O futebol está mais pobre...

31 de Maio de 2009, o dia do adeus de 3 mitos do futebol mundial:

Pavel Nedved


Luís Figo


Paolo Maldini

Campeões anunciados: Inter (Parte II)

O Inter conquistou o 17º campeonato italiano da sua história, igualando o rival Milan, embora ainda bastante longe da Juventus, que detém 27 scudetti. Depois de 17 anos sem vencer a Série A, o Inter sagrou-se tetracampeão, afirmando-se como o emblema vencedor em Itália após o escândalo Calciocaos em 2006.

Apesar de Mancini ter vencido os últimos 3 campeonatos, o presidente Moratti afastou o técnico, apostando em Mourinho com a intenção clara de lutar pela conquista da Champions, objectivo que foge do Meazza há mais de 4 décadas.
O plantel foi praticamente o mesmo das temporadas passadas, registando-se apenas as contratações de Mancini, Quaresma e Muntari. Os extremos revelaram-se de imediato autênticos fiascos impedindo Mourinho de implementar os seus esquemas tácticos favoritos: 4*4*2 e 4*3*3, tendo que voltar ao 4*3*1*2 usado nos tempos de Mancini.

Apesar deste contratempo, Mourinho sabia perfeitamente que para vencer o Calcio teria que dotar a equipa de uma solidez defensiva assinalável. Com excepção das estrondosas derrotas em Bérgamo e Génova (esta para a Taça), o Inter foi sempre a formação mais regular e compacta, graças a um meio-campo de combate formado por Cambiasso, Zanetti, Muntari e Stankovic e a uma defesa de betão onde se destacavam o guardião Júlio César e o lateral Maicon. Na frente o extraordinário talento de Ibrahimovic ia resolvendo os problemas ofensivos.

O Inter beneficiou ainda de um início de campeonato desastroso da Roma e da tremenda irregularidade de Juventus e Milan, que alternaram fases de grande qualidade com prestações medíocres, para liderar a Serie A desde cedo, mantendo sempre uma margem confortável de distância pontual para os rivais.
Apesar de Mourinho ter tentado sacudir a água do capote, disparando em todas as direcções com o intuito de dividir as atenções centradas sobre a sua própria equipa, a verdade é que o Inter foi a equipa mais beneficiada pelas arbitragens. Facto indesmentível, mas longe de ser decisivo para a conquista do scudetto.

Exceptuando aquela célebre conferência de imprensa, Mourinho foi um autêntico oásis no deserto no Calcio 2008/09. Com discurso coerente e objectivo, técnicas inovadoras e postura de vencedor, o português é claramente a grande figura do futebol italiano do ano, não obstante o rotundo falhanço na Champions.
Para o ano, com maior liberdade em termos de formação do plantel, como já se comprovou nas contratações de Milito e Motta, Mourinho apostará tudo na Champions, não esquecendo o scudetto. O objectivo penta é por demais aliciante, a ser alcançado igualará um recorde da Juve que data de 1935(!) e manterá os rivais Milan e Juventus em constante discussão interna...

'UCL Fantasy Football'

Pelo 2º ano consecutivo a equipa Bianconeri PT treinada pelo editor deste blog venceu a competição Ramada League englobada na UEFA Champions League Fantasy Football 2008/09.

Não obstante a forte concorrência dos MataBixo durante a 1ª fase da prova e do G. D. Rapapetiscos na fase final, os Bianconeri PT - cujo núcleo duro era formado pelos juventini Buffon, Del Piero e Chiellini, pela fantástica dupla dos reds Gerrard e Fernando Torres e pelo inevitável Cristiano Ronaldo, mantiveram-se durante quase toda a competição na frente da tabela, alcançando um merecido triunfo nesta liga de amigos e um muito razoável 11755º lugar entre quase 280 mil equipas!

Por brincadeira resolvi este ano criar uma equipa alternativa denominada Tuga Team, que tal como o próprio nome indica era formada exclusivamente por jogadores portugueses. Com a eliminação do Sporting e do FC Porto, em conjunto com o avançar da prova, a formação teve que ser internacionalizada, aproveitando a mesma para subir na classificação e terminar num surpreendente 2º lugar.

Na próxima época espero contar com cada vez mais forte concorrência e para tal endereço desde já um convite aos amigos bloggers para participarem nesta liga tão divertida. Quem estiver interessado em destronar os Bianconeri PT é só deixar o seu nome e e-mail na caixa de comentários e em Setembro próximo lá estaremos a competir no UCL Fantasy Football!

"Quando for Sol quero ser Lua"

Dreama, visita habitual neste blog, tem hoje um evento bastante especial, nada mais nada menos do que a apresentação e lançamento do seu livro de poesias Quando for Sol quero ser Lua.

O sonho várias vezes adiado, finalmente se concretiza!
Boa sorte, amiga! Que corra tudo pelo melhor!

Histórico!

A menina prodígio do ténis português, Michelle Brito de 16 anos, conseguiu um feito inédito no ténis nacional ao alcançar a 3ª eliminatória do maior torneio de terra batida a nível mundial, Roland Garros.

A nº 132 do ranking mundial teve que ultrapassar três rondas do qualifyng para chegar ao quadro principal. Aí a juventude e o entusiasmo evidenciados foram decisivos para levar de vencida as mais cotadas Melanie South e Jie Zheng, com destaque especial para o afastamento da chinesa, 15ª cabeça de série.

Hoje, Michelle enfrentou na 3ª ronda a franco-iraniana Aravene Rezai, nº 57 do mundo. A jogar em casa, mais experiente e apoiada por um público chauvinista, Aravene optou por uma atitude provocatória, queixando-se à supervisosa de jogo dos constantes gritos de Michelle. O público francês foi na cantiga apupando e assobiando Michelle de maneira simplesmente vergonhosa!
A jovem portuguesa, depois de um bom primeiro set onde apenas cedeu no tie-break, acusou a pressão na segunda partida perdendo por um claro 2-6.

Apesar da derrota, Michelle declarou estar bastante satisfeita com o seu desempenho em Paris e que lhe permitirá subir para o top 100 no ranking WTA, feito inédito para uma tenista portuguesa. A ambição é chegar a número um do Mundo, mas o caminho a percorrer é ainda muito longo e ao que parece terá bastantes adversidades a suplantar, não apenas dentro de court.
A rápida ascensão da portuguesa está a provocar reacções antipáticas por parte de outras jogadoras, não apenas devido aos gritos de Michelle, mas acima de tudo porque ninguém quer perder com uma menina de 16 anos... Pelos vistos, vão ter que se habituar porque ela veio para ficar!

O melhor futebol do planeta!

O Barcelona completou ontem à noite em Roma um feito inédito no futebol espanhol, a conquista dos três títulos na mesma temporada: Liga, Taça e Champions!

Exibindo um futebol deslumbrante, harmonizando na perfeição muitas das componentes básicas do jogo tais como passe, dinâmica, pressing, técnica, velocidade, marcação e englobando em todas elas o colectivo, esse aspecto decisivo que normalmente distingue as equipas campeãs das outras e adjectiva o futebol do Barça como o melhor do planeta!

Apesar de todas as individualidades dos blaugrana, com especial destaque para o fantástico quinteto ofensivo formado por Xavi, Iniesta, Messi, Henry e Eto'o, dá gosto observar como todos os jogadores do Barça sem excepção sobrepõem o colectivo ao individual, jogando um futebol simples e apoiado, onde a bola está sempre a rodar quase mecanicamente entre eles, numa espécie de carrossel demolidor para o adversário, que passa grande parte do jogo apenas a cheirar a bola, como se costuma dizer na gíria...

Campeão inglês, europeu e mundial em título, o Man Utd era considerado como favorito à revalidação do ceptro europeu, em especial devido à fragilidade com que o Barça se apresentou na zona defensiva. Sem Marquez, Dani Alves e Abidal, Pep Guardiola foi obrigado a improvisar colocando o veterano Sylvinho na lateral esquerda e recuando Touré para o centro da defesa ao lado do ex red devil Piqué. Puyol regressou ao lugar original de defesa direito e Busquets foi aposta para médio defensivo.
Coerente, Ferguson, apresentou a mesma táctica que tão bons resultados deu na partida de Londres frente ao Arsenal, um declarado 4*3*3 com Ronaldo vagabundo na frente de ataque apoiado por Park e Rooney nas faixas e por Anderson nas suas costas.

Os 10 minutos iniciais pareciam dar razão a Ferguson já que o Man Utd entrou de forma avassaladora no encontro, instalando-se a seu belo prazer no meio-campo catalão, desperdiçando uma óptima ocasião por intermédio de Ronaldo logo ao segundo minuto num pontapé livre fortíssimo que Valdés defendeu a grande custo! Cristiano estava endiabrado e semeava o pânico por entre a remendada defesa blaugrana.

Contudo, o futebol tem momentos absolutamente singulares onde o jogo dá a reviravolta completa. E assim foi, na primeira vez que o Barça se aproximou da baliza de Van der Sar, Iniesta efectuou uma transição veloz, descobriu Eto'o solto na meia-direita, endossou-lhe a bola para o camaronês trocar as voltas a Vidic e, apesar de apertado por Ferdinand, desferir um remate de bico, levando a bola a entrar na baliza entre o poste e o veterano guardião holandês!

Pode parecer um completo exagero, mas o jogo acabou aí tal a tamanha superioridade exibida pelo Barcelona no resto do desafio perante um Man Utd que passou do céu ao inferno em escassos segundos e de lá não voltou a sair até ao apito final.
Ao intervalo previ que Ferguson retirasse Park e Giggs fazendo entrar Scholes para melhorar a dinâmica a meio-campo e Berbatov para funcionar como referência e pivot entre os centrais blaugrana. Fiquei surpreendido pela negativa com a troca de Anderson por Tevez, que nada alterou ao rumo da partida.

O Barça continuou a dominar, mesmo sem impor um ritmo alto, a confiança e segurança com que os catalães trocavam a bola entre si faziam crer que só uma hecatombe lhes poderia tirar a 3ª Champions da história. Henry e Xavi estiveram perto de ampliar a vantagem, mas seria o baixinho Messi a facturar num fantástico golpe de cabeça! Quem disse que é preciso ser alto e forte para marcar golos de cabeça? Simplesmente extraordinária a execução do prodígio argentino, correspondendo na perfeição a uma magnífica assistência de Xavi.

Ronaldo, sempre ele, ainda esteve perto de reduzir, mas a saída temerária de Valdés impediu o golo do português, ainda assim o menos mau entre os red devils. Esta final marca também a mais que provável passagem de testemunho de Ronaldo para Messi como melhor jogador mundial.

Palavra final para Guardiola, na época de estreia o jovem técnico venceu tudo o que há para ganhar! Quase 30 anos mais novo que Ferguson é caso para dizer que o aprendiz deu uma lição no mestre!
Como será na nova época? O Barça terá argumentos para reconquistar o ceptro europeu, ainda para mais com a final marcada para o Bernabéu, terreno do arqui-rival Real Madrid? A ver vamos, até para o ano Champions!

Queda inevitável

11 anos depois o histórico Belenenses volta a cair na II Divisão. Desfecho pouco surpreendente quando recordo o final da temporada 2003/04 onde o Moreirense deu uma ajuda decisiva à manutenção dos azuis ao derrotar o Alverca e 2005/06 quando a direcção do Gil Vicente inscreveu de forma irregular Mateus, sendo o clube penalizado com a descida de escalão, salvando-se afortunadamente o Belém da descida consumada desportivamente.

A temporada seguinte, 2006/07, foi um autêntico oásis no deserto, com Jorge Jesus ao leme e escolha criteriosa de reforços, o Belém fez um campeonato de grande nível, terminando na 5ª posição e atingindo a final da Taça de Portugal, perdida ingloriamente para o Sporting nos instantes finais.

Seguindo a linha da continuidade, 2007/08 começou em bom plano com honrosa participação na Taça UEFA encarando de frente o poderoso Bayern Munique. A carreira no campeonato manteve-se positiva até ser cometido um erro crasso na utilização indevida de Meyong, que custou a penalização de 6 pontos e a perda do lugar europeu. Começava aí o descalabro azul, coincidente com o falecimento do presidente Cabral Ferreira.

O sucessor, Fernando Sequeira, tentou impor um modelo de gestão pragmático e rigoroso, cortando com os gastos excessivos dos últimos anos. A ideia era válida, só que correu tudo mal, começando no desvio de Jorge Jesus para Braga, passando pelas saídas a custo zero de Rúben Amorim, Rolando, Eliseu e Gonçalo Brandão (jovens promissores formados no Restelo e que passados poucos meses são presenças assíduas nas selecções nacionais) e terminando na aposta para treinador no brasileiro Casimiro Mior, que trouxe consigo um avião repleto de jogadores de qualidade para além da duvidosa.

Sequeira, após ouvir assobios dos adeptos em protesto contra a fraca prestação da equipa no jogo da 2ª jornada frente ao Paços de Ferreira, bateu com a porta, ficando uma comissão de gestão a liderar os destinos do clube. Ao fim de 5 rodadas e 2 míseros pontos conquistados, a comissão demitiu Mior.

O antigo ícone portista, Jorge Costa, a realizar trabalho extremamente válido no Olhanense da II Divisão foi o escolhido para novo treinador. O acordo parece iminente, Jorge Costa está prestes a deixar o Algarve e partir para Lisboa, quando recebe o telefonema de um dirigente azul que o trata por Jaime, nome próprio do treinador referenciado como segunda opção para o cargo. Ferido no orgulho por o Belenenses estar a negociar com outro técnico nas suas costas, Jorge Costa recusa o convite, permanecendo em Olhão, conseguindo no final da época o feito de levar o clube algarvio à I Divisão 34 anos depois!

O Belém acaba mesmo por contratar Jaime, de apelido Pacheco, treinador campeão com o Boavista em 2001 e com campanhas meritórias nas provas europeias durante o seu legado no clube do Porto. No entanto, a aura vitoriosa que construiu no Bessa saiu fortemente fragilizada quando foi o principal responsável pela despromoção do Vit. Guimarães em 2006 e o Belenenses corria sérios riscos que situação idêntica voltasse a acontecer.

Contudo, alguns bons resultados iniciais e a reformulação do plantel em Janeiro deram a sensação que o Belém iria dar a volta por cima! Puro engano! A segunda metade da temporada foi um fiasco completo, uma sucessão incrível de péssimos resultados com epílogo na estrondosa goleada caseira sofrida perante o Braga, 0-5, a duas rodadas do fim do campeonato!

A nova direcção presidida por Viana de Carvalho, eleita nas vésperas dessa partida, demitiu de imediato o treinador nortenho e apostou em Rui Jorge, antigo lateral esquerdo e actual treinador dos júniores, na tentativa desesperada de salvar o clube da descida.

A sofrida vitória obtida frente ao Rio Ave adiou a decisão para a última jornada com o Benfica. Os adeptos azuis acreditaram que era possível o milagre e vários milhares estiveram com a equipa na Luz no passado sábado. O golo madrugador de Silas manteve o Belém na I Divisão por 18 minutos, tempo que o sistema defensivo demorou a repetir o catastrofismo revelado em praticamente todos os jogos da temporada. A fechar a primeira parte, Saulo tem uma atitude deplorável, é expulso, originando uma natural derrota e consequente queda na II Divisão...

O futuro para já é algo incerto. Primeiro há que regularizar os compromissos salariais com os atletas profissionais, anunciar o treinador para 2009/10 fazendo votos para que Rui Jorge continue no cargo e estruturar condignamente o plantel para a aventura da II Divisão. Com a queda abrupta de receitas é imperioso estabelecer a melhor relação possível entre custo e qualidade. O primeiro passo está dado com a renovação de contrato com vários jovens formados no clube. Depois, há que tentar manter as principais referências no relvado e no balneário: Silas e Zé Pedro. Por último, deve-se reforçar a equipa com atletas que possuam experiência de II Divisão, competição ultra-competitiva e com contornos bem diferentes do primeiro escalão do futebol português.

Por vezes, é preferível dar um passo atrás para em seguida dar dois em frente! Esperemos que a nova direcção do Belenenses saiba tomar as decisões correctas, de forma a potenciar esta velha máxima.

Uma força imensa!

A Marcha - Protesto, Confiança e Luta organizada pela CDU mobilizou mais de 85 mil pessoas entre o Campo Pequeno e o Marquês de Pombal em Lisboa, numa inequívoca demonstração da força de um partido que muitos previram como morto há 18 anos!

Esta marcha prova acima de tudo que os muitos que têm generalizado o descrédito da política, dos partidos e dos políticos, assim como têm definido a sociedade portuguesa na sua essência como individualista e egoísta, onde impera o salve-se quem puder, não se podem referir nunca nestes termos ao PCP e aos seus militantes e simpatizantes, onde a mobilização colectiva aliada a uma responsabilidade sindical e social, traduzida na luta no terreno por uma melhor sociedade são sintomáticas da impressionante vitalidade de um partido com 88 anos de história!

É no mínimo incoerente resumir esta manifestação ao protesto puro e duro! A Marcha deu expressão ao protesto e indignação que varre o país, dizendo basta de injustiças, exigindo uma ruptura das políticas desastrosas que conduziram o país ao estado ruinoso em que se encontra, afirmando com determinação e confiança que a CDU é a alternativa de mudança rumo a um futuro melhor!

Campeões anunciados: 'Man Utd' (Parte I)

As três principais ligas europeias tiveram a sua decisão no sábado passado, confirmando-se os triunfos de Man Utd, Inter e Barcelona. Os red devils tiveram que segurar um empate caseiro a zero com o Arsenal, enquanto nerazzurri e blaugrana nem precisaram de jogar já que os principais rivais, Milan e Real Madrid, perderam nessa mesma noite.

O Man Utd conquistou o 18º campeonato inglês da sua história, igualando o Liverpool no topo dos maiores vencedores da competição. Os reds não vencem o título desde 1990, enquanto que os red devils venceram 11 vezes nos últimos 17 anos, o que diz bem da transferência de forças de Liverpool para Manchester no que se refere ao domínio do futebol inglês nas últimas duas décadas.

Alex Ferguson é o treinador do Man Utd desde 1986, ano em que chegou a Old Trafford depois de notável trabalho no Aberdeen e é a ele que têm que ser imputados os grandes méritos deste suceder de vitórias impressionante! Depois do epílogo da fantástica equipa que entre outros títulos conquistou a Champions em 1999, o United passou por alguns anos de menor fulgor, coincidentes com o imbatível Arsenal de Wenger e o super Chelsea de Mourinho, renovando paulatinamente a equipa, voltando a dominar o panorama inglês ao conquistar o tri-campeonato e o europeu ao vencer a Champions em 2008, estando qualificado para a final de Roma, onde defenderá o título.

A Premiership esteve longe de ser um passeio, já que um início menos bom, coincidente com a ausência por lesão de Cristiano Ronaldo, fez atrasar a equipa em relação a Liverpool e Chelsea. O outro candidato, Arsenal, nunca foi ameaça visto que a renovação levada a cabo por Wenger está ainda em fase de maturação, causando desde logo um atraso irreparável.

Sensivelmente a meio da temporada eram visíveis os problemas internos nos blues entre Scolari e a maioria dos jogadores, em especial Drogba e Joe Cole, ao passo que o Liverpool dava autênticos tiros nos pés cedendo vários empates caseiros contra adversários menos cotados. O Man Utd em notável recuperação - mantinha uma série impressionante de triunfos consecutivos, aliada a uma solidez defensiva fantástica, que manteve Van der Sar imbatível mais de mil minutos - colocava-se naturalmente no topo da classificação.

O que parecia ser uma caminhada triunfal até final da competição foi posta em causa em meados de Março com uma copiosa goleada sofrida em casa perante o Liverpool, 4-1, e nova derrota na rodada seguinte frente ao Fulham. Os reds redobraram de ânimo e colocavam-se a pouca distância dos red devils no topo da tabela, mas o Man Utd rapidamente se ergueu, voltando de imediato aos triunfos, nunca permitindo o volte face aos rivais de Anfield.

No sábado, a uma jornada do fim, o desenlace com um suado empate perante o Arsenal que tudo decidiu. O Liverpool é 2º classificado com toda a justiça e pode-se dizer que a grande diferança para o Man Utd está na profundidade do plantel à disposição de Benítez comparativamente com Ferguson assim como nos jogadores decisivos, os tais que fazem a diferença no ataque. Enquanto o espanhol tem apenas Gerrard e Fernando Torres, o escocês possui Ronaldo, Rooney, Berbatov e Tevez! A confirmar-se a mudança de Tevez de Old Trafford para Anfield talvez a situação fique mais equilibrada...

O Chelsea tem que ser conotado como o grande derrotado da temporada. Partindo com um plantel impressionante, provavelmente o melhor em termos mundiais, os blues nunca demonstraram grande coesão e sequência com Scolari, vacilando invariavelmente nos jogos mais importantes. A entrada de Hiddink fez as coisas melhorarem substancialmente, mas além de já ser tarde em termos de campeonato, a grande aposta estava na Champions, onde após eliminarem Juventus e Liverpool caíram aos pés do Barcelona no último minuto.

Ainda e sempre Cristiano Ronaldo como grande figura do Man Utd. O Bola de Ouro e FIFA World Player começou a época tarde, devido a uma operação ao pé direito, demorando a ganhar o ritmo e qualidade exibida no ano anterior. Contudo, está a terminar a temporada em grande forma, absolutamente decisivo nos grandes embates e liderando a tabela de marcadores da Premiership à entrada da última rodada.

Táctica mais usada: 4*3*3
Equipa tipo: Van der Sar; O'Shea, Ferdinand, Vidic e Evra; Fletcher, Carrick e Anderson; Ronaldo, Berbatov e Rooney.
Outros: Neville, Rafael, Evans, Scholes, Park, Giggs e Tevez.

Estupidez e trafulhices insulares

Como se já não bastasse o verdadeiro desastre que é a política continental, ainda temos que levar com uma quantidade deplorável de tristes factos vindos das regiões autónomas.

Alberto João Jardim continua na crista da onda, ele que é o notável colunista do Jornal da Madeira, distribuído gratuitamente, pago na íntegra pelo Governo Regional (indirectamente pelos contribuintes portugueses)! Alguém da Oposição escreve por lá? Nem pensar! Só disponível a jardinistas, acérrimos defensores do unipluralismo reinante...
Comemorar o 25 de Abril? Que nada! Nesse dia fecha-se a Assembleia Regional, até é melhor, fica tudo em casa a descansar e aquilo também estar aberto ou fechado pouco se nota, tal é o estado da democracia no arquipélago...
Afinal, o que o tipo gosta mesmo é de viajar! Gastou em 2008 mais de meio milhão de euros em viagens, todas classificadas de secretas. Este montante representa mais de um quarto do orçamento da presidência do executivo, que não tem qualquer despesa de investimento...
Consta também que um dos seus mais recentes passatempos é receber pessoalmente na pista do aeroporto do Funchal ilustres visitantes da ilha. Isto nada teria de extraordinário não fosse o simples facto de AJJ passar uma legislatura inteira a dizer cobras e lagartos da pessoa em questão e no final recebe-o como se nada fosse. Incoerência e hipocrisia a rodos...

Se situações deste género já são normais na Madeira, nos Açores existem igualmente, embora mais camufladas. Carlos César assume a posição de colonizado obediente ao concordar que os EUA nada paguem pelo uso da base das Lajes na Ilha Terceira. Um bom anfitrião com toda a certeza, assim como se esmera em arranjar bons empregos à família. A esposa foi nomeada para governanta do palácio de Santana (sede da presidência) e colocou o filho em lugar elegível para o parlamento regional, porque ao que parece, o rapaz era tão bom aluno, tão bom aluno,...
Do principal partido da oposição também pouco se pode esperar. A sua líder e presidente da CM de Ponta Delgada atribuiu um subsídio superior a 2(!) milhões de euros ao principal clube da região, o Santa Clara, que está na luta para a subida à 1ª Liga. Enquanto a esmagadora maioria dos clubes profissionais está de tanga e vê-se em palpos de aranha para pagar ordenados e impostos, o Santa Clara sonha com altos voos graças ao dinheiro dos contribuintes portugueses...
Para terminar, finalmente uma boa notícia, ainda que por escassa margem... Na semana passada a Assembleia Regional dos Açores rejeitou por apenas 2 votos (28 deputados votaram contra e 26 a favor) a legalização da Sorte das Varas (Touradas Picadas), um espectáculo de morte grotesco, onde a tortura sofrida pelo animal é a todos os níveis repugnante, apenas apreciada por gente bárbara e sanguinária, que não faz a mínima ideia do que são os Direitos dos Animais...

Censurável!

Tal como era previsível a esmagadora maioria dos adeptos do Barcelona e do Athletic Bilbau assobiaram ruidosamente o hino espanhol nos momentos que antecederam o início da partida da final da Taça do Rei.

É sempre lamentável o desrespeito pelo hino nacional de um país, embora neste caso tenha que se considerar a forte atenuante que são as legítimas aspirações do povo basco e catalão à independência relativamente a Espanha. Duas nações com língua e cultura próprias são subjugadas há centenas de anos pelo imperialismo castelhano, acabando por ser plenamente normal este tipo de manifestações.

O que já não é nada normal num país que vive há cerca de 30 anos em democracia é a TVE, televisão pública espanhola que transmitia o jogo em directo desde o Mestalla, censurar literalmente o acontecimento!
No momento em que o hino começou a ser tocado, a emissão em directo passou imediatamente para Bilbau e depois para Barcelona dando conta do ambiente vivido entre os adeptos das duas formações nas respectivas cidades...
De imediato, foi veiculada a informação de que um erro técnico teria impedido a transmissão em directo do hino, que já só viria a acontecer em diferido no intervalo da partida, com o som amplamente retocado, não se ouvindo o mínimo assobio e apenas com imagens de uma pequena minoria de adeptos que respeitaram o momento...

É caso para afirmar que as ditaduras políticas já acabaram na Europa, mas a comunicação social, controlada na sua generalidade por grandes interesses económicos e políticos, continua a impor a censura de uma forma lamentável e degradante...

Quanto ao jogo propriamente dito, encontraram-se as duas equipas com mais triunfos na competição, 24 títulos para o Barça e 23 para o Athletic. O equilíbrio registado noutros tempos durou apenas a primeira parte (1-1 ao intervalo), já que na segunda metade os catalães puxaram dos galões e conquistaram o troféu com um expressivo 4-1 final!
A apenas um ponto do título na Liga e com a final da Champions no horizonte, os blaugrana bem podem continuar a sonhar com uma época verdadeiramente singular!

Nesta vida...

Esta música já tem uns anitos, mas só a conheci recentemente... Muito porreira!

In This Life
Chantal Kreviazuk

Polémico e explosivo!

Valeu ao Barcelona a inspiração de Iniesta no período de descontos para colocar o emblema catalão na final da Champions!
Um pontapé de primeira à entrada da área, forte e colocado, sem a mínima hipótese para Cech, naquele que foi o único remate do Barça à baliza em toda a partida!
Um prémio merecido para a melhor equipa mundial do ano, obtido graças ao extraordinário talento e visão de Iniesta, médio de 25 anos formado nas escolas do Barcelona, já e com todo o mérito, um dos melhores jogadores da actualidade.
Num jogo muito táctico e competitivo só foi pena a arbitragem polémica de Tom Henning, muito contestada pelo Chelsea...

Tal como em Nou Camp, Hiddink voltou a dar uma lição táctica em Guardiola, só que desta vez o Chelsea não permitiu sequer que o Barcelona se aproximasse com perigo da baliza de Cech durante 90 minutos. Com os sectores muito próximos e os espaços reduzidos, os blues actuaram como um bloco, efectuando um pressing quase perfeito que obrigava o Barça a mastigar muito o seu jogo, nunca encontrando soluções para ultrapassar a defesa contrária.

É certo que o golo madrugador de Essien, um remate portentoso de primeira sem deixar a bola cair, deu ânimo e motivação ao Chelsea, mas devem ser questionadas e muito as adaptações de Guardiola. Sem Marquez e Henry, lesionados, e com Puyol castigado, o técnico blaugrana fez recuar Touré para central fazendo entrar no onze Busquets e Keita, que acompanharam Xavi na intermediária, obrigando Iniesta a subir no terreno, perdendo assim o Barça muita da capacidade de improvisação e organização ofensiva.

O Barcelona teve bastante maior tempo de posse de bola, mas quantidade não quer dizer qualidade e os catalães, para além do golo, não criaram uma única oportunidade de golo, enquanto que o Chelsea apostando forte em transições rápidas e objectivas, com Anelka e Malouda bem abertos nas faixas, teve uma excelente chance por intermédio de Drogba para ampliar a vantagem e ainda se queixa de 5(!) grandes penalidades não assinaladas!
Pessoalmente penso que apenas o nítido derrube de Touré a Drogba era claramente passível de castigo máximo, mesmo o tal puxão de Daniel Alves em Malouda é discutível, embora a existir tenha ocorrido dentro da área, não se percebendo muito bem a decisão do árbitro em marcar fora... As bolas na mão de Piqué e Eto'o pareceram-me absolutamente casuais e involuntárias enquanto o agarrar da camisola de Abidal em Drogba é a velha questão da intensidade da força, para além de que o costa-marfinense é um especialista em simular faltas...
Curiosamente, também o Barça tem razões de queixa do árbitro norueguês, já que a meio da segunda parte Abidal é expulso porque Anelka tropeçou nele próprio quando ia isolado para a baliza...

Com o avançar do relógio e apesar de estar reduzido a 10 unidades, o Barça mostrou uma enorme fé e querer nunca deixando de acreditar que era possível marcar um golo e virar a eliminatória, mesmo com Messi e Eto'o apagadíssimos e já com Piqué a actuar como ponta de lança!
Quando já poucos acreditavam, surgiu o pontapé explosivo de Iniesta a garantir a qualificação aos catalães naquele que foi o jogo mais polémico do ano!

Para a final, Guardiola não poderá contar com Daniel Alves e Abidal, castigados, e Marquez, lesionado, logo terá que improvisar bastante na sua linha defensiva. A avaliar pelas adaptações do jogo de ontem exigem-se melhores decisões a Guardiola senão Cristiano Ronaldo, Rooney e companhia não terão muitas dificuldades em suplantar o último reduto blaugrana...

Super CR7!

Um verdadeiro diabo à solta pelo relvado do Emirates! Assim se pode definir a magnífica exibição de Cristiano Ronaldo na noite de ontem, simplesmente decisiva para a qualificação do campeão europeu para a final de Roma, onde defenderá o título!

Em desvantagem na eliminatória, Wenger, regressou ao tradicional 4*4*2, dando mostras de querer discutir afincadamente a eliminatória. Ferguson pareceu mais conservador ao deixar de fora Berbatov e Tevez, apostando em Ronaldo como homem mais avançado na zona central, deixando as faixas para Park e Rooney. A estratégia do escocês deu resultado pleno num curto espaço de tempo, porque aos 11' já o United tinha sentenciado a eliminatória!

Park, a corresponder na perfeição a uma assistência de Ronaldo, beneficiando é certo de um deslize de Gibbs e um estoiro monumental de rocket-Ronaldo na cobrança de um pontapé livre directo colocavam o marcador em 2-0!
Cristiano partiu então para uma exibição de gala, inspiradíssimo, encheu o campo com uma mobilidade tremenda, actuando entre linhas, nunca se dando à marcação contrária, tendo travado um duelo fascinante com Almunia, que poderia ter levado o encontro para números históricos, caso o guardião espanhol não estivesse estado em bom plano...

Contudo, Ronaldo e o United nunca se deram por satisfeitos com a vantagem de dois golos e à passagem da hora de jogo, na sequência de um contra-ataque perfeito engendrado entre Park, Rooney e Ronaldo, sobrou para o português desviar vitoriosamente para o fundo das redes! Terá sido desta que CR7 calou os seus detractores que o acusavam de não aparecer em grande nas partidas decisivas? Depois do encontro de ontem, do golo com o Porto e da reviravolta com o Tottenham, só um sectário pode continuar a insistir nessa tecla...

Palavra de enorme apreço para Rooney, o fiel escudeiro de Ronaldo! O prodígio inglês está um jogador completo, maduro, competitivo, correcto, disciplinado, longe do bad boy arruaceiro do início de carreira, sempre envolvido em quezílias e desacatos. Actuando ultimamente como extremo esquerdo tem demonstrado uma versatilidade impressionante, na maneira terrivelmente simples e eficaz como se desdobra nas situações ofensivas e defensivas.

Má notícia para o United é a ausência de Fletcher na final devido a castigo. O centrocampista escocês foi expulso na sequência do lance que deu o golo de honra ao Arsenal. Um corte arriscado dentro da área, jogou efectivamente na bola, mas depois com o impacto acaba por derrubar Fabregas. Um lance de difícil juízo que acabou por dar em penalty e golo de Van Persie e o afastamento de Roma para Flecther...

Verdade ou Mentira?

"Limitei-me a assinar documentos. Ao longo da minha vida assinei milhares de documentos e tenho de confiar nas pessoas que têm a competência técnica para tal. Se um advogado me apresenta um contrato para assinar, eu confio nele, logo assino o documento." - Dias Loureiro na comissão de inquérito parlamentar ao caso BPN relativamente aos negócios do banco em Porto Rico.

A serem verdadeiras estas declarações, no mínimo ridículas, só revelam que Dias Loureiro é um tremendo incompetente, um ingénuo, sem quaisquer responsabilidades, assinava de cruz sem se preocupar minimamente com o conteúdo dos documentos. O seu único interesse era o de mamar um salário principesco no final do mês, ou seja, mais um que enriqueceu à custa de ilícitos...
Se forem mentira indicam que Dias Loureiro sabia da missa toda e é tão corrupto como Oliveira e Costa, logo o seu lugar é na prisão! Sem mais delongas! Infelizmente, a nossa Justiça é terceiro-mundista e será muito complicado tal acontecer...

É vergonhoso que o PR, Cavaco Silva, que indicou este indivíduo para o Conselho de Estado ainda não o tenha demitido! É por estas e por outras que muitos se têm levantado favoravelmente à ideia do Bloco Central, afinal os tachos são óptimos e quem tem desfrutado deles desde 1976 com certeza que não os quer deixar de ânimo leve!

Cabe a nós, cidadãos eleitores e responsáveis, correr com esta escumalha dos altos cargos da sociedade portuguesa! Aqui fica o link com a petição da demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado. Eu assinei de bom grado, espero que todos vocês façam o mesmo!

Demolidor!

Simplesmente fantásticas a exibição e a goleada obtidas pelo Barcelona em pleno Santiago Bernabéu diante do eterno rival, num jogo que ficará para a história, confirmando o emblema catalão como o justíssimo campeão espanhol desta temporada.

Os merengues entraram bem na partida, Robben colocava a cabeça em água a Abidal e foi sem grande surpresa que Higuain adiantou a equipa da casa no marcador. Contudo, o Barça reagiu de imediato e antes dos 20' já havia dado a volta à partida com um tento sublime de Henry e um cabeceamento fulgurante de Puyol.
Começava assim um autêntico recital de futebol dado pelo Barça, onde se destacaram como é hábito os centrocampistas Xavi e Iniesta, com o seu jogo virtuoso, assumindo por completo o controlo da partida graças a uma óptima dinâmica complementada com enormes capacidades técnicas e tácticas, ao nível do passe e do pressing.
Messi actuava solto entre a direita e o centro, trocando muitas vezes de posição com Eto'o, baralhando por completo as marcações da já intranquila defesa madrilena. Lass Diarra comprometia seriamente ao perder a bola para Messi em zona proibida e o prodígio argentino não se fez rogado, estabelecendo o 3-1 com que terminou o primeiro tempo.

Sérgio Ramos ainda deu esperanças aos madrilenos no inicio da segunda parte ao desviar para o fundo das redes um livre de Robben. Novamente, o Barça fez entrar em acção o seu rolo compressor e marcou por mais três vezes, sempre em contra-ataque, beneficiando de muito espaço entre as linhas defensivas madrilenas para poder desenvolver as suas letais transições ofensivas. Henry e Messi bisaram, cabendo a honra de fechar a contagem ao central Piqué.

O Real Madrid pouco mais poderia ter feito, pode-se dizer que Juande Ramos esteve menos bem numa ou noutra substituição, mas o que é verdadeiramente correcto é que desde que assumiu o comando dos merengues venceu 17 em 20 partidas para o campeonato, cedendo apenas um empate e perdendo duas vezes... com o Barcelona!

Os blaugrana confirmaram todo o enorme potencial atacante que lhe é reconhecido. Em época de estreia no comando técnico, Guardiola, tem tudo para continuar a gravar o seu nome a letras douradas na história do popular clube catalão.
Se na final da Taça do Rei o favoritismo é quase absoluto perante o Athletic Bilbao, a segunda mão da meia-final da Champions perante o Chelsea vai ser mais uma enorme prova de fogo para o jovem treinador e a sua equipa.
No entanto, qualquer que seja o desfecho da principal competição europeia de clubes, esta equipa do Barcelona fica para a história do futebol ao provar que em pleno século XXI, onde as amarras defensivas espartilham em demasia a beleza do futebol, é possível praticar um futebol ofensivo sem deixar de ser competitivo, sendo mesmo por vezes demolidor!

Provocar para depois vitimizar!

Acredito que Vital Moreira não seja ingénuo, tem muitos anos de política, sabia demasiadamente bem para onde ia no início da tarde de hoje e em que condições iria ser recebido pelos manifestantes afectos à CGTP.

Nada minimiza as agressões de que foi alvo, são absolutamente condenáveis, ainda para mais num dia com especial significado como é o 1º de Maio, apesar de os mesmos actos violentos e merecedores de repúdio terem sido um acto isolado e nem por sombras organizado pela central sindical ou pelo partido conotado à mesma.

O cabeça de lista do PS às eleições europeias levava a lição bem estudada, afinal foi um dos principais promotores do vergonhoso Código do Trabalho, antigo destacado militante comunista, deputado constituinte, que sonhou ser o sucessor de Álvaro Cunhal e que com a queda do império soviético desertou como muito outros à procura de tacho, visto que por ali já não existiam condições para se orientar, logo era perfeitamente previsível a reacção em massa dos manifestantes que por ali se encontravam ao darem de caras com um sujeito representativo do actual Governo e cujo único objectivo em se deslocar à manifestação da CGTP foi o de provocar para depois fazer o papel de vítima retirando daí benefícios políticos e eleitorais!

Num país com 20% da população no limiar da pobreza, quase 10% da população activa no desemprego, milhões com trabalho precário, o aparelho produtivo completamente destruído, milhões de lucros para os grandes grupos económico-financeiros e os seus excelentes gestores que nos levaram a esta crise, já para não falar dos milhões que o Estado deu para salvar a banca acaba por ser normal esta revolta!
Fosse outro qualquer destacado militante socialista a chefiar a delegação do PS e os insultos e apupos teriam acontecido de igual forma! Se tem sido o arruaceiro Santos Silva, o tal que gosta de malhar na oposição, teria sido bastante pior quase com toda a certeza! O argumento invocado por Vital Moreira de que foi agredido por ser antigo militante do PCP não cola! Miguel Portas, igualmente antigo militante comunista e cabeça de lista ao Parlamento Europeu por outra força política que não o PCP, também esteve na manifestação e não lhe aconteceu rigorosamente nada, bem pelo contrário!

O aproveitamento político que o PS está a tentar retirar deste episódio é simplesmente vergonhoso! A campanha cinzenta de Vital Moreira aliada a péssimos desempenhos nos debates televisivos e a sondagens pouco favoráveis levam o PS a esta fuga para a frente, numa encenação ao pior estilo de vitimização do célebre episódio de Mário Soares na Marinha Grande em 1986... Provavelmente, já se devem ter esquecido das circunstâncias da morte de Sousa Franco, cabeça de lista do PS às eleições europeias em 2004, na lota de Matosinhos em vésperas do acto eleitoral! Tenham vergonha...

Este post não tem como objectivo desculpabilizar nem justificar os actos de hoje, terminando o mesmo com a seguinte comparação: Na passada semana, um jogador de futebol do clube mais laureado do mundo, pago principescamente e que por sinal representa o nosso país, agrediu selvaticamente um colega de profissão. A justificação encontrada por muitos foi que o rapaz estava de cabeça perdida, agiu inadvertidamente...
Como será que se sentem os muitos milhares de portugueses que vivem cada vez mais no limiar da pobreza, e que diariamente se juntam ao imenso rol de desempregados neste país? Será que uma franja destes portugueses não podem perder a cabeça e revoltarem-se contra um indivíduo, que para todos os efeitos, naquele momento representa o Governo e a sua nefasta política para com eles?