sábado, março 07, 2009

Crise e privatizações, uma relação ambígua...




Lucro recorde da EDP em 2008: 1092 milhões de euros! Subida de 20% em relação ao valor do ano passado!

Galp ganhou 105 milhões de euros no final de 2008 devido ao lento acerto no preço dos combustíveis apesar da descida vertiginosa dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Em 2008 o lucro da Galp cifrou-se nos 478 milhões de euros!

Apetece perguntar quem foram os idiotas que privatizaram estas empresas que geram tanto lucro?!?!? Presumo que tenham sido os cerca de 60 a 70% de portugueses que nos últimos 34 anos votaram sistematicamente nos dois partidos do Bloco Central e lhes dão toda a legitimidade de alienar o que é público e de todos em favor de um grupo restrito de amigalhaços que enchem os bolsos às custas dessa esperteza saloia nas urnas...
Apesar de tudo há que ver o lado positivo, imaginem o que não seria se Pedro Passos Coelho tem ganho as directas do PSD e por um milagre qualquer chegasse a primeiro-ministro? Entre as mais brilhantes propostas do indivíduo estavam a privatização do Sistema Nacional de Saúde e da Segurança Social! Ideias simplesmente fantásticas...

4 comentários:

Anónimo disse...

JP,
Como aí em Portugal, no Brasil a prática de privatização também se fez presente. Aqui na década de 90 com o governo de Fernando Henrique Cardoso, um neo-liberalista que vendeu a Companhia Siderúrgica Nacional num leilão polêmico e violento.Depois, outras empresas se seguiram a ela, não necessariamente nessa ordem: Vale do Rio Doce, Acesita, Usiminas, Cosipa, Embraer e as empresas de telefonia e energia elétrica, fora os bancos estaduais. A justificativa era a oneração para os cofres públicos. Hoje, essas empresas são, e muito, lucrativas.
Não sei como é aí, mas aqui, eram cabides de empregos, em que parentes, amigos e eoutros, ocupavam lugares de destaque. Trocas de favores eram constantes e o dinheiro jorrava solto. Até que para essas empresas, a provatização foi uma solução. O governo não tinha como arcar com dívidas altíssimas fruto de suas inúmeras más gestões. Ainda hoje, esse papo de privatização vem à tona quando se fala em dois patrimônios brasileiros, Petrobrás e Banco do Brasil.
A idéia de privatização me deixa atônita quando o assunto é a área de serviços. Ficamos reféns dos preços abusivos praticados pelas empresas de telefonia (hoje quase monopólio no país) e energia elétrica. Sempre como justificativa a tal crise. Bancos que praticam tarifas absurdas e nos deixam sem ter para onde correr. O lado negro da economia que nos faz vitima sem ter para onde correr.

João Caniço disse...

Cyntia, o paralelismo do caso português com o brasileiro é significativo.
Também aqui na década de 90 (altura em que o actual presidente da república era primeiro-ministro, homem de fortes convicções neo-liberais e conservadoras) se privatizaram grande parte das empresas públicas.
Também aqui os empregos nessas empresas eram dados em trocas de favores pessoais, amizades, familiares, etc. Como eram empresas públicas e o controlo era mínimo fazia-se o menos possível e se desse para se roubar qualquer coisa melhor ainda. Os lucros eram mínimos ou existiam mesmo prejuízos, embora no caso da GALP penso que houve sempre lucro.
Agora com a queda abrupta das políticas neo-liberalistas e do capitalismo muitos já viram o erro que foi privatizar certas empresas. Na minha modesta opinião penso que teria sido mais coerente e lógico uma melhor fiscalização das actividades de todos os trabalhadores sem excepção dessas empresas! Do mais alto executivo até ao tipo que varre as escadas! Com todos a puxar para o mesmo lado é perfeitamente possível manter os maiores activos de um país na esfera do Estado e consequentemente de todos, afinal o Estado é o próprio país.
Esclarece-me só uma coisa, com Lula as privatizações pararam ou nem por isso? Afinal, ele dizia ser um homem de Esquerda, foi um reputado sindicalista...
Em relação aos serviços a situação para não variar é muito idêntica à de cá... o monopólio da PT (Portugal Telecom) nas telecomunicações e na EDP (Energias de Portugal) é por demais evidente, em especial da EDP no ramo da electricidade onde é a única distribuidora no país...

Anónimo disse...

So espero que no brazil não se nacionalizem bancos na falencia sob a desculpa de não poder honrar as obrigações perante os clientes/investidores por falta de liquidez...é muito simples por cá, sempre que uma empresa de capitais maioritáriamente publicos é rentavél privatiza-se,por outro lado se uma entidade privada (bancos principalmente)entra na banca rota,aparece logo uma quantidade enorme de dinheiros publicos para assegurar essa tal liquidez,resta-nos perguntar onde estão os avultados lucros que ano apos ano foram ganhos por essas entidades? A resposta já todos nós sabemos...é caso para aplicar uma frase que li algures num dos teus blogs "SALVEM OS RICOS"
1 Abraço fica bem.

João Caniço disse...

Filipe, explicaste de maneira simplesmente perfeita o fenómeno das privatizações em Portugal! Perante tal eloquência, pouco mais tenho a acrescentar, somente que as televisões e a comunicação social dão um ênfase monumental a um qualquer assalto de um banco ou de um multibanco. Afinal os tipos roubam umas centenas, quiçá alguns milhares de euros... No entanto, quando o assunto é crime financeiro, fraude, corrupção e as verbas envolvidas são de milhões de euros, por vezes muitos, não vislumbro metade da indignação! Porque será?!?!?...
Abraços