Na partida da
meia final os
azzurri levaram de vencida a
wunderteam austríaca, também por 1-0, com Combi a ser o herói ao efectuar duas defesas fantásticas perto do fim!

Na final, a Itália teria que derrotar a forte selecção da Checoslováquia, capitaneada por Plánicka.
Rezam as crónicas da altura que minutos antes de italianos e checos entrarem em campo para disputar a partida foi entregue no balneário italiano um bilhete assinado por Mussolini onde se podia ler: "
Vitória ou Morte"! Não se sabe porém se, a ser verdade esta história, a intimidação funcionou como um impulso para a
squadra azzurra, o certo é que entraram a
todo o gás no encontro tentando chegar o quanto antes ao golo, deparando-se contudo com um autêntico
muro de betão chamado Plánicka, que esteve simplesmente soberbo nessa tarde em Roma.
Aos 70 minutos o estádio ficou em completo e gélido silêncio com o golo do checo Puc, um extraordinário remate à meia volta sem hipóteses para Combi. O temor da derrota tomou conta dos italianos que desesperavam com o avançar do relógio e a desvantagem no marcador. Quando já poucos acreditavam, a 5 minutos do final, Orsi restabeleceu a igualdade levando a final para tempo extra. Aí, os italianos apresentaram-se melhor fisicamente acabando Schiavio por apontar o golo que daria o primeiro título mundial a Itália. Coube a Combi receber o troféu
Jules Rimet das mãos de Mussolini, encerrando assim uma brilhante carreira aos 32 anos de idade.
Quatro anos depois, em França, apenas Plánicka dos três lendários guardiões se mantinha no activo, representando novamente a Checoslováquia na maior competição mundial de selecções.
Na partida dos
1/4 de final os checos defrontaram o Brasil num encontro violentíssimo, onde foram expulsos 1 checo e 2 brasileiros, para além da perna partida de Nejedly, autor do golo checo.
No decorrer do segundo tempo e com o resultado empatado, 1-1, Plánicka ao efectuar uma defesa chocou com o poste fracturando um braço e deslocando a clavícula! Mesmo limitado pela grave lesão, Plánicka continuou em campo no resto do tempo regulamentar mais os trinta minutos de prolongamento, onde a partida terminou empatada. Relatos da época dão conta que o guarda-redes checo susteve vários remates apenas com uma mão, tornando-se o herói daquela partida que ficaria conhecida na história como a
Batalha de Bordéus!
Na partida de desempate, o capitão checo teve que torcer por fora, sendo os seus companheiros derrotados 2-1 pelo Brasil, terminando assim de forma abrupta a carreira internacional de Plánicka.

"
Dispo-me com lentidão, entre o clamor triunfal. O cordão das botas (apertado de mais) faz um nó e resiste a desprender-se. Sinto no rosto o roçar da camisola como uma carícia de despedida. Encontram-se ali, no banco e no chão, as peças de vestuário que mais vezes e melhor usei. Com elas recortou-se a minha silhueta em todas as balizas e todas as latitudes. Deram-me personalidade, fizeram-me no que sou. A seguir, viria uma noite de insónia. Que fazer? Abandonar o futebol, agora? Endoideceste! Mais um ano, só mais um ano. Se fui capaz de fazer isto agora, porque não o farei dentro de um ano?"
Estas são palavras de Ricardo Zamora, escritas nas suas memórias futebolísticas. Foram emoções sentidas em 1936, no balneário do Mestalla, em Valência, depois de disputar e vencer, pelo Real Madrid, a final da Taça de Espanha, frente ao Barcelona. Foi um jogo memorável, eternizado por uma monumental defesa sua, no último minuto, quando desviou, em voo, um remate de Escolá, garantindo o triunfo por 2-1. Vinte anos de futebol concentraram-se aí, nesse momento!
O Homem de BorrachaGiampiero Combi representou a Juventus durante 13 épocas, alinhando em 367 partidas, tendo vencido 5
scudetti. Pela selecção italiana disputou 47 encontros sagrando-se campeão do mundo em 1934. Ficou conhecido como
l'Uomo di Gomma (
o Homem de Borracha) devido à sua extrema agilidade.
O DivinoRicardo Zamora alinhou no Espanhol, Barcelona, Real Madrid e Nice. Venceu duas Ligas espanholas ao serviço do Real Madrid e 5 Taças de Espanha (duas pelos
merengues, duas pelo
Barça e uma pelo Espanhol). Representou a Espanha em 46 ocasiões sagrando-se vice-campeão olímpico em Antuérpia (1920). Foi baptizado como
El Divino (
o Divino) pelos adeptos
blaugrana. Desde 1959 que o jornal a
Marca entrega um prémio, denominado de
Troféu Zamora, ao guarda-redes menos batido do campeonato espanhol.
O Gato de PragaFrantisek Pnánicka representou o Slavia Praga durante 16 temporadas, onde alinhou em 969 partidas, vencendo 8 campeonatos checoslovacos e uma Taça Mitropa (uma das competições percursoras da Taça dos Campeões Europeus). Alinhou em 73 ocasiões pela selecção checa tendo sido vice-campeão mundial em 1934. Ficou conhecido como
Kocka z Praha (
o Gato de Praga) devido às suas extraordinárias acrobacias.
Passados mais de 70 anos e várias gerações de excelentes guarda-redes, voltam a ser três guardiões das mesmas nacionalidades os melhores do momento e dos últimos anos! São eles o italiano
Gianluigi Buffon, o espanhol
Iker Casillas e o checo
Petr Cech! Será mera coincidência e/ou
a escola de guarda-redes destes países é realmente propensa a
fabricar alguns dos ícones das balizas?