa que apresenta um futebol (?) destes não merece o mínimo do meu respeito como apaixonado pela modalidade. Obviamente que na final irei torcer pelo Bayern que pratica um futebol positivo de olhos postos na baliza adversária.
Beijos
Acho que a expulsão de Motta privou a Inter de quaisquer possibilidades ofensivas diante de um adversário tão poderoso quanto o Barça, JP.
Com um placar de 3 a 1 a favor, era loucura se lançar demasiadamente e abrir os espaços que os comandados de Guardiola tanto precisavam.
Como brasileiro, entendo perfeitamente o que quer dizer quando lamenta a derrota do futebol espetáculo. Trata-se de um debate recorrente por aqui.
No entanto, vi a Inter realizando uma partida legítima no Camp Nou. Inclusive, cometendo menos faltas que os Blaugranas.
No fim, não foi um jogo bonito de se ver, mas o resultado final foi justo. Estranho é ver agora os jornais catalães falando em favorecimento à Inter. Onde eles estavam quando o Chelsea foi garfado?
Abraços.
Michel, concordo com essa leitura táctica após a expulsão do Motta, mas a verdade é que o Inter já vinha actuando assim desde o apito inicial. Com certeza que a táctica utilizada por Mourinho é legítima e desprovida de ilegalidade. Não foi bonito de se ver, sendo caso para afirmar que os fins justificam os meios. Pragmatismo acima de tudo, coisa que o 'romântico' do Guardiola não soube fazer quando se apanhou na frente em 'San Siro'. Pode ser que lhe sirva de lição para o futuro...
Se formos pelos dados estatísticos foi um verdadeiro massacre. Cerca de 75% de posse de bola para o Barcelona, 14 remates contra 1 (se é que se pode considerar o alívio do Chivu tal coisa...) e o Xavi sozinho fez quase o dobro dos passes que toda a equipa do Inter junta...
Sobre a partida do ano passado entre o 'Barça' e o Chelsea recordo-me que na altura concordamos que a mesma tinha sido polémica, mas muito exagerada pelos londrinos. Estive a reler o que escrevi nessa altura e apenas descortinei uma grande penalidade claríssima a favor do Chelsea, sem esquecer que o Abidal foi mal expulso, coisa que quase nunca ninguém falou...
Abraços
Pedro, concordo quando dizes:
"Nem um único italiano esteve em campo ontem... Quanto ao 'Barça' é acima de tudo uma equipa catalã e não subjugada ao imperialismo espanhol"...mas infelizmente é assim na maioria dos grandes clubes, não vês o Benfica,a maioria são estrangeiros(o Nuno Gomes,que tanto deu ao clube e à nossa Selecção)nunca mais foi titular.E o grande Porto,no auge dos melhores tempos,também portugueses na equipa,já eram...Assim também o Sporting fazia melhor no campeonato e na Europa se tivesse dinheiro para comprar jogadores lá fora.Olha que o Sporting até fez muito boa figura este ano,o Atlético de Madrid,segundo opinião dos comentadores nem jogou melhor que o Sporting,faltou-lhe uma pontinha de sorte.Pode ser que este ano arranquem com mais força,esperemos que sim... Bjs.
JP,
Ainda sobre esse assunto, escrevi um post no A4L que detalha como vejo a questão.
Abraços.
Bastante pertinentes as tuas considerações, Rosário. De facto, a invasão de estrangeiros nos principais clubes é um problema que deve ser profundamente analisado pelos orgãos competentes.
Sempre defendi e continuo a defender a aposta na formação feita pelo Sporting. Pena é que tenha sido tão mal gerido nos últimos tempos...
Beijos
Obrigado pela dica, Michel, vou já passar por lá.
Abraços
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