quinta-feira, julho 07, 2011

Lixo?



Por qualquer lado onde navegue na net só encontro furiosos anti-Moody's e agências de rating. Onde é que andava esta malta quando a comunicação social, fiel evangelizadora do Deus-Mercado Liberal, fazia passar a seguinte mensagem "as agências de rating tiveram aqueles percalços do Lehman Brothers e da Islândia, mas agora estão a trabalhar como deve ser". 

Afinal, os malandros das agências de rating estão a dar cabo disto, movidos por obscuros interesses que visam proteger o dólar. Pasme-se! Que descoberta! Mas é que, valha-nos o Deus do Capital, é isso que a Esquerda anda a repetir incessantemente há mais de um ano; é isso que um economista respeitado como Paul Krugman diz desde essa altura; foi por isso que, em Abril passado, um grupo de economistas portugueses entregou ao Procurador-Geral da República uma queixa contra as agências de rating, com vista à abertura de um inquérito pelo crime de manipulação do mercado. 

Foi preciso um "murro no estômago" para acordarem?

segunda-feira, junho 06, 2011

Pequenas vitórias

Apesar das indisfarçáveis tentativas de silenciamento, ostracização e até de sabotagem a CDU conseguiu subir  em percentagem e no número de mandatos
i) CDS não tem mais votos nem mais deputados que PCP, PEV e BE juntos;
O execrável Portas passou grande parte da campanha a afirmar que as eleições seriam disputadas a três, rematada pela ambição de ter mais votos e mais deputados que toda a Esquerda, numa das suas enésimas incongruências. Contados os votos, CDU e BE juntos, alcançaram mais cerca de 77 mil votos que o CDS, enquanto que o número de deputados é exactamente o mesmo: 24.

ii) PCP, PEV e BE somam 24 deputados, mais 1 que o mínimo necessário para enviar directamente para apreciação do Tribunal Constitucional projectos que considerem estar nas franjas da lei nacional;
O Parlamento - por onde as medidas das troikas terão de passar - será um dos focos de resistência e convergência das forças de Esquerda, nomeadamente através da premissa dos dez por cento de deputados, isto é, 23.

iii) António Filipe reeleito pelo círculo eleitoral de Santarém;
Os partidos não ganham eleições. O povo ganha representantes. É nisto que acredito e é por isso que eu voto. Sendo assim saúdo efusivamente o deputado António Filipe pela sua reeleição, plenamente convicto que me irá continuar a representar condignamente na Assembleia da República e a lutar em prol da melhoria das condições de vida das populações do distrito tal como o fez na anterior legislatura.

iv) 20 anos depois o PCP volta a eleger um deputado no círculo eleitoral de Faro;
O asqueroso MST afirmou, durante a noite eleitoral de ontem, que a CDU tinha efectivamente elegido mais um deputado, mas na secretaria, ou seja, graças ao alargamento eleitoral ocorrido em Faro. Nada mais falso. Sim, é certo que Faro passou a eleger nove deputados, mais um relativamente a 2009, mas também é fácil visualizar os resultados no distrito algarvio e constatar que o último deputado eleito é o do BE. Nem sequer é preciso recorrer ao método d' Hondt para chegar a esta conclusão, mas também não se pode pedir muito mais a um individuo que ganha a vida a plagiar livros e a verborrear sobre tudo e todos.

v) A LUTA CONTINUA.

quinta-feira, abril 07, 2011

Desequilíbrio estranho

Caso único. O duelo inglês promete muita emoção em Old Trafford
A primeira mão dos quartos-de-final da Champions e da Liga Europa foi, no mínimo, surpreendente. Exceptuando a hecatombe do Inter em pleno San Siro, os vencedores das partidas foram os esperados, mas dificilmente se poderiam prever resultados tão desnivelados. Seis goleadas em oito jogos numa fase tão adiantada das competições é quase surreal e pouco visto nas últimas décadas do futebol europeu. 

Normalmente, a primeira mão de uma eliminatória europeia já próxima da final é caracterizada pela grande predisposição táctica, por amarras defensivas e pelos poucos golos. Esta situação só se verificou no duelo inglês entre Chelsea e Man Utd, e em Kiev, onde Dínamo e Sp. Braga lograram obter o único empate da rodada. Ao nível desportivo serão os confrontos a seguir com interesse na segunda mão, visto que as restantes disputas estarão praticamente decisivas, adivinhando-se um mero cumprir de calendário.

Os colossos espanhóis, Barcelona e Real Madrid, confirmaram o amplo favoritismo que lhes era reconhecido e cresce a expectativa para os confrontos que se avizinham em várias frentes, nomeadamente na final da Taça do Rei e na meia-final da Champions. FC Porto, Benfica e Villarreal assumiam-se como os principais candidatos à conquista da Liga Europa, mas não se esperavam tamanhas facilidades nesta fase da prova. A goleada mais surpreendente foi alcançada pelo Schalke 04 no terreno do (ainda) campeão europeu. A loucura táctica e desastre defensivo da formação de Leonardo são quase inexplicáveis para quem herdou na íntegra a squadra quase perfeita na arte de bem defender, sem esquecer que o emblema alemão - longe de ser uma equipa de top - realiza uma temporada perfeitamente modesta na Bundesliga.

Concluindo, foi uma jornada atípica, com 37 golos obtidos, o que dá a incrível média de 4,63 golos por jogo. Estarão os favoritos cada vez mais fortes ou terá sido apenas uma mera conjugação de circunstâncias? A resposta não é fácil, talvez na mesma fase da edição do próximo ano possamos esclarecer as dúvidas, visto que, não acredito que nas meias-finais situação idêntica possa vir a repetir-se.

sexta-feira, março 25, 2011

3 notas sobre a (des)organização estatutária do Sporting

Na véspera das eleições mais importantes da história do clube apresento uma tripla reflexão, fundamentada numa breve leitura e análise crítica aos estatutos do emblema verde e branco. 

1. Em pleno século XXI, no auge do desenvolvimento tecnológico e informático, parece-me simplesmente ridículo que um sócio apenas possa exercer o seu direito de voto no estádio de Alvalade em Lisboa. Onde estão os direitos do sócio de Freixo de Espada à Cinta ou de Vila Real de Santo António? Sendo o Sporting um clube com implantação nacional porque não se pode votar nos núcleos sportinguistas espalhados por todo o país e um pouco por esse mundo fora?

2. Com a concorrência de 5 candidaturas à direcção do clube é perfeitamente possível que o novo presidente do Sporting possa vir a ser eleito com apenas 25 ou 30% dos votos expressos. Terá legitimidade para comandar os destinos do clube? Com certeza que sim, mas parece-me que, nestes casos, uma segunda volta entre os dois candidatos mais votados seria uma solução mais consentânea com a legitimidade democrática aplicada ao universo eleitoral em questão.

3. Sou a favor da regra 1 sócio = 1 voto. Parece-me que a atribuição de diferentes pesos eleitorais consoante o número de anos de sócio é uma medida elitista e conservadora, desprovida de qualquer vínculo democrático. Não se pode exigir que um tipo com 20 anos de idade tenha os mesmos anos de sócio que um com 80 anos. Naturalmente, esta medida coloca nas mãos do eleitorado mais velho e, por consequência, mais conservador, avesso a grandes mudanças, o peso maioritário da decisão eleitoral do clube.

sexta-feira, março 18, 2011

Citações de Saramago (Parte IX)


"A política do Governo no âmbito social não tem nada de socialista, nem com aquilo que um ideal ou prática socialista permitiria dizer está feito ou está a fazer-se. No que respeita ao pensamento económico, o Governo é estritamente neoliberal e isso não me pode agradar porque vejo que a situação social se vai degradando."

DN, 15 de Julho de 2007

domingo, março 06, 2011

90 anos

90 anos de luta pela Liberdade, pela Democracia e pelo Socialismo! Viva o Partido Comunista Português!
Tomar partido é irmos à raiz
do campo aceso da fraternidade
pois a razão dos pobres não se diz
mas conquista-se a golpes de vontade.

Cantaremos a força de um país
que pode ser a pátria da verdade
e a palavra mais alta que se diz
é a linda palavra liberdade.

Tomar partido é sermos como somos
é tirarmos de tudo quanto fomos
um exemplo um pássaro uma flor.

Tomar partido é ter inteligência
é sabermos em alma e consciência
que o Partido que temos é melhor.

Tomar Partido, Ary dos Santos

quinta-feira, março 03, 2011

Comparar a (in)coerência

Rui Pereira permanece agarrado ao tacho
Os serviços da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) erraram ao efectuar a inscrição de Sara Moreira nos Campeonatos da Europa de Pista Coberta, que se disputam este fim-de-semana em Paris, trocando a prova de 3000 m (onde a atleta é vice-campeã em título) pela de 1500 m. O lapso foi detectado apenas depois do fecho das inscrições, impossibilitando qualquer tentativa de reajuste. Apesar de não ter quaisquer responsabilidades directas no sucedido, o presidente da FPA, Fernando Mota, demitiu-se de imediato.

O Ministério da Administração Interna (MAI) tem sido protagonista de inúmeras trapalhadas. Recorde-se os patuscos casos dos blindados para a cimeira da NATO, a cedência de dados dos cidadãos portugueses para os EUA (que a própria Comissão Nacional de Protecção de Dados - e muito bem! - veio criticar), os radares ao  longo da costa marítima que não funcionam e, em especial, a tremenda barafunda registada nas eleições Presidenciais, onde muitos milhares de eleitores foram impedidos de exercer o seu direito de voto, sem esquecer os gritantes erros nos resultados oficiais, somente corrigidos recentemente em Diário da República.

Pois é, o rol de confusões é enorme. E o que faz o incompetente ministro Rui Pereira? Assobia para o ar, tentando passar incólume por entre os pingos de chuva. Demissão é palavra que não faz parte do seu reduzido vocabulário. 

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Não, não são todos iguais

O analfabetismo político que varre grande parte da população portuguesa leva a que frases do género "são todos iguais" e "querem é servir-se da política para subir na vida" estejam fortemente implantadas na cultura popular. Para além das naturais diferenças ideológicas e programáticas existentes entre os vários partidos, urge desmistificar e distinguir dois aspectos essenciais relacionados com a vertente financeira dos mesmos.

1. Todos os militantes do PCP eleitos para cargos públicos, sejam eles autarcas ou deputados, auferem exactamente aquilo que receberiam caso desempenhassem a sua actividade profissional anterior. Como exemplo refiro que o secretário-geral, Jerónimo de Sousa, operário metalúrgico qualificado, receberia 800 euros mensais, caso exercesse a sua profissão. Como deputado eleito pelo círculo eleitoral de Lisboa, Jerónimo de Sousa recebe igualmente 800 euros mensais. Este compromisso de honra é assumido pelos eleitos do Partido Comunista, depreendendo-se facilmente que estão na Política por convicção e não para se encherem ou à procura de tacho. Tomara que os milhares de boys laranja e rosa, que desgraçam os depauperados cofres do Estado, pudessem fazer o mesmo...

O PCP tentou ao longo dos anos e das legislaturas, na Assembleia da República, sugerir este modelo aos restantes partidos com assento parlamentar. Penso que não seja necessário indicar qual a posição de PS, PSD e CDS sobre a matéria...

2. Uma das principais, senão mesmo a principal fonte de rendimento dos partidos é a subvenção estatal mediante os resultados eleitorais obtidos. Por vezes, os resultados alcançados nas urnas estão abaixo das expectativas e a subvenção recebida é manifestamente inferior aos gastos da campanha. O recente caso de Manuel Alegre nas Presidenciais, que ficou a arder com 300 mil euros, é sintomático disso mesmo.

Existem sempre outras formas menos explícitas de financiamento. Recordo-me da campanha do PSD para as Legislativas de 2005 paga pela Somague. E o que dizer da rival Mota-Engil que tem ganho praticamente todas as obras públicas desde que Sócrates é primeiro-ministro. Certamente que o facto de Jorge Coelho - antigo ministro de Guterres e um dos tipos mais desprezíveis que já passaram pela Política em Portugal - ser o presidente da empresa é pura coincidência... Ou então temos também o caso Portucale, o abate de sobreiros, que teve como consequência o depósito de 1 milhão de euros na conta bancária do CDS. A matriz democrata-cristã do partido poderá ter estado na origem de tamanho milagre...

Pelo contrário, o PCP aposta na força do colectivo, em que milhares de militantes e simpatizantes constroem voluntariamente as infra-estruturas para a realização da Festa do Avante!, o maior evento cultural que se realiza em Portugal desde 1975. Praticando preços acessíveis - quer na entrada do recinto, quer na restauração - o Partido obtém mesmo assim as principais receitas para o seu financiamento, resistindo a todos os ataques que tem sido alvo por parte das outras forças partidárias, nomeadamente através da recente alteração à Lei de Financiamento dos Partidos e das Campanhas, que impõe um tecto máximo para donativos em numerário. Na próxima Festa do Avante! não se admirem de ver malta a pagar cafés, cervejas e bifanas com cheques ou em transferências bancárias...

Citações de Saramago (Parte VIII)


"A democracia ocupou o lugar de Deus. (...) O poder real não está nos palácios do governos: encontra-se, sim, nos conselhos de administração das multinacionais que decidem a nossa vida."

JN, 27 de Março de 2004



quarta-feira, fevereiro 09, 2011

A montanha pariu um rato


Por incrível que pareça, ainda não tinha começado o Portugal X Argentina e já estava literalmente farto do jogo! A verborreia com que a generalidade da comunicação social reduziu o desafio entre duas selecções cotadas a um duelo particular entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi é do mais obtuso e redutor que possa existir, espicaçando o mais elementar senso crítico de quem tenha dois dedos de testa.

Quanto ao futebol propriamente dito, assistiu-se a um encontro interessante, bem disputado na maior parte do tempo, mas que nunca conseguiu superar o estigma de amigável. Com esquemas tácticos semelhantes e bastante encaixados um no outro, a diferença no primeiro quarto de hora residiu na capacidade de improviso e no virtuosismo do pé esquerdo de Messi, que inventou uma assistência magnífica para o golo de Di Maria. Portugal reagiu bem e, depois de um período de crescimento e maior envolvência do seu jogo, chegou à justificada igualdade por intermédio de Ronaldo, aproveitando da melhor forma um ressalto na grande área contrária.

Longe de revelar a capacidade de pressing alta e efectiva demonstrada no desafio contra a Espanha, Portugal sofreu forte assédio argentino nos instantes finais da primeira parte. O intervalo fez bem à equipa lusa, que esteve perto de marcar em duas ocasiões. Hugo Almeida protagonista, primeiro ao acertar na trave e, depois, a falhar escandalosamente de baliza aberta!

O minuto 60 marca claramente o ritmo e tendência do jogo. Paulo Bento troca de trio ofensivo e, com Nani e Ronaldo fora, o futebol ofensivo português praticamente terminou. Moutinho e Martins não estavam particularmente inspirados, aos quais se juntaram Quaresma e Danny, terrivelmente apagados e inconsequentes. Acredito que Varela é tremendamente superior ao madeirense, não percebi a sua ausência da convocatória.

Apesar do domínio argentino na última meia hora, obrigando Rui Patrício a duas boas intervenções e atirando uma bola à barra, parecia que o jogo estava destinado a uma justificada igualdade. Mas Coentrão precipitou-se ao minuto 90, entrando de forma desastrosa sobre Martínez, cometendo grande penalidade, impecavelmente convertida por Messi.