domingo, abril 20, 2008

Morreu o cónego sinistro

Foi com este título deveras bem escolhido que a organização distrital de Braga do Bloco de Esquerda se refere à morte do cónego Melo, autor moral do assassinato do padre Max em Abril de 1976 e mentor dos actos de vandalismo e destruição ocorridos nos centros de trabalho do PCP assim como selváticas agressões aos seus militantes e simpatizantes no Norte do país no Verão Quente de 1975.
O padre Max era um jovem sacerdote da diocese de Vila Real, politicamente próximo da UDP, partido de ideologia marxista, de extrema esquerda e actualmente inserido no Bloco de Esquerda, pelo qual era candidato às Legislativas de 1976. No dia 2 de Abril de 1976 seguia no seu carro com Maria de Lurdes Pereira, estudante de 19 anos apoiante da sua candidatura. A viatura sofreria um atentado bombista acabando os dois jovens por falecer, tendo o ataque sido atribuído ao Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), rede bombista de extrema direita que actuou no Norte do país após o 25 de Abril e com a qual o cónego Melo tinha relações privilegiadas para não dizer umbilicais. O processo arrastou-se anos em tribunal e nenhum membro da MDLP foi condenado, muito menos o cónego Melo que nem sequer réu chegou a ser... Otelo Saraiva de Carvalho, mentor e herói do 25 de Abril, homem a que o nosso país muito deve foi condenado e preso 5 anos por supostas e nunca provadas ligações à organização de extrema esquerda FP-25...
No Verão de 1975 o Partido Comunista procurava alargar a sua influência ao Norte do país com a abertura de vários centros de trabalho, estabelecimento de contactos em sindicatos e adesão de militantes encontrando no cónego Melo o seu mais feroz adversário, digno representante da direita reaccionária que não se conformava com a perda de privilégios após o 25 de Abril. O cónego Melo era e foi até sábado muito influente em Braga, nessa época despoletou e incentivou o ódio aos comunistas através de discursos inflamados ao muito religioso povo do Norte do país. O resultado foi uma onda de violência brutal para com sedes, centros de trabalho e militantes comunistas. Tal como no caso do assassinato do padre Max, o cónego Melo nunca respondeu por estes crimes...
Este post não é politicamente correcto, nem é essa a minha maneira de escrever, apenas exprimo a minha opinião e não sou nem nunca fui de maiorias. É comum em Portugal, quando as pessoas morrem esquecerem-se automaticamente os seus defeitos e passarem a ser apenas elogios e virtudes. Um homem que ordenou tais crimes contra portugueses, pessoas com ideais iguais ou semelhantes aos meus não merece o meu respeito, se Deus existir mesmo terá muitas contas a prestar com o nosso criador...

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