segunda-feira, maio 19, 2008

Euro 2008: Itália

7ª presença na fase final: 1968, 1980, 1988, 1996, 2000, 2004 e 2008
Palmarés: Vencedor em 1968
Finalista em 2000
Semi-finalista em 1988
4º classificado em 1980

Treinador: Roberto Donadoni
Após uma excelente carreira de jogador, nomeadamente no Milan de Sacchi e Capello, Donadoni destacou-se no início da carreira de treinador ao serviço do Livorno onde realizou um trabalho meritório. Apesar disso, muito pouca gente esperava que um técnico relativamente jovem e com pouca experiência fosse o sucessor de Marcello Lippi na nazionale azzurra após a conquista do título mundial.
Tenho pouca coisa de bem a dizer sobre Donadoni, consegue bater os mestres do catenaccio aos pontos, já que lança a Itália numa táctica ultra conservadora com 3 médios defensivos e apresentando um futebol retrógrado de contenção sem o mínimo brilho nem espectacularidade.
Teve uma fase de qualificação algo complicada e pode agradecer muito à Escócia que desperdiçou por culpa própria hipóteses de qualificação ao perder na Geórgia antes de receber os italianos em Glasgow.
As relações com os jogadores não são as melhores, a autêntica novela em que se transformou a chamada de Del Piero para a fase final colocou a esmagadora maioria dos tiffosi contra si, além de nem sequer ter realmente tentado promover os regressos de Nesta e Totti à selecção.
No grupo mais forte do Euro com França, Holanda e Roménia, as dificuldades de Donadoni serão imensas...

Equipa provável: (4*3*2*1)
Buffon; Zambrotta, Cannavaro, Materazzi e Grosso; Gattuso, Pirlo e De Rossi; Camoranesi e Di Natale; Toni.

Pontos fortes:
- Espinha dorsal da equipa fortíssima com Buffon, Cannavaro, Pirlo e Toni
- A astúcia e o cinismo próprio das equipas italianas, bem patenteadas em Toni, finalizador exímio
- O poder de organização a meio campo de Pirlo e Camoranesi e o autêntico joker que poderá ser a super forma de Del Piero

Pontos fracos:
- A táctica ultra defensiva, mesmo para o país inventor do catenaccio
- O longo afastamento de Del Piero, autor de brilhante temporada, após demorado braço de ferro parece que Donadoni deu o braço a torcer e irá chamar o capitão bianconero
- O próprio Donadoni, parece-me um treinador muito medíocre e sem qualidade para liderar a selecção campeã do mundo

A figura: Gianluigi Buffon
É indiscutivelmente o melhor guarda-redes da actualidade e como tal a minha escolha para estrela da selecção azzurra. As suas inegáveis qualidades entre os postes podem valer vitórias aos italianos como sucedeu no Mundial 2006 onde apenas sofreu 2 golos, um autogolo de Zaccardo e um penalty de Zidane. No resto esteve simplesmente irrepreensível, é difícil senão mesmo impossível apontar um ponto fraco a Gigi.
Aos 17 anos já era titular do Parma e aos 20 estreou-se na nazionale no jogo de play-off de qualificação para o Mundial 98 em Moscovo frente à Rússia. Depois de excelentes épocas ao serviço do Parma assinou pela Juve em 2001 por uma verba recorde para um guarda-redes, quase 50 milhões de euros! Desde então tem sido uma das grandes figuras da Juve e apesar da descida de divisão em 2006 manteve-se fiel ao emblema de Turim, sendo actualmente um dos jogadores mais emblemáticos e queridos pelos adeptos ao lado de Del Piero e Nedved.

A revelação: Giorgio Chiellini
Numa selecção azzurra com poucas novidades e poucos jovens escolhi Chiellini como revelação devido em especial às suas últimas duas temporadas onde passou de um promissor lateral esquerdo para uma certeza efectiva como defesa central onde é já aos 23 anos o líder do sector defensivo dos bianconeri.
Cresceu nas camadas jovens do Livorno passando em 2004 para os quadros da Juve que o cederia por empréstimo à Fiorentina, onde uma temporada de excelente nível o levaria a estrear-se pela azzurra com apenas 20 anos. Em 2005 regressou à Juve actuando toda a temporada como lateral esquerdo. Com a descida à Série B e a falta de opções para o centro da defesa, Chiellini que já actuava como central nos sub-21 passou a ser a referência na posição da Juve. Penso que actualmente Chiellini já é superior a Barzagli e a Materazzi, mas Donadoni não deverá pensar assim e Giorgio será muito provavelmente a quarta opção para a posição, embora também possa alinhar na lateral esquerda onde terá a forte concorrência de Zambrotta e Grosso.

O ausente: Francesco Totti
Até há pouco Del Piero parecia vir a ser o indicado para o grande ausente dos azzurri, mas uma segunda parte da temporada de excelente nível coroada com o título de melhor marcador da Série A parece ter demovido Donadoni de o deixar de fora, ao contrário de Cassano que não deverá ser convocado. Após o Mundial 2006, Nesta e Totti deixaram a selecção e Donadoni pouco ou nada fez para os demover da decisão. A lesão de Iaquinta também o poderá deixar de fora da fase final e é uma baixa de vulto já que o avançado da Juve é sempre uma arma secreta de muito valor para lançar na partida em caso de desvantagem no marcador.
Escolho Totti como o ausente de Itália devido à sua enorme versatilidade que lhe permite actuar como trequartista na nazionale e a ponta de lança na Roma. Mesmo que reconsiderasse a decisão de abandonar a azzurra, uma recente lesão num joelho impediria-o de participar na prova. Com a sua ausência assim como a de Cassano, será Del Piero o único fantasista no ataque azzurro.

Craque do passado: Giacinto Facchetti
O lendário jogador do Inter foi o capitão da selecção italiana que venceu o Euro de 68. Foi um defesa de grande categoria, imensamente respeitado e admirado no Calcio. É uma das grandes figuras da história do Inter e da nazionale azzurra. Faleceu em Setembro de 2006 vítima de doença prolongada.
A Itália disputou a fase final do Euro 68 em casa e conquistou o título, mas foi tudo menos uma vitória fácil! Na meia final contra a forte selecção soviética o jogo terminaria empatado a zero e o mesmo resultado manteve-se após o prolongamento. Como na altura não havia desempate por grandes penalidades, decidiu-se na moeda ao ar, com a sorte a estar do lado dos italianos que avançaram para a final onde defrontaram a Jugoslávia. Os jugoslavos adiantaram-se no marcador no primeiro tempo e somente perto do fim Domenghini empatou a partida. Para evitar nova decisão na moeda ao ar foi marcada uma finalíssima para dois dias depois no mesmo Estádio Olímpico de Roma, onde os italianos, mais frescos venceram por 2-0. Coube ao pilar do sector defensivo. Facchetti levantar o troféu, ele que representou Itália 94 vezes, apontando 3 golos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Excelente post sobre a Azzurra!

Vamos ver como a seleção se sai nessa Euro. parece que o contrato de Donadini está trelado ao desempenho do time na Euro.

Com essa maneira de jogar que me lembra Maldini pai, e a teimosia que remete ao pior de Sacchi, não sei se torço pela permanência dele, ou se desisto da Azzurra dessa vez :)

Que saudades de Lippi!

João Caniço disse...

Obrigado Cyntia :)
É, parece que a renovação de contrato do Donadoni está dependente do desempenho da 'azzurra' no Euro. Concordo plenamente com essa tua análise, realmente só me lembro de ver a Itália jogar tão pouco no tempo do Sacchi e do Maldini... Lippi foi de longe o melhor que vi a comandar a 'azzurra', mas no Euro 2000 Zoff também teve uma boa campanha e praticavam um bom futebol.
Ciao!