quinta-feira, novembro 18, 2010

Olé!


Se ganhar a Espanha é sempre bom, golear é simplesmente demais! Ainda para mais quando o eterno rival é campeão europeu e mundial em título, sem esquecer que fomos afastados por esta mesma roja nos oitavos-de-final do último Mundial. E se em terras sul-africanas foi suficiente um golo obtido em fora-de-jogo por David Villa para decidir a contenda, desta vez um fiscal-de-linha com sérios problemas de visão decidiu anular, de forma completamente estapafúrdia, um golo do outro mundo a Cristiano Ronaldo! Não só Nani estava em jogo, como cabeceia para lá da linha final! Sim, o extremo do Man Utd foi jumento! Não se deve nunca tirar um golo a um colega de equipa, ainda para mais um golo desta qualidade, embora nada desculpe o duplo erro de avaliação do árbitro assistente. Passe o exagero, um verdadeiro crime! Um lance mágico de CR7 a trocar completamente as voltas a Piqué e a picar a bola sobre Casillas com uma classe tremenda! Fez-me lembrar de imediato o golo de Platini contra o Argentinos Juniors na Taça Intercontinental de 1985. Porque será que os golos de génio são injustamente invalidados?

Quanto ao jogo em si, Portugal vulgarizou por completo Espanha, graças a uma dinâmica e entrega ao jogo deveras assinalável. Com esquemas tácticos idênticos (4*3*3), esteve aí a verdadeira diferença entre as equipas. A roja é uma selecção aburguesada, que parece exibir-se à sombra das conquistas recentes. Sim, é certo que foi apenas um encontro amigável, mas estava em causa o prestígio, alicerçado numa rivalidade secular. Depois dos recentes triunfos sobre a Dinamarca e a Islândia, nada melhor do que esmagar Espanha para recuperar o orgulho e a empatia do povo para com a sua selecção. Mérito de Paulo Bento, que não só não inventa, colocando em campo os melhores jogadores e nas posições correctas, como transmite total confiança aos seus comandados através de um discurso coerente, ponderado, sério e honesto como é apanágio da sua personalidade.

A sempre inteligente e oportuna imprensa espanhola falava num pré Barcelona vs Real Madrid, numa alusão ao facto de a maioria dos principais jogadores da roja pertenceram aos blaugrana e enfrentarem o trio merengue composto por Ronaldo, Carvalho e Pepe. Pelos vistos, nunca pensaram em sair toureados da Luz. A humilhação só não foi ainda maior devido ao lance descrito no primeiro parágrafo. Depois de encaixarem 4 da Argentina em Setembro, mais 4 de Portugal e desta vez nem tiveram direito a tento de honra, já que na única oportunidade propriamente dita, Silva, em posição privilegiada, cabeceou ao lado. Algo vai mal na equipa de Del Bosque...
A magia de Ronaldo

2 comentários:

Michel Costa disse...

Sem dúvida, uma vitória espetacular de Portugal, JP.
No entanto, olhando pelo lado espanhol, esta é a segunda goleada sofrida após a Copa. Você acha que podemos tirar alguma conclusão disso ou o fato das derrotas terem acontecido em amistosos torna os tropeços mais aceitáveis?

Abraços.

João Caniço disse...

Brilhante e vibrante, Michel. Foi uma bela noite de futebol!
Sim, concordo que o facto das goleadas sofridas terem acontecido em jogos amigáveis torna as coisas mais leves para o lado espanhol. Mas, não deixa de ser preocupante os 4 golos sofridos perante Argentina e Portugal, selecções que não saíram muito bem do último Mundial.
Abraços