sexta-feira, novembro 13, 2009

E agora, Portugal?


Como será sem Cristiano Ronaldo? Ultrapassada a inócua e estéril polémica com o Real Madrid sobre a utilização do capitão português nos decisivos confrontos frente à Bósnia-Herzegovina que valem uma vaga no Mundial, há que pensar seriamente nos muitos equívocos e incógnitas em que está envolvida a equipa nacional neste play-off.

Nani tem convivido de perto com o espectro de ser encarado como o substituto de Cristiano Ronaldo no Man Utd. Com exibições intermitentes, tem estado longe do rendimento atingido pelo antigo camisola 7 dos red devils. Esperemos que na selecção esteja bastantes furos acima e prove, de uma vez por todas, que tem potencial para se afirmar como um jogador de topo!

Dizem as más línguas que Simão Sabrosa sofre de uma enorme dor de cotovelo relativamente a Cristiano Ronaldo, não apenas pela fama e reconhecimento internacional granjeados pelo madeirense, como especialmente pela braçadeira de capitão da selecção perdida. A realizar um péssimo início de temporada no Atlético de Madrid, espera-se que Simão, para além da responsabilidade de capitanear a equipa das quinas, volte a evidenciar a qualidade que o notabilizou.

Raul Meireles tem efectuado um início de temporada desastroso no FC Porto, algo a que não será alheia a ausência de Lucho, cedido ao Marselha. Sem a presença de el comandante, o futebol de Meireles tem-se revelado opaco, cinzento e medíocre. Apesar disso, Queiroz deverá teimar em colocar o médio portista como titular, em detrimento de João Moutinho ou Tiago, algo a que na minha óptica se apelida de triste obsessão.

Não há dúvidas para ninguém que Pepe é um dos melhores centrais da actualidade e seria completamente lógico que formasse dupla com Ricardo Carvalho na selecção. O problema é que Queiroz morre de amores pelo rudimentar e caceteiro Bruno Alves, derivando o luso-brasileiro para pivot defensivo do meio-campo, lugar totalmente contra-natura, onde são por demais evidentes as fragilidades de passe e organizativas do jogador do Real Madrid.
Pedro Mendes poderia ter ganho o lugar, mas uma arreliadora lesão deixou-o de fora do play-off. Posto isto, Miguel Veloso seria a principal alternativa, mas olhando para o lado esquerdo da defesa e vendo o frágil Duda como opção, esperemos vivamente que o sportinguista seja o eleito para actuar como lateral esquerdo.
E porque não, na partida de Lisboa onde Portugal deve ser francamente ofensivo, colocar Fábio Coentrão na lateral esquerda? O jovem do Benfica tem estado em excelente forma, mostrando uma evolução assinalável e uma forte tendência para efectuar assistências.

No lado contrário reside um grande problema devido à baixa por lesão de Bosingwa. El gordo Miguel deverá ser o titular, mas está longe de oferecer garantias. A opção passa por um dos tipos com melhor emprego a nível mundial, Paulo Ferreira. Há cerca de três anos que o jogador do Chelsea não joga com a mínima regularidade, limitando-se a ocupar um lugar de destaque no banco ou na bancada do Stamford Bridge, sem deixar de auferir um chorudo salário. Alguém percebeu o porquê da sua convocatória? Porque razão não foi chamado antes o versátil Rúben Amorim, que tem desempenhado bastante bem a função na Luz?

Depois do calvário de um ano, finalmente Deco assume-se como figura a ter em linha de conta no Chelsea, esperando-se que a boa forma se estenda à selecção nacional. Sem colocar em causa a importância do maestro, seria de bom tom a chamada da jovem revelação Rúben Micael, já um dos melhores jogadores da liga portuguesa e que poderia ser uma boa opção ofensiva para lançar em caso de necessidade.

Finalmente na frente de ataque deseja-se que Liedson termine a má fase revelada no Sporting e reencontre o caminho para os golos. Saúda-se o regresso de Hugo Almeida, sempre uma boa opção para um tipo de futebol mais directo, mas questiona-se a chamada de Edinho e o esquecimento de Nuno Gomes. O avançado do Málaga é provavelmente o jogador mais fraco que já vi a representar as cores verde-rubras! Não tem a mínima qualidade para tal, não acrescentando rigorosamente nada à selecção. Mesmo não jogando muito no Benfica, Nuno Gomes é Nuno Gomes! É um jogador de selecção, extremamente experiente, inteligente e que pode sempre ajudar a vencer uma partida.

Dissecadas as incógnitas e os equívocos resta-nos torcer para que todos estes detalhes sejam apenas isso, meros detalhes, e que Portugal consiga, com maior ou menor dificuldade, garantir a qualificação para o Mundial!

2 comentários:

Michel Costa disse...

JP,
Assisti a boa parte da partida entre Portugal e Bósnia, ontem. E me surpreendi muito com Pepe jogando como "trinco" como vocês dizem. O brasileiro cobriu os dois lados, marcou bem e fez uma partida nota 8 em minha opinião.
Me decepcionei um pouco com Nani. Quando ele surgiu, imaginei que se tratava de um potencial 'worldclass', mas parece que o winger do United sente o peso dessa responsabilidade. Por ser jovem, ainda pode melhorar, mas esse tipo de coisa geralmente vem no DNA.
Abraço.

João Caniço disse...

É verdade, Michel. Pepe fez provavelmente a sua melhor exibição como 'trinco' na selecção portuguesa. Esteve praticamente perfeito em termos defensivos, embora nos aspectos ofensivos apenas se limite a tocar a bola para o lado...
Sobre o Nani estou absolutamente de acordo. Ele tem evoluído muito pouco desde que saiu do Sporting para Manchester. Esta temporada com a saída de Cristiano Ronaldo tem a oportunidade ideal de se afirmar de vez, mas continua bastante longe disso, como se pode comprovar pela intermitente partida de ontem...
Em relação a Portugal, acho que realizamos uma exibição bastante sofrível e ainda tivemos a estrelinha do nosso lado com aquelas três bolas nos ferros... Vai ser muito complicado na Bósnia...
Abraços