sábado, fevereiro 28, 2009

Cinzento final de tarde


Finalmente, acordo... já alta vai a tarde
um cinzento lúgubre como o meu espírito
perpetua o acto mais cobarde
de quem passivamente aceita o veredicto

Uma réstia de Sol já se vai por
num triste reflexo cortante
que nem o mais brutal agressor
poderia transpor ao meu universo dilacerante

O silêncio é sinónimo de saudade
caio num teimoso monólogo
incoerente e insano, mas repleto de verdade

A noite cai escura como breu
é doloroso o epílogo
imediatamente após o apogeu...

6 comentários:

Menina Ochoa disse...

A saudade é um monologo que nos mata aos pouquinhos cortando cada sorriso de recordação...

João Caniço disse...

Dreama, que frase tão eloquente, mas ao mesmo tempo tão melancólica e real...
Beijinho*

Anónimo disse...

JP, me vejo plenamente nesse seu soneto ultimamente. Saudosa de algo que quis ter e não tenho.
Curioso como o entardecer nos proporciona um espetáculo tão belo, mas ao mesmo tempo melancólico. A falta da luz, que traz a escuridão da alma, a desesperança e a dor.
Acho que por me sentir um pouco assim nesses dias, demorei tanto para ler o que você escreveu aqui. Mas que tem uma verdade enorme, tem.

Bjs e ótimo domingo

Anónimo disse...

Camarada, poder de soneto simples real e sincero... aquele abraço

OnuN

João Caniço disse...

Cyntia, acho que percebi bem o alcance das tuas palavras e concordo em pleno com a subjectividade que delas transparecem... Muitas vezes o simples espectáculo da Natureza, tal como o entardecer, faz-nos abstrair da realidade concreta e concentrarmo-nos apenas num abstracto sentimento que traz não apenas a melancolia, como também uma paz de espírito deveras interessante...
Concordo em absoluto que por vezes o que escrevo demore algum tempo a ser percebido na sua plenitude... ;)
Excelente fim de domingo, beijos

João Caniço disse...

Obrigado, camarada!
Pois é, simplicidade, realidade e sinceridade fazem uma boa junção para umas palavras poéticas algo perdidas na melancolia...
Um forte abraço