domingo, abril 27, 2008

Euro 2008: Rep. Checa

7ª presença na Fase Final: 1960, 1976, 1980, 1996, 2000, 2004 e 2008
Palmarés: Vencedor em 1976
Finalista em 1996

3º lugar em 1960 e 1980
Semi-finalista em 2004

Treinador: Karel Brückner
Liderou a selecção checa de sub-21 de 1997 a 2002, altura em que venceu o Europeu da categoria tendo sido de imediato nomeado seleccionador nacional substituindo Jozef Chovanec que falhara a presença na fase final do Mundial 2002. Brückner encetou logo uma ampla renovação na selecção checa chamando alguns dos seus antigos craques nos sub-21 para a equipa principal mesclando juventude e experiência, formando uma equipa fortíssima, que deslumbrou pelo excelente futebol praticado na fase final do Euro 2004, com vitórias estrondosas perante Holanda, Alemanha e Dinamarca, soçobrando apenas na meia-final perante os insípidos gregos que defenderam durante 120' marcando um golo tão fortuito como injusto que eliminaria os checos.
Foi com praticamente o mesmo lote de jogadores que chegaram ao Mundial 2006 como um dos grandes favoritos ao triunfo final. Após uma vitória fácil com os EUA, uma tarde infeliz com a surpresa Gana confirmada com nova derrota perante a Itália atiraria os checos para casa logo no fim da 1ª fase.
A fase de qualificação para o Euro 2008 foi tremendamente acessível já que só a Alemanha deu luta aos checos, decidindo-se o 1º lugar do grupo em Munique com brilhante vitória dos comandados de Brückner por 3-0. O treinador de 68 anos já avisou que se despedirá do cargo de seleccionador nacional após o Euro 2008 e quererá certamente fechar com chave de ouro a sua passagem pelo cargo.


Equipa provável: (4*4*2)
Cech; Grygera, Ujfalusi, Rozenhal e Jankulovski; Plasil, Galasek, Rosicky e Sionko; Baros e Koller.

Pontos Fortes:
- Dupla ofensiva fortíssima, que se complementa de maneira quase perfeita

- Linha defensiva segura, os 4 titulares actuam em equipas de topo do Calcio

- Rotinas e estilo de jogo vigentes há vários anos

Pontos Fracos:
- A previsível forma precária de Cech e Rosicky, assolados por muitas e demoradas lesões durante a época

- A veterania de jogadores chave como Galasek e Koller

- A ausência de Nedved, o melhor jogador checo da última década

A figura: Tomás Rosický
É aos 27 anos o maestro da equipa, detentor de grande visão de jogo, mesclando grandes capacidades técnicas e tácticas que fazem dele o cérebro e patrão da selecção checa.
Despontou muito jovem no Sparta Praga, tendo sido contratado com apenas 20 anos pelos alemães do Borussia Dortmund onde realizou 5 temporadas de grande nível destacando-se sempre como uma das principais referências da equipa, tendo vencido a Bundesliga em 2002. No Verão de 2006 é contratado pelo Arsenal para substituir Robert Pires. Esta época tem sido assolado por várias lesões que podem impedi-lo de se apresentar ao melhor nível nos relvados suíços e austríacos.

A revelação: Martin Fenin
Aos 21 anos o talentoso avançado checo poderá ser uma das grandes revelações da prova, ele que se sagrou vice-campeão mundial de sub-20 no ano passado no Canadá, marcando 3 golos na competição, um dos quais de excelente nível na final contra a Argentina. Formado nas camadas jovens do Teplice, esteve muito perto de assinar pela Juventus no mercado de Inverno passado, mas o Eintracht Frankfurt foi mais lesto e preciso garantindo a sua contratação por cerca de 4 milhões de euros. As suas principais características são a capacidade de drible e desmarcação.

O ausente: Pavel Nedved
Continua a ser aos 35 anos a grande figura do futebol checo e apesar de terem chovido pedidos de regresso à selecção vindo de vários quadrantes, Nedved recusou regressar alegando que é hora de dar oportunidades aos mais novos e que a sua época na equipa nacional tinha terminado. Em 1996 foi uma das grandes figuras da selecção que se sagrou vice-campeã europeia rumando nesse ano à Lazio onde se manteve até 2001, ano em que assinou pela Juventus, seu clube actual. Participou ainda nas fases finais do Euro 2000 e 2004 e na do Mundial 2006. Jogador de grande capacidade física, evoluído técnica e tacticamente, tem na capacidade de remate fortíssimo com qualquer um dos pés o seu grande cartão de visita. Venceu a Bola de Euro 2003 como melhor jogador europeu do ano, tendo ainda sido eleito jogador checo do ano em 1998, 2000, 2001, 2003 e 2004. Encontra-se em fase de reflexão para prolongar ou não a seu contrato com a Juve e a carreira por mais um ano.

Craque do passado: Antonín Panenka
S
agrou-se campeão europeu em 1976 pela Checoslováquia numa final decidida nas grandes penalidades perante a RFA após o jogo ter terminado num empate a duas bolas. Depois de 9 grandes penalidades o resultado estava em 4-4 e se o centrocampista do Bohemians concretizasse os checoslovacos venceriam a final. Panenka arrancou em corrida, chegou junto da bola e na hora de rematar reparou que o guarda redes alemão já começara a tombar ligeiramente para a esquerda esperando provavelmente um remate forte, Panenka meteu o bico da bota por baixo da bola dando-lhe apenas um leve toque que a fez levantar num pequeno chapéu, descendo rapidamente em folha seca, passando suavemente o risco final consagrando a Checoslováquia como campeã europeia perante a campeã mundial RFA. Estava assim inventado o estilo de penalty à Panenka, que tornou um jogador checo de bom nível numa lenda do futebol mundial.

5 comentários:

Ga b riel Ba lta zar disse...

Olá caro JP mal abri o teu blogue chamou-me logo a atenção porque a Rep. Checa foi sempre uma selecção que desde 2004 me despertou a atenção pelo perfil do seu treinador. Vou tentar comentar por partes:

- A Rep. Checa em 1976 de facto venceu o Europeu na altura ainda integrante da antiga Checoslováquia. Em 1996 Karel Poborsky traiu Vitor Baía. Em 2000 não passou a fase de grupos e em 2004 um golo de prata de uma estranha Grécia deitou por terra o sonho Checo (e uma lesão madrugadora de Nedved não terá sido coincidencia a mais?).

- "Brückner encetou logo uma ampla renovação na selecção checa chamando alguns dos seus antigos craques nos sub-21 para a equipa principal mesclando juventude e experiência, formando uma equipa fortíssima, que deslumbrou pelo excelente futebol praticado na fase final do Euro 2004, com vitórias estrondosas perante Holanda" - não poderia estar mais de acordo. E digo mais no ano de 2007 e Bruckner teve novamente de fazer renovação na selecção e mesmo apesar dos pedidos para que Nedved regresse isso não parece que venha a acontecer, e a meu ver será Rosicky a fazê-lo esquecer. E essa vitória espantosa sobre a Holanda a acontecer aqui no Municipal de Aveiro. Nessa noite so me lembro de passar na estação de comboios depois do jogo e ver um comboio empilhado de laranja rumo a Braga. Foi talvez esse Holanda 2-3 Rep. Checa o jogo mais espectacular do Euro a par do Inglaterra vs Portugal.

O apuramento foi limpo para o Euro 2008 e não tenho dúvidas que é uma das favoritas a chegar à fase dos 4´primeiros.

Apesar das lesões de Rosicky acredito que o médio checo terá uma oportunidade de mostrar o seu valor que vem demonstrado desde os tempos do Borussia Dortmund. Terá a cargo o papel de pensar e começar o jogo ofensivo da selecção.

"Formado nas camadas jovens do Teplice, esteve muito perto de assinar pela Juventus no mercado de Inverno passado, mas o Eintracht Frankfurt foi mais lesto e preciso garantindo a sua contratação por cerca de 4 milhões de euros" - desconhecia. Aliás não percebo como a Juve pode ser menos aliciante para um jogador em comparação com o Eintracht, apesar do seu historial mesmo na Europa.

Nedved, esse jogador dado como exemplo de profissionalismo pelo próprio José Mourinho na altura do Euro 2004, é uma pena a sua ausência. Quando via este jogador pelas primeiras ocasiões em 2001/2002 na Champions pela Juve e mesmo no Euro 2004 era notória a sua "hiperactividade futebolística". Fantástico vê-lo jogar.

"Estava assim inventado o estilo de penalty à Panenka, que tornou um jogador checo de bom nível numa lenda do futebol mundial." - o tal estilo de marcar penalties muito característico no futebol actual. O Jaime do Leixões bem o quis imitar mas não resultou e pôs-se a andar. É uma marca para os checos nessa final dramática de 76.

Abraços e desculpa o testamento ;)

João Caniço disse...

Que é isso Gabriel, se há coisa que me dá gozo no 'mundo' dos blog's é poder debater após um excelente comentário como foi este teu :)
A tua análise histórica está certíssima, quando se sagraram campeões europeus em 1976 os checos faziam parte da Checoslováquia que se dissolveu em 1993 dando origem à Rep. Checa e à Eslováquia. Tal como acontece com a Rússia em relação à URSS a Rep. Checa surge como legítima herdeira da Checoslováquia. Em 1996 aquela 'chapelada' do Poborsky ao Vítor Baía foi muito dolorosa, mas ao mesmo tempo sublime...
No Euro 2000 tiveram muito azar ao ficarem inseridos no grupo da França e da Holanda e ao perderem ambos os jogos pela margem mínima depois de boas exibições e algum azar nesses mesmos jogos... Mesmo assim ainda deu para marcar 3 golos no dinamarquês Schmeichel no jogo de despedida da prova.
Em 2004 foi quanto a mim a selecção que melhor futebol praticou durante a prova e tal como tu também considero o Holanda-Rep. Checa o melhor jogo do torneio. A lesão do Nedved na meia final teve muita influência no desenrolar do jogo, já que ele era na altura muito provavelmente o melhor jogador europeu... depois foi a sorte de uma cínica Grécia que marcou na sequência de um pontapé de canto, feito igualmente conseguido dias depois para tão nossa triste memória...
Admiro Bruckner pelo excelente futebol que conseguiu implementar na selecção checa e pela maneira hábil como renovou a equipa nacional prescindindo de quase todos os heróis do Euro 96 (os últimos resistentes foram Poborsky e Nedved no Euro 2004 e o juventino no Mundial 2006) e lançando muitos dos campeões europeus sub-21 em 2002 tais como Cech, Rosicky, Grygera, Baros,...
Vou tentar colocar aqui uma análise idêntica aos outros favoritos à conquista do título europeu até Junho, fica atento ;)
O Rosicky neste momento é uma total incógnita, não arrisco prognósticos para a sua prestação na fase final...
O Fenin parece ter muito potencial, cheguei a ler em Dezembro que a Juve tinha praticamente tudo certo com o Teplice, mas não sei ao certo o que se passou para ter assinado pelos alemães... a ver vamos se como 'bianconeri' não terá sido um erro não se ter apostado neste jovem checo...
Nedved é um dos meus jogadores favoritos dos últimos 12 anos e é uma pena que não queira participar no Euro 2008, espero que ele renove por mais um ano com a 'nossa' Juve porque a sua qualidade e classe permanecem intactas quase com 36 anos! Fantástico Pavel!
É, o penalty à Panenka está muito na moda ultimamente, esse tal Jaime do Leixões por certo não deverá tentar tão depressa tal façanha. Realço o momento único e especial em que o jogador checo conseguiu a tal proeza, no penalty decisivo que daria o título europeu aos checoslovacos, um feito notável e que imortalizou Panenka no mundo do futebol!
Um forte abraço e muitos parabéns pelo teu excelente comentário :)

Anónimo disse...

Uau!!!
Passo aqui novamente amanhã para ler e acompanhar o debate de vocês. Que bacana ver um jovem como Gabriel tão inteligente, com idéias legais e que sabe se expressar tão bem.

Abraços e ótima semana para vocês!

PS. E essa idéia de falar da Euro vem em boa hora.

Ga b riel Ba lta zar disse...

Obrigado Cyntia. Mas nem me considero um bom orador.

Abraços. Boa semana também "pára vócê" :)

João Caniço disse...

Fica à vontade para debater connosco sobre a Rep. Checa, Cyntia. É verdade, o Gabriel é um jovem de enorme talento, dá um imenso gosto 'conversar' com ele aqui na blogosfera :)
Em breve irei postar novas análises aos outros favoritos, óptima semana para ti também :)
Abraços