quarta-feira, junho 10, 2009

Vitória agridoce

Contrariamente ao veiculado pela generalidade da comunicação social, que continua a destilar um ódio de morte ao PCP, a CDU obteve uma importante vitória na noite eleitoral de domingo ao sair reforçada em cerca de 70 mil votos relativamente às Europeias de 2004. A CDU foi a força mais votada nos distritos de Setúbal, Évora e Beja, facto que não acontecia há muito tempo em eleições nacionais, tendo sido mesmo o melhor score alcançado por comunistas e verdes nos últimos 15 anos. Este resultado confirma a tendência de subida que a coligação vem demonstrando desde que Jerónimo de Sousa foi eleito secretário-geral do PCP.

Para a vitória ter sido completa faltou a eleição do 3º eurodeputado, perdido por pouco mais de 2 mil votos para o BE, que registou uma subida espectacular! É evidente que este facto foi aproveitado pela imprensa para abafar o sucesso eleitoral da CDU, classificando-o de "derrota perante a ultrapassagem do rival de esquerda"! Obviamente, que esta leitura é uma estupidez completa não só por o BE não ser o adversário da CDU, como o seu crescimento se ter dado à conta de socialistas descontentes e não de comunistas. Outro facto que merece amplo destaque foi a soma da votação das duas forças dar 21,4%, o melhor resultado de sempre da Esquerda em eleições nacionais, o que dá um enorme alento e confiança tendo em vista as Legislativas.

Infelizmente, em termos europeus o cenário está longe de ser animador com a vitória clara e inequívoca da direita na esmagadora maioria dos países, aliada à forte subida de forças de extrema-direita, o que é um sinal deveras preocupante e indicativo de que as políticas neo-liberais que conduziram a esta crise vão continuar em força, assim como o aumento da xenofobia e da intolerância para com os emigrantes.

A esquerda socialista/social-democrata foi a grande derrotada nestas eleições. Brown, Sócrates e Zapatero, todos eles no Poder, sofreram reveses importantes e poderia-se pensar que foram punidos pelo eleitorado devido à crise. Esta teoria cai imediatamente por terra ao analisarmos os resultados do SPD na Alemanha, do PS francês e dos DS italianos, todos eles na Oposição e que obtiveram resultados medíocres para não dizer bastante maus...

A explicação está na descaracterização sofrida pelos partidos socialistas/sociais-democratas que deixaram de ser alternativas estratégicas à direita neo-liberal e conservadora, confundindo-se excessivamente com ela. A crescente influência da direita na comunicação social, com o a retórica da governabilidade, a ladainha do individualismo e da necessidade de emagrecimento do Estado, criando em grande parte dos europeus a ilusão que não existem alternativas, acabando estes por preferirem o original em relação à fotocópia...

A esquerda comunista/progressista também sofreu algum desgaste. Em Itália, pela primeira vez, não elegeu qualquer deputado, um resultado surpreendente no país que teve durante décadas o partido comunista mais forte da Europa Ocidental... A coligação liderada pelo PC francês e o Die Linke alemão subiram ligeiramente, enquanto a Izquierda Unida do PC espanhol continua a definhar lentamente. Salvaram-se a CDU e o BE em Portugal, os progressistas cipriotas, o PC grego e o PC checo, embora estes dois últimos tenham sofrido ligeiras descidas...

3 comentários:

Ricardo disse...

incrivel como é sempre a mesma lenga lenga :S "CDU obteve uma importante vitória na noite eleitoral de domingo"
que vitoria?? ficar atrás de um partido de extrema esquerda??? coisa que nunca tinha acontecido??

João Caniço disse...

O BE não é adversário do PCP.
A CDU teve mais 70 mil votos do que em 2004.
O BE subiu às custas dos insatisfeitos do PS.
Deixa de ser ovelha e seguir tudo o que a comunicação social impinge...

João Caniço disse...

... estão é todos borrados com medo porque a Esquerda somou 21,4% isso sim!